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fevereiro 02, 2004
Aos Treze Quando fui ver
Aos Treze
Quando fui ver esse filme de grátis no Espaço Veja em São Lourenço, uma turma de meninas com seus treze-quatorze anos encheu a fileira do meu lado esquerdo. Todas muito falantes, usando várias vezes termos como puta, gostosa, biscate, piranha, em brincadeiras entre elas. Pareciam ver nisso uma enorme atitude transgressora. Meio ridículo, mas tão normalzinho que nem deu pra chamar muita atenção. Desciam e subindo as pernas na poltrona, em seus shortinhos coloridos de praia. Seria interessante ver o filme alí. Só torci pra não falarem demais o tempo todo.
Logo no início a do meu lado - a mais gatinha - comentou "Ih, que revoltada. Essa mina vai se dar muito mal". Tracy (Evan Rachel Wood) é a menina dos treze que na escola começa a invejar a sexy e ultra "cool" Evie (Nikki Reed, que escreveu o roteiro quando tinha essa idade). Tracy passa a se esforçar para ser sua amiga, consegue e mais tarde sexo e drogas abre caminho até o fundo do poço.
O filme é até pesado para Hollywood. Teve gente que achou mais pesado que Kids. Eu não achei. Talvez pela velocidade que acontece a mudança em Tracy. Ou pela futilidade enorme que há em tudo que elas se interessam ou sofrem. Mesmo em cenas fortes como ela se machucando nos punhos eu só conseguia pensar "Ai.. ai.. que bobinha". Não dava pra levar a sério ou dar realidade ao seu sofrimento.
Um filme de alerta aos jovens? Talvez. Mas não chega a comunicar muito isso. Que nem propaganta contra às drogas. O que fica mais no ar é o sentimento de não saber o que fazer pra ajudar, assim como a mãe de Tracy. Outra que parece ter seguido o mesmo caminho quando mais nova. Atuação ótima. Suas unhas sujas fizeram as meninas chiarem nas poltronas. O que fazer pra ajudar alguém assim? Ninguém sabe direito. Só consigo pensar em umas boas palmadas logo no começo. No mais, é triste demais pensar que cada vez mais as crianças tentam ser como as crianças mais velhas.
Entre as coisas engraçadas tristes, me diverti com o hype do estilo gangsta rap nos jovens americanos. Os caras se vestem como palhaços e a minas como putonas - só um pouco diferente com a moda putinha no Brasil. Chamou atenção também o irmão surfista da Tracy que se chocou mais quando viu o seu piercing no umbigo do que com a calcinha puxada atrás pra ficar acima do jeans.
O filme não é ruim. Evan Rachel se mostra como uma baita atriz. Ela fez o papel tendo quatorze anos apenas. A cena da cozinha é muito boa, deixando a esperança do amor como remédio contra aquilo tudo. Pena que a fotografia é muito ruim. Estouraram demais o azul mais pro final. Às vezes as cenas dentro de casa pareciam ser em um frigorífico. Acho que não deu muito certo a sensação que queriam passar. Trilha fraquinha, também. Mas Evan Rachel Wood mandou ver. Ainda vai dar no que falar.
Saí da sala como entrei. As meninas ao lado um pouco mais quietas. O filme ganhou vários prêmios em 2003.
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Posted by parada at fevereiro 2, 2004 02:29 PM
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