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janeiro 01, 2005
Poesia, enfim, que despreza a
Poesia, enfim, que despreza a atração dos poetas pelos abismos - sejam visões existenciais, ou trejeitos lingüísticos - e que se detém, sóbria e serena, na superfície. "Nada de mergulhos. É na superfície/ que o real, minúsculo plâncton, se trai." Por isso, ele adverte seus leitores, o sofrimento - que catalisa tantos poetas que, ainda hoje, se julgam filhos de Rimbaud - não passa de um "nefando pingüim de louça". Aos que ainda esperam piruetas e mergulhos espetaculares, Britto é direto: "Que ninguém nos ouça: guarda esse escafandro, meu/ filho. Só o raso é cool. A dor é kitsch." Nesses versos, Britto ri dos próprios sentimentos, sobretudo dos "negativos", e da exacerbação a que os poetas costumam elevá-los. Ele usa o humor não como arma de destruição, mas como instrumento de revelação. (...)
"Macau", o livro de poemas do ótimo tradutor Paulo Henriques Britto, ganhou o prêmio Portugal Telecom 2004. Desbancou Chico Buarque, Augusto de Campos, Assis Brasil e Bernardo Carvalho. Em apenas 74 páginas. Parece que é coisa boa.
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Posted by parada at janeiro 1, 2005 04:24 PM
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