| Samjaquimsatva | |
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As Correções Jonathan Franzen faz parte da seleta turna dos grandes novos escritores da língua inglesa. Ao ler artigos ou resenhas sobre autores como David Foster Wallace, Jonathan Safran Foer, Dave Eggers, Zadie Smith, entre outros, chovem referências à Jonathan Franzen e seu livro As Correções (Companhia das Letras, tradução de Sérgio Flaksman), vencedor do National Book Award 2001. O estilo de Franzen é bem parecido com o de Zadie Smith, no forma clássica em que contrói o romance. Pra mim, o diferente em As Correções foi ver a dedicação do autor com cada personagem. Retrata todos por igual, todos têm o mesmo peso na história. Nenhum membro da família Lambert recebe menos atenção que outro. O casal Alfred e Enid, na casa dos 70, convivem na base de pequenas agressões diárias e contínuas entre si. Alfred sofre do mal de Parkinson e possivelmente Alzheimer. Enid sofre por cuidar de Alfred, pelo jeito que ele a trata e pela distância dos filhos Garry, Chip e Denise, que ela tenta desesperandamente reunir para o Natal. Garry é um banqueiro rico, tem filhos com uma linda mulher e um casamento ruindo devido a sua paranóia e depressão. O capítulo em que suas neuroses são retrataras, um crescendo até chegar à emocionante redenção pela aceitação da doença, é digno das narrativas psicológicas de David Foster Wallace. Reúne o deprimente, engraçado e belo em uma só experiência. Chip é um professor universitário que perde o emprego por envolver-se com uma aluna. É também um roteirista fracassado, vivendo em revisões infinitas de seu material. Denise é uma renomada chef de cozinha que perde o emprego no auge de sua carreira devido a sua conturbada vida sexual. Todos procuram um rumo para a direção errada que suas vidas tomaram. As Correções é um livro extremamente triste sobre a decadência da convivência familiar. Sobre a crescente incapacidade entre membros de uma família de cultivarem o mínimo de respeito, paciência e consideração pelo outro. Sobre ser vítima das próprias atitudes. Sobre as marcas que a vida nos impõe, refletindo em neuroses, fracassos e egoísmo. A complexa crítica social da modernidade, compilada nas 600 páginas do livro, renderam muitas comparações da família Lambert com os Incandezas do Infinite Jest de David Foster Wallace. Se é pra comparar, ambos são livros extremamente tristes e mostram os vestígios de humanidade que restaram de pessoas caracterizadas pela falta de humanidade. Isso torna a tristeza das relações do livro de certa forma perdoável. É humano, é horrível, é imperfeito, é bonito. Dentro das experiências proporcionadas por nossa cultura, As Correções é mais um título dá ao objeto do livro o valor de ser um dos raros lugares onde ainda é possível encontrar uma humanidade relevante e capaz de nos tocar profundamente. Uma visão além de preconceitos, repulsa pelo diferente e condenável. É um livro triste mas de muito coração. Retrata muito bem a atual solidão dos relacionamentos, a apatia das pessoas diante a incapacidade de extrairem uma experiência satisfatória de suas vidas. Por ter um formato clássico de romance, muitas vezes parece ser apenas um livro convencional. Mas depois se percebe a amplitude da mensagem passada através da história de cada um dos Lamberts. É incrivelmente complexo, completo e um dos melhores livros que li esse ano. Folga n'água Hoje nadei a tarde toda sob uma baita chuva. Água quente e pingos gelados. Depois comi coxinha. Bom demais. Não esquecer de ler depois The New Yorker : Fiction: On Chesil Beach by Ian McEwan. É um trecho do livro novo. Ser político O político é um ser humano tão vazio que a única coisa que pode fazer é se encher de dinheiro. É um lixo tão grande passar o dia cumprimentando outros vermes iguais a eles que é capaz até de merecerem uma parte do que conseguem. Mas o importante é lembrar que não estão assim tão longe de nós. Apenas foram mais além, chegaram às últimas conseqüências. Enquanto nós fomos capazes de contravenções leves, eles estupraram e mataram no campo ético. São superiores. Hermano comenta sobre o mensalão oficial dos parlamentares e sobre a vida nos dias de hoje. Book Design Review The Book Design Review é um blog de capas de livro tão excelente quanto o Book Covers. Chove Chuva O no mínimo Ensaio traz algumas fotos do projeto chamado "A imagem do som", onde fotógrafos e artistas gráficos dão formas a canções da MPB. A comunicação das imagens com as músicas é muito boa, deixando as próprias bem melhores do que já são. Parabéns, Mochão Saiu: O QUARTETO DE ALEXANDRIA - 4 volumes. Autor: Lawrence Durrell, Tradutor: Daniel Pellizzari, Editora: Ediouro, Preço: R$ 170,00. Pois é. Agora eu respeitei muito. Vou tentar descolar um convite pra ir na premiação do Jabuti 2007. Bookshelves Eu não sabia que o Book Covers tinha uma seção sobre design de prateleiras de livros. Terry loves Lindsay A revista de moda masculina GQ publicou o ensaio e um vídeo da sessão de fotos que o Terry Richardson fez com a atriz e cantora Lindsay Lohan. Mais Terry Richardson no blog: Terry loves Cica, Terry loves Sisley, Sartorialist loves Terry. Mojo Walk Para o deleite fetichista das fãs de todo o país, o ficcionista, tradutor e editor literário Daniel Pellizzari vestiu-se de zombie. Wittinho e a teoria da teoria Um sarro esse editorial psicografado do Wittgenstein para a revista inglesa Philosophy Now: “Dear reader, welcome to this special issue .... [Loud stage whisper] What? That is an utterly stupid suggestion! Why should the reader want to know anything about me? It is the ideas alone that count!... Welcome to this issue. We will be discussing the nature of language. I used to think that language was about constructing logical pictures of the world, and that any remarks that couldn’t be construed as pictures were therefore utterly meaningless. That included any talk about ethics and religion, vital though they are. Later...” [At this point there was a 2 hour silence while the medium drummed his fingers on the table and stared out of the window], “Later I thought that language was more like a set of tools. You use different tools for different tasks. Or maybe language is like a game, which is meaningful between people who accept the rules of the game. Different people play different language games in different situations. [At this point the medium stared at me with great hostility] I can’t think of anything else to say. I have no ideas today .... In different situations. Most philosophical problems are a result of mistakes about language. I want to show people where those mistakes are, so they can stop bothering with philosophy. Your readers are probably quite intelligent – why are they wasting their time reading this? Never mind. I will do them a favour by showing them what a mistake it all is. Then they will all cancel their subscriptions and you will have to get an honest job working in a factory.” Amigáveis os artigos discutindo os principais pensamentos de um dos filósofos mais influentes do século XX. Gabriel Pillar Meus melhores amigos nunca moraram próximos a mim. Um último grande amigo que morou próximo, na mesma cidade, casou e se mudou para Alemanha. Esses meus amigos distantes são os meus melhores amigos. Eu os vejo em média uma vez a cada seis meses. A satisfação dura outros seis meses. Pode parecer coisa de solitário, mas é algo que passa bem longe disso. Estou falando de grandes amigos mesmo, daqueles que você nem precisa conversar, pois só a presença e o estado de espírito natural deles é como se fosse um alimento que faz muito bem para várias arestas da alma. Esses meus amigos me fizeram descobrir e ter a coragem de ser o que sou. Foram o exemplo vivo daquilo que eu queria pra mim. Foram o rumo que eu olhava e sabia que, mesmo fracassando, era esse o caminho. Antes de serem meus amigos, eles eram uma espécie de ídolos. Com o tempo fiquei amigo, dividi a mesma mesa de bar, as mesmas risadas e pensamentos íntimos tão parecidos. Creio que eles dificilmente têm a noção do quanto me influenciaram e do quanto me fizeram bem. Eu penso o tempo todo nesses meus amigos. Lembro deles em diversos momentos do dia. Eles estão longe, muito longe, mas são tão amigos que parece que convivo diariamente com eles. É como se seus vultos me acompanhassem por aí. Eu não tenho saudade física do Gabriel Pillar. Não tenho saudade do jeito dele, da risada dele, do abraço, da voz, da presença dele. Eu sinto falta de poder mandar um email para o Gabriel. De discutirmos o futuro do Insanus. De pensar em quem vamos convidar pra entrar pra comunidade. Tenho saudade de compartilhar minhas idéias com ele. O Gabriel que um dia me falou “E aí, Parada. Tá a fim de entrar pro Insanus?” E eu fiquei argumentando como meu blog era inferior aos outros, que não combinava, que não tinha conteúdo relevante para tal convite, etc. Lembro que, brincando, falei “E se o Insanus acabar? Não vou querer perder todos os arquivos do meu blog.” E ele respondeu “O Insanus nunca vai acabar, Parada. :-)” Assim como o Insanus, o Gabriel nunca vai acabar pra mim. O Gabriel era um desses meus amigos que com sua inteligência me ajudou a crescer em vários sentidos. Por ele acreditar em mim, fez com que eu mesmo passasse a acreditar em mim também. E vocês sabem o peso que isso tem. Mas assim como acontece com todos meus outros amigos, eu não vou sentir saudade do Gabriel. Assim como esses meus amigos, vou continuar lembrando dele diariamente. Vou continuar aprendendo com ele diariamente. Porque meus melhores amigos são como vultos que me acompanham aonde quer que eu esteja. E o Gabriel era um desses meus amigos. Obrigado, cara. Domingo Acordei cedo, tomei duas pratadas de coalhada na minha avó e fui pra minha outra avó tomar café com pão de batata feito em casa. Fui ao clube, nadei quinhentinhos e fiquei conversando com a família. Voltei pra casa, tomei cerveja e belisquei parmesão feito em Minas em formato de uma bola de futebol de salão que custou apenas R$ 18. Almocei peixe, deitei no sofá, deixei um quadrado de chocolate amargo descansando na boca e fiquei vendo tv aos cuidados de um ar-condicionado LG, o primeiro que minha casa ganhou em 25 anos. Lá fora o céu está totalmente azul e o sol muito forte. Minha irmã não tem computador em casa dela então ela quer usar agora. No ar-condicionado está muito melhor e pra lá voltarei agora. Vou esperar o sol baixar, colocar as coisas no carro e fazer a viagem de volta pra Campinas. Foi bom voltar pra casa, conversei bastante com todos, fiquei bastante com as avós, nadei e comi e ri bastante. Todos gostaram e isso me deixou feliz. Direito de viver É rejuvenecedor assistir o Paulo Francis mandando as coisas pra putaqueopariu e na seqüência o Lasier Martins tomando um choque. |
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