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Jornalismo Calvin Klein

Abaixo compartilho a última coluna do Diogo Mainardi pra Veja entitulada "Meu lado Sammy Davis Jr". Impagável espírito pimpão.

Diogo Mainardi

Meu lado Sammy Davis Jr.

http://veja.abril.com.br/260706/mainardi.html

Sammy Davis Jr. e eu. Ele era escurinho. Eu sou escurinho. Ele arranjou
uma loira. Eu arranjei uma loira. Ele sapateava e tocava xilofone. Eu
sapateio e toco xilofone. Ele apoiava Israel. Eu apóio Israel. Sou o
Sammy Davis Jr. da imprensa brasileira.

Meu apoio a Israel tem tanto significado para o conflito no Oriente
Médio quanto o apoio dos petistas ao Hezbollah. Mas o trabalho
jornalístico me transformou num Napoleão de pinel. Fico o dia inteiro
esparramado na poltrona, solucionando as grandes questões
internacionais. Ontem dei um jeito definitivo na Coréia do Norte. Hoje é
a vez do Líbano. Amanhã será um dia particularmente atribulado, porque
quero levar meus filhos ao Museu Guggenheim, aqui em Nova York. Se
sobrar um tempinho, no fim da tarde prometo derrubar Hugo Chávez.

Israel pode contar com meu inestimável apoio há cerca de seis anos. O
que aconteceu seis anos atrás, para que eu colocasse um solidéu no meu
cocuruto? O primeiro-ministro israelense Ehud Barak mandou retirar as
tropas do sul do Líbano. Espontaneamente. Unilateralmente. Ninguém
percebeu direito na época, mas isso representou uma reviravolta na
política expansionista israelense. Desde então, Israel só cedeu
territórios. Em particular, Gaza, no ano passado.

Na qualidade de Napoleão de pinel, eu ainda defendo essa política de
entrincheiramento. Israel deve retornar às fronteiras de 1967, cedendo
os Territórios Ocupados aos palestinos e erguendo barricadas contra seus
vizinhos. Mas os atentados das últimas semanas demonstraram que a
estratégia de trocar terras pela paz fracassou tragicamente. Os
israelenses desocuparam Gaza e os terroristas do Hamas aproveitaram para
atacá-los. Os israelenses desocuparam o sul do Líbano e os terroristas
do Hezbollah aproveitaram para atacá-los.

Israel sabe o que fazer com os terroristas do Hamas e do Hezbollah. Vai
matar um monte deles. Onde quer que se encontrem. Se os terroristas se
abrigarem num prédio de apartamentos, Israel vai bombardear o prédio de
apartamentos, com todos os moradores dentro. Se os terroristas fugirem
para a Síria, Israel vai bombardear a Síria, apesar do risco de expandir
o conflito. Algumas atrocidades serão cometidas ao longo do caminho.
Israel vai seguir em frente. Quer pegar os terroristas e vai pegá-los.

O que os israelenses não podem resolver sozinhos é o caso do C-802. De
novo: C-802. É o nome do míssil que, poucos dias atrás, atingiu um barco
israelense no litoral do Líbano, provocando quatro mortes. Foi fabricado
no Irã. É a prova de que os aiatolás iranianos de fato forneceram
armamentos e técnicos aos terroristas do Hezbollah. O Ocidente pode
tomar coragem e atacar os aiatolás iranianos. Ou pode simplesmente
fingir que o C-802 não foi disparado. Eu recomendo atacar os aiatolás
iranianos. Imagino que todos os líderes mundiais estejam lendo minhas
palavras. E que pretendam seguir meus conselhos.

Agora chega de botar ordem no mundo. Meu filho está me chamando para
sapatear e tocar xilofone.