Samjaquimsatva






Adriano e Gilberto

Hoje tive um encontro inusitado caminhando na Unicamp. Topei com o Adriano, um cara que conheci na UTI do Hospital Madre Theodora, internado depois de ter um princípio de infarto. Quarenta e poucos anos, alto, loiro, forte e com calça de judô, ele contrastava com os outros pacientes. Então soube que é extremamente comum gente jovem que tem princípio de infarto. O médico me disse eles quase nunca ficam sem esse tipo de paciente. Junto com o Adriano naquele dia estava mais um, dez anos mais jovem, em observação.

O Adriano agora tava de moleton esportivo todo combinando e levemente ofegante da caminhada. "Eu te conheço de algum lugar", ele disse. "Eu já sei daonde que é..." e esperei. Ele não lembrou e o ajudei. Conversamos durante uma volta na pista. Está tentando mudar os hábitos: alimentação e exercícios. Emagreceu mas ainda está com uma "mochila pendurada na parte da frente do corpo". Não consegui conter a alegria de revê-lo fora da UTI e acho que pareci meio deslumbrado. Parecia até que eu o tinha ajudado a sair do hospital.

Quando fui embora fiquei pensando como aqueles dias me marcaram e que hoje mesmo de manhã indo ao trabalho fiquei lembrando do que senti quando em mais uma manhã no hospital entrando na UTI encontrei vazio o leito em que na noite passada estava um senhor chamado Gilberto.