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Entrei em meu blog ontem e vi uma janela em branco, vazia. Nenhum post havia sido cometido desde o mês passado e os softwares do publicador fizeram a única coisa que lhes foi ordenada a fazer nessas situações: se não há nada do mês de dezembro, então vamos deixar que o nada tome conta da página. Softwares precisariam vir com coração.

Um blog vazio desperta emoções distintas. Primeiro vem uma desculpa clichê, do tipo "mas eu ando sem tempo até pra ir ao cinema". Depois caio numa contradição existencial, lembrando dos diversos momentos de ócio que tive e não compartilhei com meu singelo diário do cotidiano. Por fim, senti um vazio enorme em pensar que minha vida, no fundo, pudesse andar tão sem assunto como as páginas do blog. "Sou um merda, afinal", pensei antes de virar a página.

Só quem tem um blog ou quem teve diários na adolescência pode entender o que é a página vazia, o mês passado em branco, mais de 30 e poucos dias sem ter o que dizer. "Desculpe, eu...".

O pior em manter um blog sem atualização até nem é perceber que seu amor-próprio perdeu uma perna: é sacar que as pessoas que gostavam de ler seus textos ficaram de mau com você. A Simone me colocou como padrinho de seu blog, e hoje sequer me oferece pautas - coisa que fazia todos os dias. A Simone é um case do leitor desiludido. A Simone tá de cara comigo e a única coisa que eu consigo dizer é "desculpe, eu...".

Voltar a escrever é tão primitivo quanto voltar a pensar, imagino. Neste exato momento me sinto como se estivesse saindo de um coma voluntário, minha visão está torpe, chove pra todo o ano lá fora mas os pingos enormes da chuva (que eu sei, estão lá) não são mais captados por meus tímpanos. Voltar a escrever é anular as ondas magnéticas. Voltar a escrever, em última instância, é relembrar aquela viagem de ácido que Jim Morrisom nunca teve.

Viajemos então.
Prometo não vos abandonar.

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