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(Idéias: Alexandre Rodrigues. Idéias e digitação: Luzia Lindenbaum)

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"Closer-Perto demais" é um filme moralista. Vai ser por isso mesmo o filme mais comentado do ano. Leio discussões em blogs e colunas de jornal sobre ele. Não demora e chega à televisão. Tem diálogos muito bons, é irônico, com uns atores de primeira no elenco masculino e duas que não comprometem no feminino. Transcreve com brilho uma peça de teatro estilo "gente como a gente".

Mas é moralista. O é porque reduz o sofrimento do amor, o abandono, o próprio amor masculino, a uma competição figurada de mijo à distância. Elas acham que após uma traição o que vale é saber se o amor continua. Nós queremos é nos torturar com as comparações. A coluna do Contardo Calligaris de hoje vai nesse caminho:

"O ciúme feminino é uma exigência amorosa. O ciúme do homem é uma competição com o outro, um duelo de espadas, uma esgrima homossexual que tem pouco a ver com o amor pela amada e muito a ver com as excitantes lutinhas masculinas da infância".

A traição para o homem, afinal de contas, tem pouco qualquer coisa além da nossa incapacidade de estarmos satisfeitos. Somos felizes, mas basta uma bunda bonita e estamos prontos a jogar tudo fora. As mulheres não ficam melhores, presas no estereótipo da fria bem sucedida e da maluquinha apaixonada. Woody Allen faz bem melhor em "Igual a tudo na vida". O amor é complicado, às vezes decepcionante, às vezes sem sentido. Igual a tudo na vida. Até os taxistas sabem disso.

O moralismo é mais latente no final (se não viu o filme, não leia o resto do parágrafo). Cedo ou tarde a traição é punida. Aqueles que traem estão condenados à infelicidade eterna enquanto os traídos podem sofrer, mas dão a volta por cima. Os infelizes preferem sofrer, já que isso realimenta a própria infelicidade. Não toca nem de leve no porquê da Natalie Portman ter escondido o verdadeiro nome de Jude Law (teria sentido no sujeito espirituoso do início a superficialidade que se manifestaria depois? Foi por dinheiro, pena ou o quê no caso do dermatologista?), mas não de Clive Owen. Só falta no final alguém recitar para o Jude Law o velho ditado: quem muito quer, nada tem.

Apesar de tudo isso, gostei do filme. Ficção inteligente, pelo menos.

# alexandre rodrigues | 3 de fevereiro Comentários (0) | TrackBack (1)


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