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(Idéias: Alexandre Rodrigues. Idéias e digitação: Luzia Lindenbaum)

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The Big Crap Show

Boa noite, bem vindos ao Reacionário Show, o programa preferido da juventude direitista brasileira de butique. Esta noite, como nos programas anteriores, temos como convidado o grande Olavo de Carvalho, que mais uma vez executará diante das câmeras o seu truque mais famoso: expelir cocô pela boca. Como todos sabem, nosso querido Olavo vem ficando cada vez conhecido nos círculos jovens e reacionários de butique graças a este imenso talento que é falar merda o tempo todo.

Seja sobre o governo, o desarmamento ou o Foro de São Paulo, sobre os comunistas que comem criancinhas e a grande conspiração mundial para tornar a todos nós robôs escravos socialistas marcianos, ele não pára de expelir grandes pedaços de cocô pela boca enquanto dá as suas opiniões. Como fala merda este Olavo!

Mas chega de enrolação e vamos passar logo à ação. Hoje ele vai pôr para fora uma grande trança, uma tira de merda de mais de um metro, ao mesmo tempo em que falará "Lula é feio, Bush é bonito". Recebam o favorito do Papa e de Rumsfeld. Uma salva de palmas para o nosso convidado.

- Boa noite.

- Boa noite, Olavo. Sabe, alguns dos nossos espectadores andam curiosos. As cartas chegam com as perguntas mais diversas. A produção selecionou algumas, que vou ler a seguir. Como você começou a sua carreira?

- Ainda pequeno. Quando criança, eu expelia pequenos bolinhas de cocô de cabrito ao mesmo tempo em que falava mal do Brizola.

- Mas era um precoce! E depois?

- Depois eu continuei me aperfeiçoando. Via que não tinha um talento lá muito incomum (há muita gente que fala merda nesse país), mas eu via que era o único que falava merda o tempo todo. Então passei a me aperfeiçoar. Nos anos 60, falava merda contra o feminismo e a liberdade sexual. Nos anos 70, falei merda sobre a discoteca. Nos anos 80 dei uma parada.

- Por que?

- Ora, já havia Ronald Reagan e Margareth Tatcher lá fora, o Roberto Marinho e o Paulo Francis aqui dentro, que punham merda pela boca numa quantidade muito maior do que eu. Nessa época, a única merda que eu conseguia falar é que os militares eram bonitos e cheirosos, que a ditadura devia continuar para sempre. Não tinha como concorrer com eles. Foi um tempo difícil, de dureza. Fiz poucas apresentações, geralmente em um cirquinho montado no estacionamento da Fiesp. Aliás, como gostavam de falar merda naquele lugar. Tinha lá um cara que dizia que 800 mil empresários iriam deixar o país se o Lula fosse eleito.

- E deixaram?

- Não. Ele falou merda.

- Mas e depois?

- Vieram os anos 90. Era a época do neoliberalismo e falar merda voltou com tudo. Tivemos dois Fernandos, o Malan e muitos outros que expeliam cocô pela boca o tempo todo. Percebi que era a hora do meu retorno. E voltei.

- Meus parabèns. Vamos ao truque, então?

- Vamos.

No meio do palco, O.C. faz uma careta. Contrai as mãos, com as pernas levemente arqueadas. De repente, começa a berrar "Lula feio, Lula é feio, Bush é bonito, Lula é feio, Bush é bonito, Lula é feio, Bush é bonito, Lula é feio..." Ao mesmo tempo em que um pedaço de cocô sem fim sai de sua boca, o apresentador observa extasiado: "Ele está conseguindo, está conseguindo!" Depois de pouco mais de dois minutos, o cocô chega a mais de um metro. A platéia explode em palmas.

- Veja só, audiência, como este homem é um grande artista. Ele conseguiu! Meus parabéns.

- Glup (engole um grande pedaço de cocô, limpa a boca com o punho da camisa). Obrigado.

- Foi difícil?

- Não. Falar merda para mim sempre é fácil.

- Meus parabéns de novo. Bem, amigos e amigas, chegamos ao final. Até a próxima semana com mais um "Reacionário Show", o único programa onde a paranóia e o cocô estão sempre juntos. Até lá. Tchau!!!

# alexandre rodrigues | 4 de maio Comentários (3) | TrackBack (0)


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