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(Idéias: Alexandre Rodrigues. Idéias e digitação: Luzia Lindenbaum)

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O Carateca Virgem (Brasil-2006)
Direção - Fernando Meirelles.


Li Sun, o carateca virgem - Cecil Thiré.
Li Pong, seu melhor amigo - Grande Othelo.
Li Wong, o mestre - Wilson Grey.
Ken Pô, o vilão - Jece Valadão.
Sun Jaun, a mocinha – Helena Ramos.
Lung Ho, o vilão que depois muda de lado - Reginaldo Faria.
Lamen Macamen, o escocês misterioso – Ankito.
Tony boy, o vilão de terno - José Lewgoy.
Participações especiais:
Paulo José como uma árvore à beira da estrada.
Matilde Mastrangi como a mulher que aparece pelada o tempo todo.


Li Sun passou a vida inteira em um mosteiro aprendendo a lutar uma antiga e quase esquecida arte marcial sem nunca conhecer o mundo exterior. Tornou-se um exímio praticante, com reflexos rápidos como os do leopardo e a força de um urso. Um dia Li Wong, o mestre, o chama.

– Li Sun – diz o mestre. – Você está nesse templo há tempo demais. Seus dias aqui acabaram. Chegou a hora de sair pelo mundo.

– Como assim, mestre?

– Não tenho mais nada a ensinar a você. Ensinei a você tudo que sabia, todos os meus truques, menos as delícias do sexo.

– Sexo?

– Esse é seu desafio. Você é virgem. O Carateca Virgem. Deve sair pelo mundo e conhecer os prazeres do sexo.

– Mas mestre...

– Nada de mas, mestre. Não quero saber de desculpas. Saia já pelo mundo.

– Será que devo ajudar as pessoas?

– Faça isso, mas não esqueça do sexo.

No alvorecer, Li Sun já se encontra na estrada. Depois de muitos quilômetros de caminhada, avista uma construção. Fica à beira da estrada. Um pequeno prédio de alvenaria com uma grande placa cor de rosa na entrada. Há uma palavra em letras garrafais: BORDEL.

– Oh – diz Sun Jaun ao vê-lo.

– Eu sou Li Sun. Por acaso aqui se faz sexo?

– Sexo? Sim, fazemos. E por um preço módico. Mas o expediente ainda não começou. Quer dizer, acho que nem vamos abrir hoje. Estamos sendo atacados pela gangue de Ken Pô. Querem fazer sem pagar.

– Não tema. Eu defenderei o seu templo.

– Templo? Quer dizer.... claro... o templo. Mas como você vai fazer isso?

– Vou até a gangue de Ken Pô e convencê-los. Se preciso, vou dar uma lição neles. Nada tema. Volto em breve.

– Li Sun?

– Sim?

– Você é um grande homem. Um verdadeiro herói. Se conseguir, te dou 50% de desconto.

Li Sun segue pela mesma estrada enfeitiçado pela promessa de Sun Jaun. Quilômetros adiante avista um acampamento. Rolos de fumaça de se erguem de algumas tendas. Animais pastam tranqüilos. Percebe as silhuetas de alguns inimigos. Usam chapéu pontudo de Gengis Khan e grossos coletes de lã de carneiro. Logo eles notam a chegada do Carateca Virgem.

– Eu sou Li Sun – ele diz ao se aproximar.

– E daí? – responde um dos mongóis. É Lung Ho, o vilão que depois muda de lado. – Eu sou Lung Ho, o vilão que depois muda de lado – ele anuncia, para não deixar dúvidas.

– Como assim muda de lado?

– Agora somos inimigos mortais. Mais tarde não seremos. Algo me fará ter uma crise de consciência. Mudarei de lado, passarei a ser do bem e ajudarei você a triunfar. Acabaremos amigos.

– Mas não podemos encurtar a história? Por que não mudar agora de uma vez?

– Este é um dos lados da questão. Mas e se em vez de mudar eu continuar fiel aos meus princípios até o fim? Além do mais, não sei ainda o que me fará mudar de lado.

– E quanto ao templo?

– Que templo?

– O templo da bela Sun Jaun.

– Ah, vamos lá hoje à noite e transar o quanto aguentarmos sem pagar.

– Nunca!

Os dois lutam. Cada golpe é precedido de gritos e depois ouve-se um ruído característico. Uóóóóó! Schap! Plish! Creb! Flush! Cada lutador tem uma vantagem momentânea, aplicando uma série de golpes no adversário. Mas no instante seguinte aquele que apanhava se recupera e começa a bater no outro. A vantagem passa de lado a lado sem que pareça surgir um vencedor. De fato, depois de alguns minutos Lung Ho, o vilão que depois muda de lado, finalmente cumpre sua sina. Mas não comunica a tempo a Li Sun, que aproveita o descuido e acerta um chute mortal no seu pescoço. Cai de joelhos. Põe sangue pela boca. Suas últimas palavras:

– Droga... eu... mudei... de... lado!

Li Sun se dirige à tenda de Ken Pô.

– Quem é você?

– Eu sou Li Sun, o Carateca Virgem, mestre das artes marciais. Estou aqui defender o templo do ataque de sua gangue sanguinária. Venho em paz, mas vou derrubar até o último homem se for necesssário.

– Virgem? Interessante... Será que você conhece Matilde Mastrangi, a mulher que aparece pelada o tempo todo?

– Matilde... pelada? Eu... Uau!

Depois de conhecer Matilde Mastrangi, a mulher que aparece pelada o tempo todo, Li Sun aceita a oferta de Ken Pô para ocupar lugar de Lung Ho, o vilão que depois muda de lado. "Bem feito para ele, que mudou de lado", diz Ken Pô. Ele e Li Sun dão uma gargalhada. À noite ocorre uma grande festa no acampamento. Os homens de Ken Pô se embebedam e depois partem rumo ao bordel. Vendo Li Sun entre os inimigos, Sun Jaun finalmente se arrepende: "Maldição! Eu devia ter oferecido 75% de desconto".

# alexandre rodrigues | 16 de julho Comentários (3) | TrackBack (0)


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