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Bona fide Acorda, bebe duas xícaras de café e começa a resolver burocracias pendentes, falar com bancos, acertar entrega de documentos, etc. Sai de casa, caminha até um cartório no centro, pega mais documentos, entra no ônibus, tenta ler e não consegue, desembarca antes do ponto, pois, ansioso, não consegue mais esperar a hora de descer, anda duas quadras, vai a um banco, a outro e então põe 88 vezes seu nome nos papéis que duas funcionárias lhe empurram assim que percebem que você terminou a pilha anterior. Tendo descoberto que os impostos que deveriam ser pagos na segunda-feira devem ser pagos hoje mesmo e já passa das quatro, o banco fechou, suspira um pouco mais, vai a outro andar, até a rua, até o outro banco, imprime um talão de cheques, volta ao banco onde estava antes e paga toda a sua renda de um mês em impostos e taxas. Devolve os papéis à funcionária e finalmente recebe a notícia oficial: Você comprou um apartamento. Vai embora com uma sensação muito esquisita, caminhando devagar, sentindo a vista meio turvada. O tempo, medido até aquele momento em tarefas e obrigações, simplesmente mudou de rotação. Senta-se em um café, porém mal toca o expresso. Caminha um pouco mais, decide dar a volta na quadra - e também na outra. Tem a impressão de que não vai conseguir chegar em casa. Suas pernas simplesmente vão falhar. Mas, em vez disso, compra pão francês de verdade para comemorar. Lembra-se da cena de E aí, meu irmão, cadê você?, quando George Clooney tenta convencer a filha de que é ele e não o namorado da mãe o chefe da família e a menininha replica: He's bona fide. What are you? Aquele navio ali foi tomado pelos piratas. A bandeira no mastro agora é a sua. # alexandre rodrigues | 16 de maio Comentários (0) | TrackBack (0) |
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