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(Idéias: Alexandre Rodrigues. Idéias e digitação: Luzia Lindenbaum)

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De novo uma parada. Devia estar incrivelmente magro. De tão encovados, os olhos pareciam querer entrar pela cabeça adentro. Tinha o ar do que? É o diabo, a gente ir se deixando desfigurar, vivo, unicamente por obra da fome. Senti a cólera invadir-me uma vez mais; era a última chama, o último espasmo. Valha-me Deus! mas que cara, hein? Era dotado de uma cabeça que não tinha igual no país; de dois punhos que, com seiscentos diabos! podiam esmagar e reduzir a pó de traque um estivador; pois apesar disso, em plena cidade de Cristiânia, jejuava a ponto de perder a figura humana! Então isso tinha sentido, isso se harmonizava com a ordem natural das coisas? Exigira tudo de mim, esfalfara-me dia e noite, como o burrinho a carregar o pastor, estudara a ponto de fazer os olhos me saltarem do crânio, jejuara a ponto de fazer a razão saltar-me do cérebro. E o que diabo recebia em troca? Até as meretrizes pediam a Deus que lhes poupasse a visão do meu rosto.

Fome - Knut Hamsun

# alexandre rodrigues | 4 de abril Comentários (0) | TrackBack (0)


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