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Sob o impacto do final de O Mestre e Margarita, digo: Mikhail Bulgakov produziu uma obra-prima que merece ser descrita como o melhor romance russo do século vinte. Melhor ainda só ter descoberto que dizem isso do livro depois terminá-lo e sair à cata de informações no Google.

Não é revelar demais – está claro desde as páginas iniciais – dizer que no livro o Diabo disfarçado de professor visita a União Soviética de Stálin, começando uma estadia onde a sucessão de eventos absurdos e bizarros se eleva numa quantidade que seria impossível a outro escritor enfiar na mesma obra sem resultar uma grande confusão. Mas o acúmulo de personagens não embola o fluir do texto, lembrando muito o que faz Vonnegut em O Almoço dos Campeões.

No fundo, é um livro de realismo fantástico, mas com uma lição compartilhada com Kafka, desprezada pela maioria dos escritores latino-americanos que se metem pelo mesmo caminho: o inusitado incomoda e o mágico assusta qualquer um, humano ou personagem. Mais um traço entre os dois escritores é a quantidade de figuras mesquinhas que vão aparecendo e desaparecendo ao longo da história. Bulgakov usa o humor e a ironia como só os russos conseguem.

O Mestre e Margarita levou quatorze anos para ficar pronto. Foi terminado em 1940, duas semanas antes da morte de Bulgakov, mas publicado apenas em 1966 e 1967, totalmente mutilado, em um jornal. A primeira edição completa em livro saiu apenas em 1989.

A relação de Bulgakov com os soviéticos é atípica. Foi censurado, mas também conseguiu bons cargos no governo. Não sofreu as prisões ou a tortura reservadas a escritores dissidentes. Diz-se que Stálin gostava dele, o que não o livrou da frustração de produzir e não poder ser lido. Chegou a escrever uma carta a Josef, O Malvado, pedindo para ir embora do país, porém nunca recebeu resposta.

A caracterização dos personagens de O Mestre e Margarita é controversa. O Diabo geralmente é relacionado a Lênin, porém este texto afirma que na verdade o retratado é Gorki, escritor endossado pelo governo soviético. Em outra versão seria Jesus Cristo. Há também personagens que até no nome fazem referências a figuras do regime.

O próximo a ser lido é The Heart of the Dog, baixado em txt. Já preparo o bolso para O Diabo solto em Moscou. Enquanto isso, a versão integral de O Mestre e Margarita.

# alexandre rodrigues | 23 de abril Comentários (1) | TrackBack (0)


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