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O jornal JÁ descobriu um filão: matérias escritas fora do padrão RBS. Textos longos, sem o resumão no início, como mandam os manuais. Depois da história do Felipe Klein (que lhe rendeu um Prêmio Esso), o prefeito do além. Prefeito médium faz museu dos espíritos O guri pobre, franzino e mal alfabetizado se apresentou pro serviço obrigatório no quartel do 13º GAC, o poderoso Grupo de Artilharia de Campanha, em Cachoeira do Sul. Sua ambição era grande: manejar os canhões de 155 milímetros da guarnição, os maiores da América Latina. "Mas bah, tchê, ouvi dizer que tu é bruxo...", começa um oficial, disposto a dispensá-lo. O recruta Marlon Arator explica que é apenas médium, como se diz da pessoa que encarna o espírito de gente morta. Garante que isso não prejudicará o Exército e implora pra ser alistado. A cena aconteceu há quase 10 anos. Aquele soldado ambicioso passou dois anos na tropa, lá dentro fez o supletivo, chegou a cabo-artilheiro. Sonho realizado, ele trocou a farda pelo uniforme de médico espírita, incorporando um certo doutor Suzzenn, espanhol morto em 1814 – e montou um terreiro mediúnico onde já recebeu 500 mil pessoas. O Marlon "médico" acabou preso, condenado pela Justiça por exercício ilegal da profissão. Para livrar-se da pena buscou a imunidade na política: foi vereador com 23, deputado estadual com 26, já é tolerado pelo sistema. Aos 29, é o prefeito de Cachoeira. Prepara-se para ser senador aos 30, nas eleições do ano que vem. |
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