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Ando um pouco parecido com o personagem de A noite do oráculo, de Paul Auster. Trata-se de um escritor que não consegue produzir até que compra, numa pequena papelaria, um pequeno caderno português de capa azul. O caderno tem o poder de fazer o sujeito voltar a escrever. Começa uma história que enche as suas páginas de anotações, semanas a fio, fazendo tudo parecer muito promissor. É o que aconteceu aqui em casa depois da entrada de três "composition book" que comprei numa papelaria do Bom Fim três semanas atrás. São cadernos escolares americanos, do tipo barato e comum, com a capa em preto e branco, como esse aqui: ![]() São iguais também aos cadernos do filme Seven (e à caixa do DVD duplo). As anotações são todas em inglês (há inclusive um sistema de conversão do local, nos EUA, para o métrico). Curioso ainda que embora informe ser fabricando pela Pen Tab Industries, com representações em Chicago, Nova York e Los Angeles, na parte de dentro também está escrito MADE IN BRAZIL. Mas o que interessa é que desde a chegada dos cadernos mais da metade do livro já foi escrita. Dezenas de páginas de anotações crescem em ritmo acelerado, a história, que em alguns anos de planejamentos e tentativas havia retroagido ao capítulo inicial, se desenvolve, idéias abandonadas voltaram e tudo parece estar de repente em harmonia. Ainda é cedo para dizer que chegará ao fim, mas parece estar na direção. Em A noite do oráculo, todo o surto de criatividade acaba quando o personagem enche as páginas do caderno. Volta à papelaria e descobre que fechou as portas. Sai pela cidade, louco pelo bloqueio ter voltado, em busca de um caderno que permita às suas idéias voltarem a se manifestar. Algumas coisas acontecem também e não sou chato de ficar contando final de livro. No meu caso, pelo sim, pelo não, três dos últimos cinco exemplares da prateleira estão aqui no apartamento. # alexandre rodrigues | 19 de janeiro Comentários (1) | TrackBack (0) |
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