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(Idéias: Alexandre Rodrigues. Idéias e digitação: Luzia Lindenbaum)

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A London, megaloja de R$ 1,99 do bairro, tem um estranho acervo de livros à venda.

Entre edições toscas de poesia e de cultura regional e uma pilha de best-sellers, se encontra a coleção completa Prática Policial, da Sagra Luzzatto, cujos livros se destinam a policiais e peritos criminais. Os volumes de capa cinzenta têm títulos como Investigação: teoria e prática, Balística forense e Rotina médico-legal, além do meu favorito, As manchas de sangue como indício em local do crime, o único que adquiri, já que não restava qualquer exemplar de "Fenômenos cadavéricos e testes simples para cronotanatognose.

O autor, Luiz Eduardo Dorea, apresenta a contracapa, é jornalista formado e foi professor de Comunicação na Bahia, mas também perito criminal e autor de livros como Vidros partidos em local do crime, além de As manchas, o que certamente é responsável pelo texto que muito parece jornalismo, embora a prática de legista certamente deva ter ajudado com as descrições dos locais de crimes cheias de detalhes.

O livro, como diz o título, é um manual para se poder entender um crime através das manchas de sangue. Uma facada deixa manchas salpicadas enquanto um tiro pode fazer o sangue jorrar de verdade. É possível saber, então, pela quantidade de sangue, assim como pela coagulação e outros fatores, o que aconteceu mesmo que não haja um corpo no local.

Cada lição é ilustrada por fotos - de cadáveres ou de manchas de sangue, armas do crime, etc. Essa parte pode agradar ou desgostar os mais impressionáveis, mas não é nada perto do relato frio e cru dos casos:

"HISTÓRICO: o cadáver se achava em meio a uma poça de sangue, com a braguilha aberta e o pênis para o lado de fora, o rosto apoiado no primeiro degrau da escada de acesso ao Campo Grande. Informes preliminares davam conta de que uma mulher fora visto se afastando rapidamente dali pouco antes do encontro do corpo. A área era ponto de encontro de casais, confirmando as primeiras constatações".

Passa à descrição dos ferimentos, a posição do corpo e as manchas de sangue para finalmente concluir:

"A vítima tinha sido esfaqueada ao tentar reagir a um assalto quando mantinha relações sexuais com uma mulher de identidade ignorada na parte baixa do viaduto".

Mais de uma vez as histórias beiram a literatura policial como no caso em que um homem morreu brincando de roleta russa com um revólver e a mulher quase foi presa por causa de algumas manchas pelo quarto que desmentiam a sua versão. Mais estranho ainda: as manchas eram azuis. Finalmente a mulher foi inocentada quando um perito encontrou um vidro de violeta de genciana, líquido azulado usado como cicatrizante que havia aplicado em um ferimento da filha sem muito cuidado, deixando cair um pouco no chão.

Rubem Fonseca começou assim

# alexandre rodrigues | 26 de janeiro Comentários (0) | TrackBack (0)


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