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A minha homenagem aos quarenta anos de Sargent Pepper´s Lonely Hearts Club Band, comemorada neste junho, é lembrar que discos assim não mais serão feitos. Não pelo argumento infantil de "não há mais bandas assim" ou "tudo que havia ser feito de revolucionário já foi", mas, como lembrou o Arthur Dapieve na coluna dele do No Mínimo, trata-se de uma obra conceitual que não teria sido possível se não existisse o formato LP e uma seqüência de músicas pensada para ser ouvida uma depois da outra. A indústria mudou. MP3 e troca de arquivos acabaram com essa farsa de "essa música vale o disco", que nos obrigava a pagar por um CD inteiro no qual só três ou quatro realmente valiam a pena. A fragmentação parece destinada a acabar com discos onde dois terços das músicas estão lá só para fazer presença e justificar o preço do produto. Se não é mais preciso encher um CD para justificar que custassem tão caro, a tendência é lançar música a música ou as três ou quatro que realmente valem a pena com mais uma ou duas que o artista não quer desperdiçar. A dificuldade cada vez maior de as gravadoras lucrarem os tubos nos coloca de volta ao caminho do início dos tempos, os anos 60, quando lançar um disco inteiro era para quem tinha alguma coisa a dizer e LPs na verdade não passavam de coletâneas de singles. Melhor. Mais justo. Ninguém mais será tão roubado quanto era antes. Para a indústria, talvez até isso venha tarde demais. Por outro lado jamais veremos de novo uma banda com meses de estúdio à disposição e um produtor caro, gravando apenas quando quiser, com a Filarmônica de Londres sendo paga para esperar a hora em que alguém aparecia com uma idéia nova. Se não houvesse isso, não haveria Sargent Peppers. Por sorte ainda resta gente como o Diego, que no momento grava uma ópera sobre zumbis que se fosse reunida em disco daria um CD duplo. Tem a partipação de uma monte de gente boa, até de Gruff, vocalista do Super Furry Animals, que passou por Porto Alegre na semana passada. Dei minha colaboração. Quando tudo fica em paz na história, lá está: "o povo não consegue entender/ o humor do zumbi/ embora seja coberto de gosma/ ainda consegue rir". # alexandre rodrigues | 15 de junho Comentários (1) | TrackBack (0) |
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