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Os dois se conheceram numa quinta à noite. Ambos estavam lá pelo mesmo motivo: não queriam voltar para as suas casas, o marido (dela), a mulher (dele), a chatice cotidiana (dela), a babaquice monumental (dele), a comida ruim (dele), a comida ruim (dela) e a vontade de que a noite não passasse tão rápido e quando fossem dormir, esperando o dia e mais um pouco de paz e distância (ambos), fossem os únicos acordados. Estavam bêbados de champagne. Jamila se encantou com o que ele disse: – Se não fizer você feliz, pode fazer o que quiser comigo. O que quiser. Eu deixo. Cinco anos depois, ao se explicar à polícia, ela lembrou com voz amargurada a promessa não-cumprida. O policial não levantou os olhos. Continuou anotando. O queixo chupado, a boca contraída, o olho meio caído, a indiferença de quem na verdade não está ouvindo direito as palavras e a tudo responde com um pigarro ou ruído que não é mais do que um batucar mental e diz "hum-hum, hum-hum, hum-hum". # alexandre rodrigues | 22 de junho Comentários (0) | TrackBack (0) |
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