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Existe um elo mental entre a primeira TV a cores da minha família, as olimpíadas de Moscou, a morte do Vinícius de Moraes e o fim da TV Tupi. Aconteceu tudo enquanto eu estava trancado em casa, passando os dias deitado no sofá com cachumba. Foi assim meu mês de férias do colégio em 1980. Logo na primeira semana uma dor terrível me atacou o lado direito do rosto. O médico me cobriu de recomendações sobre não fazer esforço, pois poderia acabar estéril e com os testículos do tamanho de ovos de galinha. Meus pais, entre assustados com o perigo e penalizados com a perda das férias, decidiram antecipar a compra da TV a cores, que chegou naquela mesma sexta-feira. O Vinícius morreu uns dias depois. Mais alguns dias, quando a dor da cachumba já havia passado, começaram as olimpíadas. Porém o fato mais marcante ocorreu antes da cerimônia de abertura dos Jogos. Foi a última noite da TV Tupi. Eu tinha treze, vivia os últimos tempos em que não se conhecia ninguém sem emprego. Não sabia que a TV Tupi tinha feito a primeira transmissão no Brasil. Para me comover, bastou o desfile dos funcionários na frente das câmeras pedindo ao governo que não fechasse a emissora. Lembro de um homem que mostrou as fotos dos filhos e perguntou ao presidente Figueiredo – na hipótese de que o presidente Figueiredo estivesse asistindo – como eles iriam viver com o pai desempregado. Ando tendo flashbacks daquela época com o tom de despedida nas colunas do No Mínimo, que encerra as atividades no sábado. Não é um final cheio de melodrama, como o da Tupi, mas é triste. Além dos empregos (o que já seria fato para se lamentar), leva junto ao morrer a concepção de que existe na Internet público suficiente para um projeto de jornalismo além do superficial. Sendo mais exato: público existe, o que não existe é mercado. Se for fechar mesmo, o No Mínimo terá fracassado como site independente, o NO, e também como parceiro de um grande portal, agora que foi abandonado pelo IG. Alguns colunistas informam que seguirão com blogs, mas o Bluebus ainda dá algum alento informando que uma parceria de última hora com o Estadão poderá salvar o site. Ainda há esperança. # alexandre rodrigues | 27 de junho Comentários (0) | TrackBack (0) |
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