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julho 3, 2006

"FALTAM DUAS!" - Parte I

Depois de duas semanas profissionalmente atribuladas nos diferentes ramos de atuação, volto à base, ao berço.

E Zagallo, citado no título, deve estar em paz agora. Sonhando, relembrando e eternamente dividindo a bola com o goleiro sueco enquanto lhe cai a baba gosmenta do canto da boca.

Creio que agora é o fim da 'Era Parreira-Zagallo' e ambos hão de afastar-se da Seleção. Um em direção a uma aposentadoria sossegada com cobertura da Golden Cross e outro em direção à cova, ou mausoléu, que parece mais adequado ao caso.

Simplesmente fiquei impedido de fazer algo levemente mais elaborado nos últimos dez dias e visitas rápidas mantiveram meu contato virtual.
Desta forma, deixei passar toda fase de 8vas e 4tas.

Que ainda posso dizer sobre as 8vas? Vamos ver, cronologicamente:

Ale passou pela Sue com dois gols rápidos em tarde inspirada de Klose. A seguir, contou com grande presença na meia-cancha. Ballack? Frings? Que nada, o bom e velho Carlos Simon que os Gre-Nais conhecem. Armando ou consertando resultados mantendo a discrição, empilhou marcações de faltas e pausas genéricas com o único intuito de 'amorcegar' o jogo. Pra colaborar, do lado viking da peleia, atacantes de muito nome jogaram pouco, culminando no penal desperdiçado por Larsson que dizimou as esperanças nórdicas.

Arg-Mex fizeram um baita jogo. Pegado, de muita luta, bem decente. Mais um dos jogos cuja história foi nitidamente ditada pelos gols logo nos minutos iniciais como Ing-Par, Arg-Ser, Gan-Tch, Esp-Ucr e Ale-Sue. Comentava no dia após o jogo com os primos de Banfield que, embora o empate e a prorrogação, não parecia haver motivos para temer já que o México não dava as cartas no jogo e parecia que demoraria a eternidade para fazer um gol. Do lado de lá, eles ficaram muito apreensivos até o golazo de Maxi Rodríguez. Depois do resultado garantido, o sábado foi de festa. Isto porque já se sabia que Alemanha estava do outro lado da curva.

Ing-Ecu foi um dos jogos mais aborrecedores. Toda a força para o Ecuador, mas não era o dia. Uma única mas claríssima chance de gol foi tudo que produziram. Pra tirar o gosto ruim da boca depois da noitada foi um jogo ruim. O lado legal da coisa toda ficou em vermos a Inglaterra se segurando, mantendo a posse da bola no final com certo receio às raias do medo. Não se ajudaram, ficaram muito apáticos e qualquer semelhança com a atuação de outra seleção latino-americana no sábado próximo passado não é mera coincidência.

Por-Hol foi o jogo mais disputado, controvertido e comentado da Copa até as semis. O amigo português Duarte, que nos visita e não conhecece o 'Gavião' Bueno, tem sérios problemas com o modo jogar da Argentina. Bueno, certamente a Copa e Luiz Felipe farão o gajo ver o futebol sob outro aspecto da disputa, da competição acirrada. Na semana que vem, quando Portugal entrar para a história com seu primeiro título mundial e a nação portuguesa subjugar todas as outras no esporte mais popular do mundo, certamente ele já terá mudado de idéia a respeito do futebol competitivo ao extremo.
Foi um pouco violento, é verdade; mas nem tanto. Teve a violência necessária e suportável para fazer jus à maior conquista do futebol afinal, 'É A COPA DO MUNDO, PORRA!', gritou alguém lá do fundo do bar. Portugal marcou e marcou. O gol e os holandeses. E foi bonito de se ver a garra, a vontade de vencer. Na busca pela alegria de ser campeão, que é tudo o que importa. No final, a exaltação aos vencedores sempre faz a sua história sobrepujar todas as outras visões possíveis do fato, todos os 31 perdedores do Mundial, no caso.
Hoje, tirando belgas, espanhóis e um que outro sedento por justiça ao extremo, ninguém mais lembra ou faz questão de lembrar do ROUBO ENORME no Bra-Bel das 8vas em 2002 ou no Bra-Esp da 1ra fase de 62. Taça no armário é o que importa, o resto não costuma entrar para a história, o que é lamentável.

Segunda foi o dia dos 'jogos-com-previsibilidade-maior-do-que-80-por-cento'. Até um dos magnatas lá do banco passou por mim, que estava olhando a TV de revesgueio e lascou um 'Esse Suiça e Ucrânia vai ser 0-0 e dar pênaltis'. Dito e feito em Sui-Ucr, mas foi merecido, mesmo com aquele recorde absurdo de a Suiça ser eliminada sem levar gols, fato inédito na história das Copas. A Ucrânia fez mais por merecer a vitória, ainda que sem gols.

Bueno, já me incomodei com tanto loco que não vê o penal em cima do Grosso. Enfim, cegueira seletiva é normal nos humanos que não tem problemas com seus olhos. Perguntei a quanta gente o seguinte: 'O cara da Austrália deu o carrinho e parou na frente do Grosso, certo? Então ele impediu a jogada, certo? E tu quer me convencer que o australiano deve ser beneficiado, ao se fechar os olhos pra isso? Então tá, quem quiser que feche seus olhos.'
A arbitragem política, de não marcar lances polêmicos à beira da prorrogação desta Copa, não se viu em Ita-Ucr.

E a terça foi dia de poder ver o jogo no trabalho. Pena que era Bra-Gan, me interessava mais o outro embate. Joguinho fraco, com um juiz ajudando o mais forte, não tinha como dar algo errado para o Brasil. Faltas invertidas, impedimentos não marcados, severidade com os africanos e amenidades para os brasileiros. Isto tudo aliada à incrível falta de pontaria das águias. Resultado final: 3-0 inevitável.

Esp-Fra era o jogo que me mantinha tenso. Arranque da partida, tv ligada no canto e eu tendo que trabalhar. Malditas teorias de administração. Jogo decentíssimo este, uma boa briga de vizinhos, com vassouradas e baldes d'água de parte a parte. Pena que não foi para España. Mais uma vez resta lamentar, mais uma vez caberá registrar que se acabou a Copa em noveno e que se fez um papel decente com em tantas em outras Copas. Mas chegar na ponta, nada. Francia recuperando respeito depois da primeira fase de medíocre a pior, para abaixo da média dos 16 classificados, meio-campo forte e experiente, ocupa espaço, domina a bola e faz a 'temporização compassada', afinal Zidane, Makelele e Vieira todos já passaram dos 30 anos faz tempo. Ataque pouco eficiente, com Henry jogando menos do que sabe e Trezeguet inexplicavelmente mantido no banco.
Era banco no título de 98, no Euro-2000 e hoje segue eternamente lá na ponta direita dos reservas, do lado da bolsa cheia de Gatorade, ou do novo produto da Coca-Cola inédito por aqui, o tal de 'Powerade' das placas publicitárias dos estádios da Alemanha.

E chega né.

Saúdos, Vitor VEC

Publicado em julho 3, 2006 2:50 AM

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