Libertadores 25 X 21 Colonizadores

Sobre o primeiro ponto: Impedimento sempre está certo.
Ou seja, é simplesmente errado considerar as milionárias equipes do futebol europeu como paradigmas imbatíveis da excelência do futebol. Pois não são.

Pontualmente, sobre o confronto da final mundial: Milton Neves fez um selecionado entre os 22 titulares de Inter e Barcelona; dentre os onze escolhidos, apenas Fabiano Eller, Fernandão e Alexandre Pato eram colorados, sendo os oito restantes da equipe catalã.

Considero Eller e Índio muito, mas muito superiores a Puyol e Marquez. Não vejo desvantagem nenhuma entre Edinho e Monteiro frente a Mota e Iniesta. Dentre os laterais dos dois times, o único que me parece jogar algo é Zambrota, mas Ceará comprovou grande competência durante todo o ano, enquanto Beletti não existe. Nas meias estava a superioridade do Barcelona, com Ronaldinho e Deco. No ataque, Iarley vale mais que Gudjohnsen e Giuly juntos, que não são sombra de Eto´o. Sem comentar o esquema tático do Barcelona, um convite ao pega-ratão de Cláudio Duarte - o maior técnico brasileiro.

Essas constatações não são de agora, e muitos tinham e têm a mesma opinião. Mas o incrível é que grande parte dos torcedores e - mais grave - dos profissionais da imprensa esportiva brasileira, entendiam que a distância entre Barcelona e Inter e, afinal, entre o futebol europeu e o sulamericano, era gigantesca - o que é uma leitura completamente errada. O placar está 25 X 21 para nós.

Basicamente, esta é a idéia que fez Impedimento surgir, inicialmente como um programa de rádio de faculdade. Não há sentido algum na sobrevalorização que se costuma fazer do futebol praticado na Europa. Dentro de campo, as coisas não se resolvem pela disparidade entre o euro e o real.

É claro, não se pode errar pelo outro extremo, e considerar que o Barcelona foi uma barbada. Sem dúvida, trata-se de um dos maiores clubes do futebol mundial em estrutura, marketing finanças. Mas seu time não foi superior ao do Inter.

Com isso, vou me encaminhando ao segundo ponto.
Na metade do ano, ouvi muitas pessoas indicando a Libertadores como uma conquista superior à do Mundial. Mas o que aconteceu de entre o início do jogo de domingo em Yokohama, seu desenrolar, e seu desfecho na terça-feira em Porto Alegre, me serve de argumento definitivo para comprovar o contrário. Nada pode ser maior, é a verdade.

Além disso, o mundial é a oportunidade para fazermos de maneira objetiva as comparações entre o nosso futebol e o "futebol ideal de primeira linha" da Europa. Este que leva os jogadores daqui com 17 anos; que esnoba o torneio do Japão para depois lamentar; e que inclusive provoca federações daqui a alterar seus calendários de maneira esdrúxula, para acompanhar as datas européias.

A vitória do Inter nos permite falar, com algum grau de precisão, que o Getafe provavelmente seria goleado pelo XV em Campo Bom. Assim como a vitória do São Paulo sobre o Liverpool em 2005 me leva a crer que o Newcastle teria sérios problemas ao enfrenter o Paulista em Jundiaí.

No âmbito da rivalidade local, me parece que todos só têm a ganhar. O ano de 2006 faz o torcedor colorado valorizar o que antes desprezava no rival. Obviamente, como gremista, preferia ver o Inter voltando de mãos vazias. Mas não posso lamentar a extrema felicidade de amigos e familiares colorados. E não posso deixar de sorrir ao ver a cara de bunda dos "europeus", sobretudo dos "brasileiros europeus", recebendo a medalha de prata.

Até entendo as violentas cornetas coloradas, represadas por anos. E as respostas meio atordoadas dos gremistas. Mas não gosto e nunca gostei destas provocações. É claro, não tentarei mudar o mundo.

Os Beach Boys lançaram "Pet Sounds", e os Beatles lançaram o "Sgt. Peppers" como resposta, com Mcartney dizendo que "Pet Sounds" ainda era seu disco favorito. Ou ao contrário, não lembro exatamente. Prefiro Black Sabbath.

Mas gosto de pensar que agora a disputa se nivelou por cima, como no caso musical citado.
Que Grêmio e Inter, junto com suas grandes torcidas, aproveitarão as particularidades do futebol em um país de economia periférica e se consolidarão como clubes de referência.
Que a disputa será pelo número de mundiais, não de grenais ou gauchões.
E que daqui alguns anos, todo o mundo olhará para essa cidadezinha merreca no canto sul do Brasil, sabendo que ali se joga o maior clássico do planeta.

saudações,
Antenor Savoldi Jr

Sabia que tu tava guardando silêncio desde o domingo pra esse tipo de coisa.

Vossa fleuma é uma farsa. A corneta é o que move a bola.

"E que daqui alguns anos, todo o mundo olhará para essa cidadezinha merreca no canto sul do Brasil, sabendo que ali se joga o maior clássico do planeta."

Disse tudo. Mas concordo, faltou corneta.

Acho que o Palermo não conseguiria vencer o Internacional de Santa Maria, na Baixada Melancólica!

"A vitória do Inter nos permite falar, com algum grau de precisão, que o Getafe provavelmente seria goleado pelo XV em Campo Bom."

No debate que passa na rádio Bandeirantes de PoA, segunda à noite, normalmente o Alexandre Praetzel faz esse tipo de comparação, dizendo que esses times médios europeus disputariam quando muito uma vaga na sulamericana se jogassem o Brasileirão.

Outros debatedores do programa, fanáticos pelo futebol europeu, quase têm síncopes ao ouvirem tais comparações. :-)

Não tenho dúvidas de que em 2007 a rivalidade da dupla passará a viver uma nova era. Os clássicos que estão por vir deverão mobilizar as torcidas como não se via há décadas. E isso é bom para todo mundo: mais sócios, mais patrocínios, mais organização..

Grenal na ESPN para 160 países haaaaaaaannnn

antenor = único gremista digno.

aliás, como colorado, vi nesta fleuma toda uma bela corneta, e fiquei deveras gratificado.

parabéns, excelente texto.

Grande texto. Mesmo.

PS> Ninguém vai comentar a BATALHA CAMPAL EQUATORIANA transmitida por todos os telejornais esta semana?

Obrigado, Dante e os demais ;)
Paul, também quero mais informações acerca da pancadaria no Ecuador... pesquisaremos

SABBATH É FODA!!

Maior clássico do planeta? Certamente! E fodam-se todos os galvões, milton neves, e casagrandes acima do Mampituba.

Seleção entre os jogadores do Barça e do inter (não pelo jogo do Mundial, mas pela qualidade que normalmente apresentam):

Valdez (médio, mas ainda melhor do que Clemer)
Zambrotta (melhor do mundo na posição)
Rafa Marquez (excelente zagueiro)
Eller
Gio (que nao é grande coisa também)
Edmílson
Xavi
Deco
Ronaldinho
Messi
Eto'o

Com o Grêmio não seria muito diferente. A real é que os times europeus tão anos-luz à frente em termos de qualidade. Não é um jogo no ano - para o qual eles nem ligam muito e não vão com toda a vontade - que vai mudar isso

Tudo bem, é questão de opinião. Mas destes aí, Messi, Eto´o e Edmílson nem puderam entrar em campo.
Acho que Eller, Índio, Edinho, Fernandão e Iarley estariam entre os onze. Sem esquecer de Vargas, que é superior a Xavi e Iniesta. Alex, em sua melhor fase, também seria.

Pancadaria no Equador:

http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM606271-7824-FEDERACAO+EQUATORIANA+ANUNCIA+PUNICAO+PARA+BRIGOES,00.html

Antenor, concordo que Indio, Fernandão e Iarley tem lugar nesse time, mas não vejo a mesma qualidade no Alex, nem nos melhores dias.

André, uma seleção do Grêmio/Barça, teria o Lucas e talvez mais alguém, só que no banco!

"O placar está 25 X 21 para nós."

não sei se vc se deu conta, Douglas, mas divulgando esse placar, vc tá automaticamente legitimando o título do Corinthians... ;)

Antena, acabaste de arruinar completamente o programa de rádio que vai ao ar amanhã. Obrigado.

Opa. Fábio, foi o Antenor que escreveu.

Aliás, aproveito aqui para elogiar a extrema elegência do amigo autor do post.

Quando recebi congratulações e um fraterno abraço no domingo, não tive dúvidas que era verdadeiro.

Muito me orgulha dividir o espaço com pessoa de tamanha categoria e capacidade de escrever.

depois do comentário do Ponso no blog do Menezes, foi o depoimento mais FIDALGO sobre o título do Internacional vindo de um gremista.

sobre a batalha campal: muitos jogadores da LDU foram punidos, o que pode dar uma grande vantagem para o TACUARY na pré-libertadores - e também elimina a possibilidade do grupo do River ser o grupo mais difícil.

A briga impressiona, especialmente pela falta absoluta de intervenção por parte da polícia.

Rafa Marquez é melhor do que Índio. Fernandão jogaria no lugar do Deco, o que invalidaria sua escalação, a menos que não contássemos Eto'o e Messi (aí sim poderia jogar no ataque).

Se fosse o time do mundial, então, Edinho entraria no lugar de Motta. No entanto, nem ele nem Vargas fazem sequer fazem sombra a Iniesta e Xavi (este último, dono de um passe primoroso).

Ficaria (pelo mundial):

Valdez; Zambrotta, Rafa Marquez, Eller, Gio; Edinho, Xavi (Iniesta) e Deco; Ronaldinho, Giuly e Iarley

(Fernandão não fez nada o jogo inteiro, sei que é excelente jogador, mas estamos falando dessa partida - caso contrário, do inter ficaria apenas Eller na zaga)

Ou seja, o Barça perde praticamente só nas posições onde foi obrigado a escalar os reservas.

Pelo time do Mundial, o Grêmio teria Lucas e Rômulo (no lugar do GODjohnsen, o que, convenhamos, não é mérito nenhum).

Talvez o William também.

e quantos jogadores do Hamburgo de 1983 jogariam no Barcelona? hehehehehehehehheheehehhehehe

[provocação barata mode on]

Só pra deixar claro: não to querendo desmerecer o título do inter ou algo do gênero, apenas apontando as diferenças entre os jogadores (assim como o time do Ajax era bem melhor que o do Grêmio em 95).

Do Hamburgo jogariam qualquer um no lugar do GODjohnsen e Gio, ehehhe... e do Valdez também (goleiros alemães costumam ser bons).

Gremistas de 20 e poucos anos não entendem como funciona a flauta.

Isso tem pouco ao nada a ver com o que tu escreveu, mas acho curioso que qualquer corneta vinda de um colorado, por mais simplória e jovial que seja, é sempre interpretada por essa garotada como deselegância, desrespeito ou (risos) recalque.

O momento favorável que determinado time atravessa é totalmente irrelevante. Lembro que há 23 anos os gremistas cantavam "Chora colorado imundo", quando ocupavam um patamar mais elevado que o rival. Zombar do adversário após um triunfo próprio é natural e benéfico para a rivalidade. Quem é torcedor de futebol em Porto Alegre deve aprender a conviver com isso.

Obrigado Douglas, mas claramente tu é quem mantém o site de pé. Vou aceitar o elogio pq tu é da "famiglia".

Fábio, não havia percebido que os 25 contavam o título do Corinthians. Vou corrigir para 24 em seguida.

sem Libertadores = sem Mundial
Impedimento = única entidade credenciada a reconhecer ou não os títulos.

hreuahreuhreauhrea

então aproveita e desconta o título do Atlético de Madrid, que foi campeão em 1974 sem vencer a Copa dos Campeões - aproveitando a desistência do Bayern.

Sem taça porém legítimo o de 74.
Afinal, o Atlético chegou a final e foi vice, tomando de 4-0.
Em razão da desistência alemã de encarar o Independiente, nada mais justo que o substituto seja considerado campeão sem considerações como esta.
Afinal, num tempo em que a Doble Visera fazia Ajax e Bayern se cagar de medo, os colchoneros encararam e venceram os rojos.
Ia começar a efender uma ideia a respeito de sul-americanos europeus mas vou abster-me.
Franguinho!

Até porque se for por isso, teria que desconsiderar o título do Olímpia de 79, que foi campeão em cima do Malmö - vice do Nott. Forest.

Ou seja, estes casos são legítimos, e não são parte de uma "promoção" de um dos patrocinadores do torneio. Que aliás, a FIFA considera como um teste. Funcionou na prática como aquelas corridas de exibição de Formula 1; não valiam pontos, era só amistoso.

Antenor, esse seu tópico é bem oportuno. O Mundial no Japão é único e confirma o meu post de 13.12.2006 no tópico "Para chegar em outro patamar".

O Antenor não está sozinho nesse pensamento. Temos a promessa da melhor Libertadores dos últimos anos. Queria apenas que o Estudiantes e o Peñarol estivessem também nesta.

"Os Beach Boys lançaram "Pet Sounds", e os Beatles lançaram o "Sgt. Peppers" como resposta, com Mcartney dizendo que "Pet Sounds" ainda era seu disco favorito. Ou ao contrário, não lembro exatamente. Prefiro Black Sabbath."

Nobel de literatura, já!!!

Morri rindo.

"Opa. Fábio, foi o Antenor que escreveu."

é mesmo. mal aí, antenor.