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novembro 27, 2005

Imortal

Máspoli, Matías Gonzalez, Tejera, Gambetta, Obdulio Varela, Rodríguez Andrade, Ghiggia, Julio Pérez, Míguez, Schiaffino e Morán. Essa pode ser uma das explicações para a aura que segue o imortal tricolor em suas mais fantásticas conquistas. A mítica celeste olímpica de 1950 parece descer sobre a camisa listada em azul, preto e branco sempre quando algo parece impossível.

Tal como o milagre do Maracanazzo de 1950, as conquistas protagonizadas pelo Imortal Tricolor parecem não encontrar nas palavras uma real tradução para seus feitos. Mais: seria necessário inventar uma nova linguagem.

O Imortal Tricolor dos pampas começou sua série de “maracanazzos” em 1981, quando bateu o São Paulo em pleno Morumbi, um a zero, gol do centroavante Baltazar. O Morumbi, maior estádio particular do país, estava lotado na ocasião.

O segundo “maracanazzo” aconteceu no palco que deu origem ao nome: Maracanã. Em 1997, o Imortal Tricolor conquistou seu quinto título nacional, calando mais de cem mil flamenguistas. A partir daquele momento, a célebre frase do ponteiro Ghiggia poderia sofrer uma atualização: “apenas 4 pessoas, com um único gesto, calaram o Maracanã com mais de cem mil pessoas: Frank Sinatra, o Papa João Paulo II, Ghiggia e Carlos Miguel.”

Na conquista do sexto título nacional do Imortal Tricolor, mais uma vez o palco escolhido foi o maior estádio particular do Brasil. Com a lógica jogando sempre contra, o clube brasileiro de alma cisplatina bateu o Corinthians, por indiscutíveis três gols a um. As façanhas pareciam não ter limites. Até aonde o Imortal Tricolor poderia chegar?

A lógica dos heróis não aceita medíocres, como aqueles que desconhecem tanto a desgraça total como o gosto da glória máxima. Quem poderia descer ao inferno e retornar mais forte ainda? Tal qual o lendário fênix, o Imortal Tricolor não se entrega nunca, perecendo adquirir mais forças conforme o grau das dificuldades que enfrenta. Quem seria capaz de cair para a Série B e, quatro anos depois, chegar a decisão do Mundial Interclubes? Hércules, Jasão e Perseu não jogam futebol. Se bem que o Velo de Ouro de Jasão poderia explicar o poder sobrenatural da camisa tricolor.

Possuído pela alma cisplatina, vestindo o Velo de Ouro ou não, o Imortal Tricolor parece se agigantar frente ao improvável. Se pudéssemos misturar um Eduardo Galeano com Steven Spielberg, com o objetivo de produzir um roteiro sobre cenário de caos total para uma equipe de futebol, certamente não se escreveria algo tão terrível como a situação apresentada hoje ao Imortal Tricolor, num estádio de futebol chamado de “Aflitos”(!).

Segue o roteiro: “Segunda parte do jogo decisivo. Tempo regulamentar esgotado, mas com dez minutos ainda por jogar. O time da casa, com onze jogadores, tem pela frente um adversário com apenas sete jogadores em campo, depois da marcação de um pênalti (inexistente, o segundo da partida) ao seu favor. Coverter a cobrança da penalidade significa o retorno à divisão de elite do país. Estádio completamente lotado. Os Jogadores do time visitante, agredidos pela polícia e insultados pelo árbitro, não podem mais se manifestar, pois no caso de nova expulsão, o jogo será dado por encerrado, com vitória do time da casa.”

Um cenário absurdo que se tornou realidade na tarde de 26 de novembro de 2005, na cidade de Recife, Pernambuco. Em campo, para enfrentar tamanha adversidade, estava de novo o Imortal Tricolor, conhecido no Brasil e no mundo simplesmente como Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Mais uma vez, o Grêmio mostrou sua aura eterna e, de maneira sensacional, superou a tudo e a todos, conseguindo garantir o retorno a Série A do futebol brasileiro, com mais um de seus “maracanazzos”. Dois jogadores do campeão do mundo foram fundamentais. Quem imaginou Galatto e Andersom acertou em parte, por tabela. Mas trata-se de algo maior: o trabalho da comissão técnica e da torcida, juntamente com a força da camisa, foram os grandes responsáveis por mais um brilhante capítulo da fantástica história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, o lendário fênix, de alma cisplatina.

Pinedo, E.

Publicado em novembro 27, 2005 1:15 AM

Comentários

Cara,eu sou colorado. E por mais que me doa, tenho que dizer que torci pelo Gremio no final do jogo. Sério. Um time que erra um pênalti em casa, em jogo decisivo, já é fóda.. Mas um time que erra DOIS penaltis, e com 4 a mais em campo, começa a dar balão prá cima não merece mesmo subir. O único mérito do gremio foi ter sido menos ruim do que os seus adversários. Não bastará para permanecer na série "A" ano que vem. Agora, "mitica celeste olimpica " o caralho! Faz anos (se não séculos) que essa seleção uruguaia não ganha NADA, ainda perde na REPESCAGEM para o time da Australia... FAÇA-ME O FAVOR... Este foi um dos motivos pelo qual desejei que explodisse uma bomba naquela pasteleria cheia de gremistas torcendo pelo Uruguai por causa da tal chamada "alma castelhana"

Publicado por: Paul em novembro 27, 2005 3:26 AM

Parabéns Grêmio!!! Todos felizes, mas realmente... comparar o Grêmio com o Uruguai não é a melhor forma de elogiar a equipe. Alguém tinha que dizer!!!

Publicado por: Schröder em novembro 27, 2005 11:23 AM

Em caso de nova expulsão, vitória não seria do time adversário. Seria finalizado o jogo com placar atual (0x0), iria a julgamento no STJD e, aí sim, decidiria-se quem ganharia os pontos.

Como Irredutível Gremista, gelei ao imaginar que a comissão técnica poderia forçar nova expulsão. Quando Domingos, sem nenhuma necessidade, isolou a bola que estava nas mãos do árbitro, cogitei seriamente que a ordem do banco era pra melar o jogo. Mesmo uma posterior vitória no tribunal tiraria toda a graça da ascenção.

Mas o Grêmio é maior que isso, e nada pode ser maior que o Grêmio.

Ainda não parei de berrar desde que o Galatto aparou a cobrança da penalidade com o joelho.

Publicado por: Guto em novembro 27, 2005 5:06 PM

O pior foi, depois de DOIS PÊNALTIS PERDIDOS EM CASA, que num cruzamento para a área do Grêmio um imbecil se jogou tentando CAVAR OUTRA PENALIDADE.

Lamentável, o Náutico.

Publicado por: Francisco em novembro 28, 2005 6:33 AM

Pai nosso que estais no céu...

Publicado por: Marco em novembro 28, 2005 3:32 PM

Defendendo o colega Pinedo, Édson na comparação por analogia Grêmio-Uruguay:

O cerne da questão é que o Grêmio tem a camisa mais pesada ao norte da Banda Oriental.
Simples como a água que corre no famoso rio que originou a denominação do território.

E era isso.
Saúdos,

Publicado por: Vitor VEC em novembro 28, 2005 4:25 PM

Tudo bem, agora comparem o Náutico com a seleção brasileira de 1950.

shsg

Publicado por: Douglas Ceconello em novembro 28, 2005 5:03 PM

Pensei que não precisaria explicar uma analogia tão simples...O feito uruguaio de 1950 não tem nada a ver com o fracasso na repescagem de 2005.

Publicado por: Edson em novembro 28, 2005 9:57 PM

Guto: o tribunal apenas cumpriria uma etapa de rotina, confirmando a equipe com numero insuficiente de jogadores como perdedora do jogo.

Publicado por: Edson em novembro 28, 2005 10:00 PM

Paul colorado: mais um ano sem ganhar nada. Para 2006, só restou jogar aquela competição que vocês dizem que não vale nada, uma tal copa toyota libertadores. Afinal, o que vale mesmo é o Gauchão, o torneio organizado pelo presidente e conselheiro do inter, Chico Novelleto, com apoio daquele juiz que termina prorrogação com 13 minutos de jogo. O mesmo que afirma nos microfones de rádio que a mudança de lado no intervalo da prorrogação conta tempo. Agora, jogar bomba na pastelaria uruguaia? É muito recalque.

Publicado por: Edson em novembro 28, 2005 10:09 PM

Edson: realmente, muito melhor que ganhar gauchão, deve ser conquistar o título da SEGUNDONA. Porém, o pressuposto indispensável para alcançar tal façanha é o REBAIXAMENTO. Seja feliz levantando mais este caneco. Podes guardar com orgulho a VERGONHOSA LANTERNA do ano passado dentro dele. Depois ainda vem falar em recalque. Tenha dó.

Publicado por: Paul em novembro 30, 2005 3:48 PM

Até Nostradamus já sabia:


"O celeste, no momento de celebrar o grande banquete, ficará decaído ao
enfrentar o gigante do centro em sua
derradeira e feroz batalha, no último período. Sucumbirá durante 365 dias.
Sua legião enfrentará o obscuro mais
uma vez, entoando cânticos de combate. Retornará com seus soldados
purificados pelos louros de uma conquista
menor. Vingar-se-á da humilhação e triunfará sete vezes sobre aquele que
veste a cor de sangue."

Saudações tricolores

Publicado por: Rogerrs em dezembro 2, 2005 8:30 AM

parabéns grêmio nada pode ser maior!!!

Publicado por: matheus em maio 29, 2006 6:22 PM

Eu acredito que o GRÊMIO vai vencer mais esta batalha, das muitas que enfrentou e conseguiu, com a ajuda aguerrida de sua torcida tão presente.

Publicado por: Marco Antônio Costa em junho 17, 2007 12:50 PM

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