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Donos admitem hábitos bizarros após explosões de celulares

maio 16, 2006

Levar para o banheiro, dormir com ele debaixo do travesseiro ou caminhar na praia com o aparelho preso na sunga são apenas alguns dos maus costumes de quem é viciado em celular.O uso inadequado parece mais frequente do que se imaginava, principalmente depois do noticiário dos últimos dois meses, quando cinco telefones móveis explodiram no país.

Embora seus donos tenham negado na imprensa que fizeram mau uso do aparelho, muita gente que possui celular começa a admitir preocupação com seus hábitos pouco cuidadosos.

O estudante César Felipe Abílio, de 18 anos, viu seu celular Kyocera explodir há quatro meses, em Taubaté, interior de São Paulo, enquanto carregava a bateria na tomada de seu quarto. O fio pegou fogo mas, como ninguém se machucou, ele simplesmente foi comprar outro, sem procurar assistência.

"Costumava dormir com ele na barriga, para receber as mensagens que meus amigos mandam de madrugada", contou o estudante, que afirmou já ter recebido cerca de 200 mensagens em um único dia, durante suas férias em outra cidade.

"Agora ele fica no armário e eu nem ando mais com ele na cintura, ele fica na bolsa, já imaginou explodir na minha barriga?"

Nos últimos dois meses, cinco casos chamaram a atenção nos jornais, o mais recente no final de semana, com a vítima sendo obrigada a ser submetida a uma cirurgia, em Formosa (GO). Desde março, outras quatro explosões foram registradas no Rio de Janeiro e nas cidades paulistas de Araras, São José do Rio Preto e São Pedro.

Todos os aparelhos eram da Motorola e a empresa informou que os casos ainda estão em fase de investigação. A principal suspeita, segundo a companhia, além do mau uso, é que as baterias utilizadas não seriam as do fabricante, embora os usuários neguem.

A estudante Ana Rita Dutra, de 23 anos, também passou a ter receio e parou de dormir com o aparelho debaixo do travesseiro. "Umas quatro vezes durante a noite eu acordo para dar uma olhadinha nele. Desde que começou essa história de explosões, fiquei com medo e agora deixo do outro lado da cama."

CELULAR EM TODA PARTE

Há, no entanto, quem menospreze o noticiário, colocando a culpa na coincidência dos fatos ou no próprio abuso dos donos.

"Vejo bastante as pessoas com o celular no sol ou mesmo caminhando na praia só de sunga e o aparelho pendurado", disse o assistente administrativo Osmar de Castro Donato Filho, de 25 anos, morador de Santos, cidade do litoral sul de São Paulo.

O santista gaba-se, porém, de ter tido sete celulares em menos de cinco anos, sem qualquer problema sério. Seu segredo é simples: evita levar o aparelho à praia.

Os números comprovam que o telefone móvel virou quase uma mania. Conforme o último balanço da Agência Nacional de Telecomunicações, em fins de março, havia 89 milhões de usuários de celular, o que se traduz por 48,14 pessoas em cada grupo de 100 brasileiros.

Outra manifestação de que o aparelho passou a integrar o cotidiano nacional está na Basílica de Nossa Senhora Aparecida.

Na sala de promessas do Santuário da Padroeira do Brasil, um celular divide espaço com maços de cigarros, fotografias, capacetes de motos e outros ex-votos —objetos oferecidos para comemorar o voto ou a promessa cumpridos.

O que se conta ali é que o aparelho exposto —baleado— pertencia a uma mulher que escapou com vida de uma tentativa de assalto com três tiros.

PÂNICO NA LINHA

Até o uso mais trivial, dos pais que tentam controlar a vida de seus filhos através de ligações, preocupados com a violência, acaba se tornando uma paranóia.

"Me acho doentia, muito preocupada, exageradamente", disse a dona de casa Irene Maria Mella Sério, de 54 anos, que chega a estourar o plano mensal de 1.000 minutos ligando para seus filhos e marido diversas vezes ao dia. "Prefiro ver meu celular explodir do que não conseguir contatar meus queridos."

Pânico pior, segundo alguns entrevistados, é quando o celular quebra. Em uma assistência técnica de São Paulo, uma funcionária comentou que nunca recebeu reclamações de "celulares-bomba", mas problemas corriqueiros são mesmo aparelhos molhados ou que caíram no chão e pararam de funcionar.

"Cair no vaso (sanitário) é comum", disse Luciana, atendente da loja, que pediu para não divulgar o seu sobrenome e até admitiu que o acidente já aconteceu com ela. "A pessoa vai no banheiro com o celular no bolso de trás da calça e aí cai. Já chegou gente também com celular cheirando a cerveja."

(Terra)

Sabrina Fonseca Câncer Comentários (1) Comentários (1)