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Estudo comprova que cogumelos causam sensações místicas

julho 11, 2006

Um terço dos voluntários afirmou que a experiência foi a mais significativa em termos espirituais de toda sua vida. Muitos a compararam ao nascimento do primeiro filho ou à morte de um pai ou uma mãe.

E os efeitos foram duradouros.

Dois meses depois de receber a droga, 79 por cento dos voluntários disseram ter sentido um aumento de nível moderado ou elevado em seu bem-estar e na satisfação com a vida, segundo o relato publicado na revista Psychopharmacology.

A equipe testou 36 voluntários saudáveis e com boa escolaridade, que afirmassem manter uma vida espiritual ativa. A idéia é que pessoas espiritualizadas seriam menos perturbadas pelos efeitos da droga.

Os "cogumelos mágicos", usados por índios norte-americanos e hippies para alterar a consciência, parecem ter efeitos místicos similares para muitas pessoas, disseram cientistas dos Estados Unidos na terça-feira.

Mais de 60 por cento dos voluntários que receberam cápsulas de psilocibina, um composto retirado dos cogumelos, disseram ter passado por "uma experiência totalmente mística".

"Muitos dos voluntários de nosso estudo relataram, de uma maneira ou de outra, uma experiência direta e pessoal com o 'ALÉM"'', disse Roland Griffiths, professor de Neurociência, Psiquiatria e Biologia Comportamental na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. Griffiths comandou o estudo.

Um terço dos voluntários afirmou que a experiência foi a mais significativa em termos espirituais de toda sua vida. Muitos a compararam ao nascimento do primeiro filho ou à morte de um pai ou uma mãe.

E os efeitos foram duradouros.

Dois meses depois de receber a droga, 79 por cento dos voluntários disseram ter sentido um aumento de nível moderado ou elevado em seu bem-estar e na satisfação com a vida, segundo o relato publicado na revista Psychopharmacology.

Griffiths afirmou que a droga poderá ser usada para tratar o vício, além de como terapia para dores severas ou depressão.

A equipe testou 36 voluntários saudáveis e com boa escolaridade, que afirmassem manter uma vida espiritual ativa. A idéia é que pessoas espiritualizadas seriam menos perturbadas pelos efeitos da droga.

Griffiths disse que não queria ser acusado de trabalhar como Timothy Leary, o ex-psicólogo da Universidade de Harvard que ficou conhecido por suas experiências com o LSD nos anos 1960.

"Estamos conduzindo pesquisas rigorosas e sistemáticas com a psilocibina, sob condições cuidadosamente monitoradas, curso que o dr. Leary abandonou no início dos anos 1960", disse Griffiths.

"Até mesmo neste estudo, em que controlamos grande parte das condições para minimizar os efeitos adversos, cerca de um terço dos voluntários afirmou ter tido um medo significativo, e alguns relataram sensações transitórias de paranóia", afirmou.

"Sob condições não monitoradas, não é difícil imaginar que essas emoções evoluiriam para o pânico ou para comportamentos perigosos."

A psilocibina, que não é tóxica nem provoca dependência, atua como o transmissor químico de serotonina nas células cerebrais. A serotonina está ligada ao humor.

Para garantir que as pessoas não imaginaram suas experiências, cada voluntário recebeu ou a psilocibina ou o metilfenidato, um estimulante conhecido para o tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

A psilocibina é retirada de várias espécies de cogumelos nativas das Américas. Segundo a lei norte-americana, trata-se de uma substância alucinógena de tipo 1, no mesmo nível de drogas como a heroína.

Mas seu uso em experimentos médicos é aprovado pelo FDA, órgão que regulamenta os medicamentos e alimentos nos EUA, e uma equipe liderada por Charles Grob, no Centro Médico Harbor-UCLA em Torrance, Califórnia, está testando a droga em pacientes com câncer terminal.

"Nosso objetivo específico é saber se essa droga psicoativa, a psilocibina, pode ser eficaz na redução da ansiedade, da depressão e da dor física, melhorando assim a qualidade de vida", afirmam os pesquisadores em sua página na Internet.

Para Solomon Snyder, um neurocientista da Johns Hopkins que já fez experiências em si mesmo com o LSD, os estudos podem levar à detecção do "locus da religião" e das bases biológicas da consciência no cérebro.

Mas, segundo Griffiths, seus estudos serão exclusivamente científicos. "Não estamos entrando na questão de ''Deus existe?''. Esse trabalho não pode e não vai chegar a esse ponto."
(Terra - enviado por Rodrigo Roesler)

Sabrina Fonseca Comportamento , Demência , Terapias Alternativas Comentários (1) Comentários (1)