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Paris '68

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Fui ao cinema sábado à noite esperando ver em Os Sonhadores uma exaltação à primavera de 68, mas ao contrário encontrei uma bela história e justa crítica às suas supostas revoluções. Praticamente consigo ler jovem é uma merda naquelas pichações pelas ruas de Paris, mas daí seria esperar demais do Bertolucci.

A história é apresentada aos olhos de Matthew, um estudante Americano que vaga pelas salas da Cinematheque durante os princípios de revolução em Paris '68. Matthew aparece como um intruso nas relações incestuosas de Isabelle e Theo, momentaneamente tragado por aquelas ilusões, porém o único que consegue manter um contraponto aos falsos idealismos. Em um mês de sexo grupal, amor entre irmãos e o melhor do vinho francês, nós espectadores observamos tudo através de espelhos, como se apenas a lente da câmera não fosse suficiente para mostrar a distorção daquelas estruturas.

E são os últimos dois minutos de filme que dão a tônica à crítica de Bertolucci. No momento em que "a rua entra na casa", e os três saem a gritar como se estivesssem desde o início envolvidos com os protestos, os personagens são prontamente descontruídos. Merda ao ímpeto revolucionário daqueles jovens cinéfilos parisienses que só se movimentam no descontexto da baderna. Afinal, toda a liberação sexual não representava mudança alguma senão para diante dos pais. "O que você quer fazer, jantar com eles?" questionava a mãe ao impedir o pai de acordar os amantes, abandonando-os à seu próprio desgosto.

"We accept him, one of us" é a frase que ecoa enquanto pessoas pequenas pulam em cima da mesa do circo.