categoria:: fotografia
coma insanus

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Depois de muitos meses resolvi colocar uma parte do ensaio das camisetas insanus no ar. Mesmo ficando tanto tempo na capa, pouco tinha me organizado pra fazer uma galeria dessas fotos. Chamem isso de tédio pré final de semana.

Marsílea Gomabata veste Cove, Sabrina Fonseca ajudou na produção, e as fotos são minhas, aqui, nesse link.

categoria:: cinema
não há silêncio

Andava atrás de alguns filmes do Guy Debord e acabei encontrando o site da UbuWeb, que oferece um ótimo acervo do cinema de vanguarda.

Entre filmes do Burroughs, Man Ray, e muita coisa do Fluxus, fiquei feliz de encontrar por lá o 4'33'' do John Cage. A peça, regravada em 2004 pela orquestra da BBC, é composta de três movimentos em que os músicos não tocam uma nota sequer. Nessa obra de 1953, Cage trabalha com a impossibilidade do silêncio, e levantou muita poeira no debate do que pode ser classificado como música.

E sim, também encontrei o que eu procurava do Debord. Critique de la Séparation, La Societé du Spetacle e ainda um documentário de 1989 produzido pelo Instituto de Arte Contemporânea de Boston sobre a Internacional Situacionista.

O acervo vale também pela velocidade grotesca em alguns arquivos maiores. Acabei de baixar Un Chien Andalou, do Buñuel, a 400 kb/s. Não vejo a hora de toda a rede ser assim.

categoria:: insanus
vestindo insanus

Dona Preta ligou hoje cedo contando histórias da viagem que estão fazendo pela Europa. Eis que em Milão foi barrada ao tentar entrar em uma igreja. Não estava vestida o suficiente para aquele ambiente santo, disseram, informando que usar blusa de alcinha em um calor de 30º não pode.

Sem pensar duas vezes, vestiu a camiseta do insanus que levava de presente pra Vanessa e entrou porta adentro. Rosa choque, insanus mais uma vez salvando o dia. Receberei fotos em breve.

Quer uma camiseta dessas? Peça pelo e-mail EuTambemQueroUma@insanus.org ou use a caixa de comentários abaixo.

categoria:: Porto Alegre
Ocidente

"Arrombaram meu carro na noite de sábado." Comentário que já virou tão corriqueiro que nem tem graça começar um post assim.

Pois saindo do Ocidente depois de uma noite de rock 90 e alguns outros sons completamente dispensáveis, me deparei com a porta do carro dobrada e meia dúzia de papéis e cds espalhados pelo chão. Não levaram nada - minha teoria é que fugiram do alarme ou algum transeunte -, mas mesmo assim deixaram um belo estrago que já vai custar uns pila pra consertar.

Irônico isso ter acontecido justo na noite em que fiz questão de estacionar longe do flanelinha da João Teles. Tudo porque na saída da Blow Up anterior, há algumas semanas atrás, o tal guardador de carros mostrou-se uma pessoa deplorável quando me viu partindo sozinho pela rua e chamou três comparsas que aguardavam na outra esquina: "Olha ali o magrão, no carro". Assim mesmo, gritando sem o menor constrangimento.

Humpf. Será que finalmente chegou a hora de ceder às pressões e começar a usar estacionamentos pela cidade?

categoria:: rascunhos
O Uruguai e a dinâmica dos comboios

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No início da semana passada fui dirigindo até Melo levar meu avô a negócios. Com o intuito de comprar o Uruguai, saímos cedo pra conseguir voltar no mesmo dia e colocar a capa nova do insanus no ar (viram que bonita?). A cidade, que fica logo depois da fronteira em Aceguá, é capital de estado mas tão pequena que no inverno o banco só abre depois do almoço. Sem problemas, tenho que respeitar um país onde a população come um pedaço de carne, e apenas um pedaço de carne, ao meio-dia.

No caminho de volta, depois de encarar a Maior Tempestade De Todos Os Tempos com direito a chuva de raios, céu roxo e um dilúvio de água que transformava os carros na contramão em grandes clarões de luz - chuva que provavelmente caiu em razão da nossa tentativa de fincar bandeira em solo estrangeiro, também conhecido como bad karma -, me vi no meio de um comboio e fiquei intrigado pela dinâmica que move um grupo de automóveis na estrada.

Estávamos sete ou oito carros andando a uma velocidade fixa, ultrapassando em conjunto e criando uma unidade que impunha respeito a qualquer veículo mais lento. Pode ser uma coisa masculina, mas a formação daquele grupo exercia uma grande atração, fomentando ao mesmo tempo sentimentos de segurança e valentia ao motorista que integrava o comboio.

É interessante como um grupo de pessoas que não se conhecem, representados ali apenas por carros cujas cores pouco se diferenciam na noite, passam a obedecer uma série de regras não declaradas que parecem inerentes a esse tipo de formação: a velocidade é mantida estável, nunca muito acima do limite estabelecido, e, desde que seguida a regra número um, em hipótese alguma um carro irá ultrapassar outro daquele mesmo comboio.

Qual o fato propulsor que conduz uma série de elementos isolados à unidade? A partir de que momento os motoristas se reconhecem como parte integrante de algo maior e passam a agir de acordo com essas regras?

Assim como a formação parece simples e ligeira, a sua dissolução é mais rápida ainda. Alguns quilômetros à frente, diante de um caminhão andando um pouco mais rápido ou um tráfego intenso na contramão, o primeiro e o segundo carro conseguem ultrapassar, mas já na vez do terceiro o motorista fica preso e passa a desestabilizar o comboio. O que antes era um grupo forte e estável quebra-se em pequenos grupos de dois ou três integrantes, momento a partir do qual a postura de cada motorista muda radicalmente.

O propósito inicial de cada um parece ser restabelecer a unidade do comboio, mas pra isso acabam quebrando as regras que justamente mantinham ele estável. O limite de velocidade já não é respeitado e os motoristas, antes cordiais uns com os outros, passam a se ultrapassar mutuamente em uma tentativa frustrada de criar algum vínculo com aqueles que passaram à frente mas não com os poucos que restaram. Afinal um comboio de apenas três carros não é expressivo e nem viril o suficiente.

Logo já não consigo ver os carros que há poucos minutos estavam à minha volta. Espalhados pela rodovia, volto à companhia solitária dos Peugeots vazios que viajam em cima de uma cegonha de 30 metros que insiste em atravancar a minha frente. Passo o resto do caminho imaginando o que deu errado e formulando uma teoria maluca, meio comunista, pra tentar angariar membros pro meu novo e renovado Comboio.

Mais fotos do Uruguai aqui.