categoria:: jornalismo
Caiu a casa

Ao que parece, existem várias outras entrevistas com as mesmas perguntas e respostas, cada uma assinada por uma pessoa diferente.

Devin Farachi, do site CHUD.com, fez esta, Edward Douglas, do commingsoon.net, fez essa. O mais provável é que todas foram feitas pela assesoria de imprensa do Woody Allen e distribuída pra quem quisesse publicar. Vamos tentar uma "exclusiva" pro insanus?

Falência do jornalismo universal.

O Parada, que não tem deadline pra cumprir, postou trechos idênticos das quatro entrevistas. Incríveis máquinas de gerar Woody Allen.

*UPDATE* Wilson Morales, do blackfilms.com, "escreveu" essa.

categoria:: jornalismo
Em resposta

Hoje no final da tarde consegui trocar e-mails com o jornalista Osmar Freitas Jr., correspondente da revista Isto É em Nova Iorque. Segue abaixo o que ele disse a respeito das extensas semelhanças entre a entrevista dele e a entrevista publicada duas semanas antes pelo jornalista americano Daniel Robert Epstein.

Pelo menos ele não mandou a gente se jogar de um penhasco (ou Jumpo Offo Cliffo) como fez o Epstein em suas respostas monosilábicas à questão.

Caro Osmar, Li a entrevista que fizestes com o Woody Allen, publicada nas páginas vermelhas da Isto É, porém tenho algumas dúvidas em relação à mesma. Em vários trechos, as perguntas e respostas são praticamente idênticas às de uma entrevista publicada há algumas semanas pelo jornalista Daniel Robert Epstein no site Suicide Girls. (...)

Caro Gabriel, saudações!

Acabo de receber uma cópia de mensagem colocada numa associação de jornalistas investigativos. No texto também se levanta a mesma questão. Estou preparando uma resposta para esta situação. No momento estou em pleno fechamento da edição e o tempo é curto: ao contrário de quem levantou esta lebre, eu tenho deadline!

Em primeiro lugar: não conheço o site Suicide girls, nem o jornalista Epstein. No encontro que tive com Allen havia apenas outro jornalista, meu amigo, que é documentarista de televisão.

(...)
Woody já havia mencionado- no release do estúdio- que fez uma adaptação especial do enredo para o Will e que o ator colaborou nisso. Portanto, não há segrêdo neste fato. Eu perguntei para Allen como isso foi feito. Se há semelhanças na resposta, o motivo é que Allen não daria duas explicações diferentes para uma mesma questão. Apenas isso. A pergunta teria sido feita por qualquer jornalista que acompanhou a divulgação do filme. Se o Epstein fez a mesma pergunta, é porque cumpriu sua tarefa de reporter informado.

Em segundo lugar: no texto que me coloca como possível plagiador, estranha-se a pergunta sobre o modus operandi do escritor Allen. Ora, eu mesmo sou um escritor. Todos os autores que entrevisto recebem a mesma pergunta sobre seu processo de criação. Quero saber como ele trabalha. Aliás, também faço a mesma pergunta para atores, diretores, artistas-plásticos e outros profissionais de criação. É uma curiosidade minha, e ao que parece, também do Epstein.

(...) Estou há 15 anos morando em NY, onde já havia morado durante os anos 80. Nunca fui acusado de plágio, ou de fazer meu trabalho de modo desonesto ou relapso. Eu jamais faria uma cópia de outra entrevista, mesmo porque não sou idiota. Uma pessoa minimamente esperta iria mudar o fraseado de perguntas e respostas. Não foi meu caso, porque simplesmente copiei- à mão- exatamente o que Allen me disse.

(...) Existem cinco testemunhas de que fiz exatamente esta entrevista com Woody Allen.

Abraços,
Osmar Freitas Jr.

Osmar, obrigado pela tua resposta. (...)

Porém as dúvidas continuam, especialmente quando tanto perguntas como respostas são idênticas, frase sobre frase, como o exemplo que coloco a seguir. (**) Você, (&&) Epstein.

** Não tive problemas com o DreamWorks. Foi muito bom trabalhar com eles, que aliás apenas distribuíam meus filmes.

&& The switch was easy. Dreamworks was great to work with and they only distributed my films.

** O Fox também é muito bom parceiro. Para mim, na verdade, tanto faz o estúdio: não há diferença entre os acordos que fiz com ambos.

&& Fox is great and I had a wonderful time with them. To me it was no different because I always work the same way.

** Ninguém lê meus roteiros. É tudo na base do pega ou larga: ou o estúdio quer ou não quer.

&& No one reads the script, they either want to go with me or they don't.

** Meus filmes não custam muito, então eles não arriscam somas enormes comigo.

&& My pictures don't cost a lot of money so they're really not risking a tremendous amount.

** Em compensação, eles não dão palpites sobre casting ou qualquer outro aspecto.

&& They don't get to say anything about casting or anything at all really.

Caso não tenhas lido, a íntegra da entrevista do Epstein pode ser acessada através do link http://suicidegirls.com/words/Woody%20Allen/. Concordo que o Woody Allen daria uma resposta semelhante nas duas ocasiões, porém não no nível que está disposto acima. Na tua entrevista, existem pelo menos mais duas perguntas, além das que tu menciona no teu e-mail, com extensas semelhanças.

De resto, peço permissão pra publicar a tua resposta à essa questão. Desde ontem, o fato tem sido amplamente divulgado na rede; especulações que ainda não tiveram um contraponto.

Abraços,
Gabriel Pillar

Caro Gabriel,
Todas as frases que você cita foram feita pela mesma pessoa. A explicação que dei anteriormente se aplica a elas também. Por que o Allen falaria diferentemente comigo e com o colega Epstein? De todo modo, Semelhanças de frases, sentenças e mesmo parágrafos acontecem em entrevistas. Trata-se da mesma pessoa falando a mesma coisa sobre seu trabalho, sua vida, seus interesses.

Parece que você tem mais do que um interesse pessoal no caso. Talvez você trabalhe para o site que divulgou esta acusação. Se isso for verdadeiro, não acha que eu deveria ter sido ouvido antes da divulgação?

Olha, eu estou preparando uma resposta mais longa justamente para colocar na rede. O texto seguirá por intermédio do Cláudio Tognolli.

De todo modo, minha correspondência contigo pode ser tornada pública.
Abraços, Osmar Freitas jr.

categoria:: mundo corporativo
One-liner do dia

Tudo bem, a gente faz pra amanhã, mas pede pra ela me mandar um vinil autografado dos Menudos.

categoria:: jornalismo
Será?

- Isto É.
- Oi, aqui quem fala é Gabriel, de Porto Alegre, eu gostaria de falar com Hélio Mello (diretor de redação).
- Olha o Hélio não está, sobre o que seria?
- Eu tenho algumas dúvidas em relação à entrevista com o Woody Allen dessa última edição.
- Ah, não fui eu quem fiz mas pode ser comigo, sou da editoria de cultura.
- Eu tenho uma dúvida quanto às circunstâncias da entrevista. O Osmar (Freitas Jr.) era o único jornalista presente?
- Sim, era só ele. Não era coletiva.
- E tu pode me confirmar onde ela foi realizada?
- Foi no apartamento de um amigo dele, em Manhattan. Era um jantar...
- Sim, sim. E tu podería me passar um contato do Osmar, talvez um e-mail pra que eu possa falar diretamente com ele?
- Olha... tu pode mandar um e-mail pra redação...
- Ok, muito obrigado, tenha um bo *click*

O Parada descobriu, Bruno, Walter e eu fomos atrás, e o Hermano arruinou tudo. Mais sobre isso ali na capa do insanus.

categoria:: Porto Alegre
Erre Quarenta e Um

motorista.JPGBatem seis e meia e o esporte nacional de caminhada com obstáculos no centro da cidade já pulsa a todo vapor. Esquiva daqui, dois passos pro lado pra evitar mãe e filha dali, e um pulinho por cima da caixa de verduras, tudo para tentar chegar a tempo do primeiro ônibus. Ouro para quem conseguir um assento vazio; eu, em décimo quinto, fiquei com a opção de buscar uma linha diferente.

Em minutos eu precisava estar nos arredores do Petrópolis, e de pronto o R41, Rápida Protásio, me pareceu a melhor opção. De expresso tinha o nome, e ainda por cima um motorista barbudinho com cara de Mad Max que me deixou convicto de ter feito a escolha correta.

Enquanto aguardava a longa fila entrar e tomar seus lugares, fiquei imaginando o coletivo rebaixado andando alucinado pelos corredores da Osvaldo Aranha. O verdinho cortando pela faixa contrária ao menor deslize do motorista à frente, deixando todos comendo poeira na parada e atropelando qualquer um que ouse atravessar o seu caminho. Na habilitação está escrito, em negrito por pouco não capitulado, Motorista de Linha Rápida, repetido tantas vezes com orgulho na presença dos amigos.

A primeira reação ao sonho de chegar em cinco minutos no meu destino foi perguntar ao motorista se o dito parava por ali. Afinal, o mínimo que se espera de uma linha rápida é que ela não pegue passageiros em todas as paradas. Recebi do volante um olhar de desdém como de quem diz "é obvio que sim, tu não ta lendo Protásio no letreiro?", e por instantes percebi que todo aquele jeitão roadster só podia ser pose.

Mal saindo do terminal, minha condução já começava a ser ultrapassada por todas as cores serrilhadas que ocupam as laterais do transporte público Porto Alegrense. "Vamos, corre, não deixa o Viamão te passar", soava inquieto com a melancolia de quem apostou todas as suas fichas no carro novo da Minardi.

A tal linha rápida parou em TODAS as paradas, pegou TODAS as senhoras, esperou as garotas que corriam de DENTRO do colégio e parou em todos, digo TODOS, os sinais amarelos.

E agora alguém poderia me explicar o porquê do nome do maldito ônibus?

categoria:: música
Afinal isso é um blog
Eu quero é botar meu bloco na rua
Sérgio Sampaio

Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou

Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou

Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero todo mundo nesse carnaval...

Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender

Eu também sonhei com uma sinfonia

O título é uma homenagem ao Bituca, que certa feita contou ter sonhado uma sinfonia completa e ter esquecido de tudo tão logo amanheceu.

Lá pelas três da manhã acordei completamente transtornado. Não pelo calor infernal ou pela umidade que me deixou colado na parede, mas com a REVELAÇÃO que me foi transmitida em sonho. Em meio a coisas corriqueiras como viagens pelo estrangeiro e anões tocando cítara, fui agraciado com uma verdadeira sinfonia caótica.

O conjunto de sons era ao mesmo tempo a coisa mais grotesca e a coisa mais bela do universo. Tons se alternavam de maneira nada ritmica ou melodiosa, porém tudo parecia fazer o mais completo sentido. Levantei e pensei que definitivamente aquele era o segredo maior da existência.

Por instantes tudo ficou mais claro. Imaginei contruir uma grande máquina capaz de reproduzir com exatidão aquele mesclar de tons e sobreposições imprecisas; estruturas nada mais que naturais. Estava sedento, e ainda no lúgubre do sonho.

Acho que deve ter sido a luz fluorescente penetrando duramente a retina, pois mal cruzei a porta da cozinha e esqueci de absolutamente tudo. Todos os sons, a construção do aparelho, e a notação exata mas ao mesmo tempo inexistente, ficaram lá, naquele ínfimo instante entre o levantar pra saciar a sede e o cair novamente no sono, ao sonho.

Restou apenas a vontade de ter voltado, e a certeza de saber qualéqueé.

categoria:: world wide web
Alguém trabalha numa sexta-feira?

moviepuzzle.jpgDepois dos nanopops, que acabaram com a produtividade de muita gente durante dias, agora é a vez do Movie-Puzzle fazer a sua parte em estagnar trabalhos e extender prazos.

O princípio é o mesmo: um arquivo Excel com uma imagem e um campo para preencher. Mas enquanto o anterior mostrava pequenos bonecos de pixels representando bandas ou personagens de filmes, no Movie-Puzzle os personagens simplesmente não estão ali. Cada imagem mostra um frame de um filme em que os atores foram digitalmente removidos. O jogo? Preencher o nome correto do mesmo.

A menos que tu seja um ávido fã dos blockbusters e pastelões hollywoodianos, não é nada fácil. Mas isso não é desculpa, o ímpeto de completar tudo ainda é maior. Os títulos estão em inglês, e o jogo sofre dos mesmos problemas de digitação que os nanopos, mas ei, hoje é sexta-feira e niguém vai notar se tu passar o resto do dia nisso.

Link para o .xls (716kb)

categoria:: insanus
Porque vertigo.

"Por que você tem um blog" parece uma pergunta simples. De relance pode ser facilmente respondida recorrendo ao não-sentido generalizado ou qualquer outra piadinha infame. Simples. Morbidamente simples.

Alguns colegas insanus utilizaram-se desse caminho, preenchendo com uma lacuna ainda maior o inquerido, porém não sei até que ponto devo criticá-los ou elogiar o desprendimento com o ato. Afinal o que resulta desse processo é um conteúdo belíssimo, daqueles que tenho orgulho de mostrar pra minha avó e dizer 'ó, esses aqui são meus amigos'.

O sentimento de comunidade, ou pelo menos de tentar mobilizar uma nesse antro virtual, me leva a sentar a bunda todo dia na frente do nosso dinossauro azul (vocês nunca viram o dinossauro?). Mas obviamente o vertigo também existe para saciar outros fetiches, de preferência longe de parapeitos e demais locais onde tudo fica mais leve.

Concordo com o Antenor (que por motivos alheios à minha insistência resolveu juntar-se à discussão de capa) quando ele diz que não quer viver sua existência com constantes olhos de blogueiro. Daquelas onde é impossível ler, assistir ou freqüentar qualquer lugar sem ficar com uma vontade louca de escrever imediatamente. Deixa eu aproveitar os meus momentos, é a única saída possível.

Assim, já tentei matar o blog várias vezes, ou reformular a sua estrutura para que os meus esporádicos posts parecessem só uma jogada de estilo. Não colou, obviamente, e hoje em dia tento manter uma relação mais saudável com o mesmo.

Acho que o que não quero é me livrar completamente da possibilidade. Além de ser um estímulo para escrever (como bem lembrou o Bituca, algo que a Fabico não faz), posso aproveitar e divulgar algumas idéias entre as vinte e poucas pessoas que passam por aqui todos os dias - e que sei que volta e meia se interessam em tocar projetos semelhantes.

Meu primeiro blog, criado com alguns amigos lá pelos idos de 2000, se chamava Apenas Um Blog. Não tinha nenhuma pretensão, muito menos relevância. Em épocas em que ter um blog realmente não significava muita coisa, ele era apenas isso. Ah, mas essa história fica pra outro dia, ainda estou tentando descobrir o porquê de um metablog.

The Family That Lays Together Stays Together
He already had a sense of yearning for an America he had never known. His mother used to tell him he was like a little old man. Did he think he was weird? "Oh, yes. I knew I was weird by the time I was four. I knew I wasn't like other boys. I knew I was more fearful. I didn't like the rough and tumble most boys were into. I knew I was a sissy."

The Guardian entrevista Robert Crumb em sua casa no sul da França. A reportagem dá início a uma retrospectiva com coisas novas e pouco conhecidas do misantropo norte-americano.

categoria:: pessoal
Na minha época os cachorros faziam woof woof

toydog.jpg

Eu preciso de um cachorro.
Pré-requisitos: não comer mais que eu, gostar de apartamentos, manter a voz baixa e ter pêlos porém não soltá-los.

Até passei a considerar a raça da foto depois que fiz a mesma exclamação hoje de tarde e recebi como resposta Minha cadela vai dar cria. R$ 2.500 o filhote fêmea.

Alguém se habilita?

categoria:: insanus
Do outro lado do espelho

A partir de hoje o backstage da comunidade insanus poderá ser acompanhado através do blog através do espelho. Quase um espaço institucional, estarei discutindo o processo de construção do insanus e outras barbaridades afins. Passem por lá de vez em quando.

Um meta-blog insanus

Acompanhar o desenrolar do processo criativo, o crescimento de uma comunidade ou as dificuldades para fazê-la surgir.

Este será o espaço d'outro lado do espelho, onde pretendo tratar do insanus como comunidade virtual, seu funcionamento e relações com nossas (e novas) ferramentas virtuais e as implicações disso na Grande Rede.

As possibilidades de desenvolvimento são muitas, e acredito ser importante manter um registro dos nossos passos. Assim, para aqueles interessados em saber um pouco sobre o insanus, stay tuned.

categoria:: cinema
Don't Panic

Por um momento eu subestimei este filme, mas as coisas parecem estar muito bem.
Assistam o trailer do The Hitchhickers Guide to the Galaxy (QuickTime). Para os amantes do soft sci-fi, promete.

categoria:: Porto Alegre
Esses homens loucos e suas máquinas voadoras

Hoje cedo no já costumeiro trajeto residência-trabalho, havia um carro atravessado no meio da rua. Não tinha ninguém dentro, qualquer sinal de acidente ou triângulo indicando pane. Simplesmente estava ali, parado, um Alfa Romeo verde ocupando duas pistas da 24 de Outubro.

Como se fosse a coisa mais normal de acontecer nesses horários de pico, os carros e ônibus adjacentes simplesmente davam a volta e seguiam seu caminho. Não ouvi uma buzina, uma sequer. Fosse qualquer outro dia já teria um ônibus passando por cima. Eu passaria, estivesse ao volante.

Não bastasse o instante de estupefação, vejo um homem saíndo do banco. Tranquilamente ele atravessa a rua em meio aos carros, entra no Alfa Romeo, liga, e sai dirigindo.

Humpf.