categoria:: jornalismo
tomas uma boleta?

direto da primeira edição do boleta que de alguma maneira surgiu hoje pela fabico:

eu_diarinho.jpg Estudantes fabicanos azucrinam redação de diário praiano e levam a melhor
Na tarde do dia 18 de fevereiro, a redação do Diário do Litoral em Itajaí foi prontamente invadida por cinco estudantes de comunicação da UFRGS dispostos a descobrir as origens deste que tornou-se célebre exemplo de jornalismo popular no país. Em férias no litoral catarinense, a trupe foi conferir a lambisgóia do infame Diarinho e resolveu contar tudo ao Boleta.

Circulando apenas pela região do Vale do Itajaí e cercanias, o Diarinho já conquistara leitores gaúchos através de sua página na internet (www.diarinho.com.br), onde os mãos-de-vaca da redação disponibilizam apenas a capa de suas edições diárias. Inconformados com a falta de acesso ao jornalismo verdade, os estudantes saíram em busca de exemplares impressos assim que adentraram o território catarinense. Diante de manchetes como Televisor cai em cima da cabeça e mata bebê e Assaltantes levam 30mil de agência marítima e vão jogar sinuca, inconfundíveis para os transeuntes, viram que precisavam conhecer as pessoas que produziam aquilo.

“Partimos à redação com alguns objetivos em mente: conhecer os editores, virar notícia na próxima edição, conseguir números antigos e uma possível assinatura para o nosso Diretório Acadêmico”, relatou Gustavo Moisés. Também estava entre as prioridades da visita descobrir por que o jornal não divulga os resultados do campeonato gaúcho, "até o estadual amazonense era noticiado", brandia o indignado leitor.

Esperando a pior recepção possível, estavam sendo carinhosamente aguardados pela belíssima Samara Toth Vieira, editora do jornal e funcionária do mesmo desde os seus 16 anos (vejam foto ao lado) Em cerca de uma hora de biriri, tomaram ceva, receberam propostas de emprego e foram apresentados à redação que já escrevia notícia da visita dos ilustres.

Fundado e financiado pelo advogado aposentado Dalmo Vieira, o Diarinho tem atualmente uma tiragem de 6000 exemplares. A publicação é uma que bate de frente com as tentativas de jornalismo popular dos grandes grupos de mídia: “aqui eles não entram”, constata Samara ao observar que a população de Itajaí prefere o Diarinho. A explicação para tal fenômeno que já dura 25 anos é o contato direto com a cultura praiana. As gírias utilizadas fazem parte da linguagem regional (veja quadro), e a abordagem direta faz a notícia parecer o relato de um amigo embriagado

O nome do sujeito que dá o tom aos textos do Diarinho é Juvan, redator chefe. Segundo ele, na hora da revisão umas e outras palavras são sempre substituídas para garantir o impacto de seus já intrigantes temas. Tudo o que é publicado passa pelo seu crivo, e em pouco tempo o antes inocente estagiário já estava escrevendo de forma estoporada e sintonizada com o que o leitor costuma ver no periódico.

Como era de se esperar, o Diarinho encontra também suas muitas desavenças, o que obriga os jornalistas a assinarem pseudônimos como Julieteta Muchibeta, Zé Fodeminha e Pocahontas do Brejo. Entre os indignados está o atual reitor da UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí), José Roberto Provesi. Após ampla campanha contra o crescente processo de privatização da universidade, que supostamente seria uma entidade filantrópica, o Diarinho foi proibido de circular no campus e banido das aulas de jornalismo da mesma. Procurado pelo Boleta, Provesi não quis comentar a situação.

No retorno à Porto Alegre, inúmeras edições do Diário do Litoral foram doadas pelo grupo ao Diretório Acadêmico da Comunicação (DACOM), onde já estão disponíveis para consulta. Os estudantes informam também que em breve estará firmado acordo com o Diarinho que garantirá o recebimento de novas edições impressas pelos estudantes fabicanos.

>> 'o boleta' em pdf
>> fotos da visita (no final)