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Entre os dias do nada e do tudo

Passo reto pelo trabalho. Não quero fazer os livros de outrem, não ontém, não naquela situação. Meio da tarde adentro um pouco frequentado cinema (por mim ao menos), distrações necessárias para um dia de completo nada. Sento no fundo, perto do corredor, e observo as pessoas entrando. Todas sozinhas, sentam o mais longe possível umas das outras. Também não quero interação, quero apenas assistir o filme. Mas eu já o vi.

Caminhava pela Ramiro em passos largos; largos e trêmulos. Queria fugir de tudo, quiça me enfiar numa bolha e pairar claustrofóbico e solitário. Perambulava quando desabou a árvore na minha frente - simplesmente caiu, morta. Ignoro os gritos do porteiro, o olhar estupefado da senhora de idade, o rebuliço criado em torno do ocorrido. Apenas dou a volta no caído e sigo indeterminado. Pois abandonei minhas poucas perspectivas, prontamente refutadas por um maldito ímpeto de saber tudo. Chega, não quero mais brincar disso.

Quero tomar o maior trago possível, cambalear entre ruas e me perder olhando pra lua. Maldita lua, tu que começaste tudo isso. Mas nem perto, ouço Wisnik e durmo cedo... cedo demais. O que não prontamente esperava é que hoje reza minha agenda ser o dia do tudo.

Reencontro já esquecidas pessoas, planejo novas loucuras, enfim ainda existo. Pelo menos não ficarei resmungando entre uns e outros; o dia de ficar triste foi ontém.