Estava indo pra academia quando chegaram dois caras da Polícia Federal querendo falar com a SÍNDICA, minha mãe. Um deles era o DELEGADO MAINARDI (fiz um esforço para não gargalhar quando ele se apresentou). Chamei minha mãe e fui tranqüilo puxar meu ferro.

Hoje teria BACALHAU de janta aqui em casa. Uma das maiores especialidades. Com o apetite realçado pela atividade física, fiquei no aguardo. Mariana chegou. Assistimos, eu, ela e o pai, a todos os telejornais da noite. Nada da minha mãe chegar.

Fui até os porteiros, sempre os melhor informados. Segundo eles, ela estava no apartamento 903. Disseram que não era bom ir lá porque "a chapa tava quente". Eu fui, porra, minha mãe não chegava nunca e eu queria comer a porra do bacalhau. Os caras de coletes estavam barrando a porta e me mandaram, com todas as letras, voltar pra casa bem quietinho porque o apartamento estava sendo revistado e minha mãe, como síndica, estava de testemunha.

Ela chegou em casa passadas 22h. Eram 18h quando eu estava saindo pra academia. A história é mais ou menos assim:

O dinamarquês Jan (nome fictício, não lembro o verdadeiro) é o proprietário do ap. nº 903 deste prédio. Ele não mora aqui, apenas mantém uma amante brasileira que está grávida de vários meses. Ele tem uma ordem de extradição do governo dinamarquês por TRÁFICO de entorpecentes. A PF bateu aqui com uma ordem de busca e apreensão E um mandado de prisão. Se ele estivesse aqui, sairia algemado direto pro xadrez. Esta garota grávida que mora no prédio é apenas uma "namorada" brasileira. Ele é casado e sua mulher também é procurada pela Interpol. A coitada que é minha vizinha de fato serve apenas para ter um filho brasileiro a fim de tentar evitar a extradição do camaradinha gringo, só que o filho demorou demais e o cara já está foragido em alguma ilha caribenha.

Agora a melhor parte: na busca, a PF não encontrou nenhuma droga (que eu de muito bom grado solicitaria ao DELEGADO MAINARDI), mas encontrou o cofre. Dentro deste cofre havia BOLIVARES. Sabem o que são BOLIVARES? Dinheiro da Venezuela. Eu não conheço nenhuma declaração de culpa maior que ter BOLIVARES no cofre, além é claro de ter PASTA DE COCAÍNA PURA guardada. Junto dos Bolivares, algum dinheiro em PESETAS (que não valem mais nada), ESCUDOS (que também já perderam a validade) e 100 mil EUROS. O cara tinha 100 mil EUROS no cofre de um apartamento de fachada aqui em Copacabana, um apartamento no qual não morava. Era apenas uma graninha de emergência, mas o aparelho caiu.

Para sorte da garota grávida, ela não estava acusada de nada (nem de cumplicidade), mas teve o Golf ZERO (em nome do gringo) apreendido. Foi embora do número 2112 da Atlântica de táxi, sabe-se lá para onde.

Amanhã vocês verão uma nota sobre este fato em alguns jornais do país. Mas leram antes aqui.

E pensar que eu estranhava o cheiro de maconha que chegava pela janela do banheiro.