O sotaque mental é pior. Mas os sotaques falados também fazem o suplício de quem vai morar no Exterior. E de quem recebe estrangeiros em sua terra também. Achei muito estranho o Fred se atucanar que eu falo atucanação. Ele acha super normal ficar bolado quando eu falo que tô atucanado. Eu até gosto de bolado, bolei principalmente, mas não consigo deixar de dizer que tô atucanado quando ouço alguém falar a pior gíria do Brasil: MANEIRO.

Mas nada, NADA, é pior que um vício de linguagem que chegou de São Paulo (grande celeiro de expressões imbecis):

INTÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO

- Qual o seu nome?

- Intão, (...) restante da resposta.

Não existe como conversar com um paulista sem ouvir duas ou três vezes esta expressão. Eu tento não me importar. Conto um, dois, três. Mas tenho uma contração cardíaca involuntária toda vez que pergunto alguma coisa e o prefixo de resposta pipoca na boca do interlocutor: INTÃO.

O pior é que, como boa parte das pragas de linguagem criadas no pólo industrial de business e pizza, a exemplo da horrorosa BALADA, o INTÃO está se espraiando. Já é verificável em alguns diálogos com cariocas como uma forma de mostrar sofisticação. Já verifiquei também num diálogo com um espécime de perfeitus idiotam portoalegrensis INTÃO, blábláblá. O que se pode contra isso? Nada.

Completando a hate list das expressões odiosas no idioma do sudeste, temos mais duas: a interjeição NOSSA e o posfixo ENTENDI.

O nossa já é meio universal, mas nooosssa, como me irrita. É mais comum por aqui que no resto do Brasil, onde às vezes é substituído por um "BAH" ou um "RAAAPAAAAIZ". Qualquer coisa é melhor. Noossa, parem de invocar a mãe de Jesus. Pobre senhora.

Terminando, o carioca ouve uma enorme explicação sobre algo. Atentamente. Faz movimentos de aqüiescência; no final, responde com uma única palavra: entendi. E a conversa acaba. Poderia fazer um comentário, se ele está ouvindo e anuindo é muito natural que esteja entendendo, mas não, no final o assunto morrerá com uma sentença: ENTENDI.