Nice film. O segundo passo no plano de dominação mundial do Academy Award-nominated director of "City of God" prova que o cineasta tem falado com as pessoas certas nas festas que freqüenta. Tudo impecável: elenco, fotogafia, argumento, locações, edição. Filmaço, mesmo. Pena que Fernando será lembrado mais por falar um casual enlish, super distraidamente, com a imprensa (brazuca) na pré-estréia carioca da superprodução, algumas semanas atrás.

Não há muito como se enganar quando uma história de amor fora dos padrões se mistura com um grave fato social pouco explorado no plot. É explosivo. O talento de Meirelles tá em colocar tudo de maneira muito inusitada em quadro. A fotografia de desertos e savanas africanas e a presença do melhor ator inglês dão à obra certo sabor de Paciente Inglês, mas a verdade é que qualquer comparação seria injusta. A assinatura do diretor está em cada detalhe e no close da fuga de uma galinha (cena que inicia Cidade de Deus). É um consórcio de muitos talentos, entre os quais a de Rachel Weisz, do ator italiano Danny Huston e, imagino, do best seller inglês. A trama gira em torno da suspeita em relação à fidelidade de Tessa, envolvida com questões humanitárias na África, acaba por revelar inverossímeis surpresas e um desfecho que não ofende com remissões exageradas ou o improvável sucesso dos mocinhos contra os grandes laboratórios.

Poderia ser mais espírito de porco e dizer que Fernando Meirelles e seus chefes ingleses mais uma vez exploraram a miséria e a desgraça pra fazer um filme (que não chega a estetizar ou satirizar a pobreza e a violência como em CDD) sem oferecer nenhuma solução, mas a sinceridade me obriga a admitir que a miséria e a desgraça realmente dão muito bons filmes. Não é prerrogativa de nenhum deles qualquer coisa mais que documentar os problemas com fidelidade e força e alçar seus produtores à riqueza e ao estrelato.