Quem disse que pessoas vivendo uma vida pacata começam (ou voltam) a ler? Retomar o hábito vem bem depois de encher a cara, procurar o que comer e ficar olhando uma tela depois.

Descobri que a programação da NET está cada vez mais voltada aos solitários. O Telecine Action tem uma sessão de softcore agora, o GNT também. Pra não me sentir tanto público alvo de anúncio de acompanhantes acabo dando uma vagabundeada pelos canais. E acho, no meio de toda a mesmice, a Record.

Eles estão com reportagens televisivas quilométricas, muito pouco comerciais. Pouca edição, blocos inteiros sem corte ou com muito pouco corte. E estamos vendo os repórteres acompanhando a rotina dos kanairuás, ou qualquer nome assim, e a repórter mostrando as crianças da aldeia felizes da vida entre formigas saúvas. Não estavam simplesmente matando as saúvas, elas simplesmente catavam, davam uma torcida e comiam as formigas. Aquilo me provocou um tal horror, até porque eu SEI qual é o gosto que uma formiga tem, que pensei seriamente em como temos que agradecer aos europeus pelo extermínio dos selvagens. Ainda que o serviço tenha sido meio porco e eles inclusive tenham emprenhado algumas selvagens, gerando mestiços. Mas o horror continua, mostrando os jornalistas provando a iguaria, frita. A primeira é encarada com uma careta suave. Depois da segunda saúva, o horror gastronômico se manifesta.

Mas naquela aldeia está aquela garota mineira, a maconheira aquela que apareceu na Globo, vivendo entre os índios. Ela disse que aquilo era muito importante para a profissão dela: atriz. Não pude deixar de notar que ela se mudara para a aldeia aos 20 anos. O jeito de maconheira de falar. E pensei que conhecer (ou querer conhecer) outras culturas não tem nada a ver, aí.