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ÍNTEGRA DA ENTREVISTA COM A BANDEIRINHA

Mais para registro, mas também para quem se interessa, a íntegra da entrevista com Ana Paula Oliveira, feita em uma tarde de abril em sua casa, em Hortolândia. Lembrando sempre que a entrevista foi elaborada com vistas no público JOVEM.

Abre:


Ela é admirada. Desejada. Cobrada. Tem uma função de responsabilidade: o auxílio do árbitro na marcação de lances como o impedimento, um dos mais difíceis e polêmicos do futebol. Circula entre os homens e se impõe sem perder a graça. Ana Paula Oliveira é uma celebridade única por conseguir reunir esta virilidade das decisões no jogo com a beleza e a sensualidade do mulherão que é. Estudante de jornalismo da Hoyler, de Campinas, sonha em ter um programa de entrevistas no futuro. Que ninguém duvide: ela conseguiu superar sua origem humilde para despontar como uma das mais respeitadas árbitras da Fifa no Brasil. Ana Paula Oliveira recebeu a reportagem da revista Na Mosca em sua casa, em Hortolândia, para uma entrevista exclusiva, que você curte a seguir:


PINGUE-PONGUE:


O futebol feminino brasileiro anda mal. O público brasileiro não está preparado pra ver a mulherada bater bola?


Não é o público que tem que estar preparado, tem que haver interesse do empresariado primeiramente e também precisa muito da participação das jogadoras no sentido de melhorarem o seu comportamento. Com estas duas mudanças acho que se traça o caminho para o futebol feminino no Brasil ser top e também para o público começar a se interessar mais.


Como isso aconteceria?


Em outros países as meninas começam a jogar bola no primário e já chegam na faculdade com uma boa base. Há times daqui da região de Campinas como o Guarani que têm convênios com as universidades de lá para que as meninas que se destaquem aqui possam ir para lá. São Paulo é o único estado com um campeonato feminino. Falta trabalho de base.


O que você entende por mudança de comportamento das jogadoras?


Acho que elas devem mudar de imagem, tem que ter uma imagem positiva pra vender. Os empresários só apostam, como apostam na Ana Paula, se souberem que terão um retorno. A história do futebol feminino fala por si só. As mulheres têm fama de serem muito masculinas, de não se comportarem bem onde devem se comportar bem... Tem que ter postura. Não é legal ver um time de futebol bebendo depois do jogo. Coisas que foram feitas no passado mancharam o futebol feminino.


Você acha então que as jogadoras se estigmatizaram como masculinas?


Nossa, demais! Por que eu e a Silvia (Regina de Oliveira, árbitra de futebol) aparecemos tanto? Porque temos um biótipo diferente da maioria das mulheres que atuam no campo masculino do futebol. Nós mudamos esta imagem. O futebol feminino tem que se feminizar.


Como assim?


Nós vivemos num país machista, é inegável. Não adianta você colocar em horário nobre futebol feminino com jogadoras de cabelinho curto usando calçãozinho naquele estilinho aparecendo a calcinha. Isso não dá ibope. O público que consome futebol no Brasil ainda é o público masculino.


Mas está aumentando o interesse das mulheres pelo futebol.


Sim, acho até que eu faço parte dessa mudança no comportamento das mulheres.


Você é a favor do uso da tecnologia na arbitragem?


Sim, sou favorável. Acho que vem para somar. Penso e afirmo que a tecnologia é bem vinda. Teve até aquela polêmica do ponto eletrônico...


Você desligou mesmo o ponto?


Isso é uma calúnia, não ocorreu porque eu sou profissional até demais. No final do jogo choveu e houve uma interrupção no sinal. O que me irritou naquele dia não foi o uso do ponto, foi a recepção que eu tive do público.


O que aconteceu?


No jogo em Araras havia 560 torcedores que foram lá só pra me ofender por causa do lance polêmico no jogo Palmeiras x Corinthians. Nunca me aconteceu nada igual. Mais de 500 torcedores estavam lá só pra ofender a Ana Paula.


A que você atribui tanto ódio?


A mídia usou o fato de uma forma que vendesse porque a Ana Paula vende. Então enfocaram neste sentido, para explorar minha imagem. Mas não houve erro nenhum, o lance foi falta. O que houve foi uma demora na minha decisão.


Você jogava vôlei, né? Por que parou?


Ah, foi uma frustração. O dia em que haveria um teste para entrar num time juvenil de Campinas era um sábado e como minha família é de cristãos adventistas eu fui proibida de participar. Então acho que me realizo como auxiliar de arbitragem no futebol até por isso.


Na sua faculdade vai haver algum evento relativo à Copa?


Não, a minha faculdade é nova então não tem muita estrutura, não tem um ginásio. Até eu faço muita esta sugestão de montarem um ginásio, uma quadra de esportes.


Então também não há jogos universitários...


Não.


Mas você já apitou algum jogo universitário?


Já. Mas infelizmente foi só a final do Interclasses de Direito da PUCCamp, que foi uma experiência muito bacana.




E o assédio dos colegas, rola?


Sim, acontece bastante com colegas, amigos da imprensa, porque eu me relaciono com todo mundo... Mas o que eu acho bacana é o respeito, é aquela coisa sadia tipo te canta numa onda “to na fila, tem jeito? Tô ‘rankeado’?” (risos)


E tá solteira?


Tô, to solteira. Mas sempre tem uns rolinhos...


Falando de sua carreira de árbitra, além da paixão pelo futebol rolou um bom suporte financeiro?


Olha, contou as duas coisas. Entrei no futebol com 14 anos porque gostei, nem meu pai nem minha mãe queriam, mas também comecei a ajudar em casa e era um dinheiro bem importante e ajudava no orçamento da família e nos meus estudos.


Juiz ganha bem?


Não vou dizer que ganha bem, mas não dá pra se queixar. Tem gente que reclama mas o Brasil é um país que dá muitas oportunidades.


Você acredita mesmo nisso?


Eu acredito. Acho que só passa fome no Brasil quem quer. Tem muita assistência social hoje. Mas não vamos falar de Nordeste, né. Vamos tomar São Paulo, uma realidade mais próxima. Um camelô pode ganhar mais que um gerente de empresa. Digo isso porque eu fui camelô, vivi isso.


Você trabalhou como camelô antes de começar na arbitragem?


Sim, vendia laranja, coxinha, torresmo, churrasquinho... Fui um bombrilzão mesmo, mil e uma utilidades. Só aos 16 anos tive meu primeiro emprego registrado então comecei a conciliar melhor a rotina de estudos, trabalho e arbitragem.


E sobrava tempo pra curtir?


Pois é, não aproveitei muito não. Teve muitas vezes que tive de abrir mão de festinhas e bailinhos porque precisava me poupar.


Você se firmou na arbitragem numa boa ou teve que ralar?


Tive que ralar bastante. No começo da carreira tive o preconceito porque era mulher e era uma mulher que chamava atenção, muitos achavam que eu estava nesta para aparecer. Mas isto tudo foi superado e minha carreira fala por si só.


Existe então esta diferença de tratamento entre homem e mulher?


Não, acho que no começo da minha carreira houve o preconceito, mas hoje me respeitam pela árbitra competente que eu sou. Muitas vezes vêm capitães dos times me cumprimentar no começo do jogo dizendo que estão tranqüilos porque sou eu que vou apitar.


Qual era o seu objetivo quando entrou para o futebol?


Eu queria ser respeitada. Muito mais importante que todas as outras conquistas é o respeito. Hoje, graças a Deus, com 27 anos, nove de carreira, eu posso dizer que consegui. Não tem dinheiro que pague isso.


E o outro lado, quando você vê uma mancada sua na TV?


Eu me cobro muito. Tenho o hábito de rever e guardar as fitas dos jogos ou comentá-los depois com alguém que viu. Detesto errar, sou muito perfeccionista. Mas tive que aprender que o erro faz parte. O bom árbitro é aquele que erra menos.


Teu sonho é apitar uma Copa. Você acha que uma bandeirinha mulher pode tranqüilamente apitar uma Copa?


Tranquilamente não. Acho que o maior desafio para as mulheres é a parte física. Se igualar ao homem na preparação física é o degrau mais alto tanto para mim quanto para as outras árbitras mulheres chegarem à Copa do Mundo.


Você já está na Fifa, né? Entrar na Fifa foi difícil?


Sim. Foi a maior dificuldade da minha carreira. Rodei em três testes físicos. Quando finalmente passei, em 2003, eu digo que foi um renascimento das cinzas. Foi quando minha carreira decolou mesmo. Comecei a aparecer na imprensa, fiz a grande final do paulistão e a semifinal da Copa do Brasil, no ano seguinte fui à Olimpíada de Atenas. Foi a grande virada.


Por que você escolheu estudar jornalismo na faculdade?


Primeiro pra ser comentarista, mas meu grande objetivo é ter um programa de entrevistas com personalidade dos esportes, não apenas atletas mas também quem atua nos bastidores. Está entrando no ar o meu portal, feito por colegas meus, que terá uma abordagem bem jornalística.


Tem alguma realização que você já queira destacar?


Chegar ao terceiro ano. (Risos) Com a minha rotina tenho que contar com o apoio de meus colegas e professores da Hoyler e até me apóio na Lei Pelé para abonar faltas.


E como árbitra, qual sua maior realização?


O prêmio de melhor árbitro feminino de 2005.


Como é sua relação com os fãs? Recebe muitos e-mails?


Recebo cerca de 200 e-mails por dia. Mas teve momentos, como a recente polêmica, em que num único dia chegaram mais de 700. Dou muito autógrafo na rua, também. Tenho um cartão com meu site para distribuir autografado.


Quem é o melhor jogador brasileiro? E o mais bonito?


O melhor brasileiro jogando no Exterior é o Ronaldinho Gaúcho. O melhor jogador do país não é brasileiro: é o Tevez. O mais bonito é o Lugano, Kaká já teve seu momento.

18/06/2006 17:54    | Comentários (1) | TrackBack (0)

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