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março 19, 2007

Quatro moscas e um volante colombiano

Tanto fiz que perdi a hora de ir ao Beira-Rio no sábado. Além do tempo instável e da necessidade de publicar um texto após o jogo, o estado de inércia pós-trago fez com que eu ficasse me arrastando pelos cômodos de casa até perceber que faltavam alguns minutos para o começo da partida.

Não me restou outra saída que não pegar o carro e ir atrás de um bar. Assim o fiz, zanzando pela principal avenida de Cachoeirinha, a Flores da Cunha, que tem como objetivo maior ligar Porto Alegre a Gravataí. Achei um estabelecimento que parecia decente, mas, como na maioria dos bares da cidade, tive a impressão de que morreria dois segundos após consumir qualquer coisa dali. No entanto, nada que pudesse segurar o ímpeto de um torcedor.

Pedi uma Coca Cola Light sabendo que sentiria gosto de chopp.

- Suco?
- Não, Coca Cola.
- Não tem nada light
- Guaraná, então?
- Suco?
- Não, guaraná, desses tipo refirgerante.

O cara me trouxe um Fruki de 600ml, bebido com parcimônia durante duas horas. Sempre me sinto culpado quando gasto pouco em bares. Pedir refrigerante já me parece uma ofensa quase irreparável, mas não havia outra saída. Era isso ou ficar instantaneamente bêbado se tomasse um gole da marvada.

Era um boteco bem honesto, mas me chamou a atenção que todas as toalhas estavam amassadas como se fossem guardadas juntas dentro de um saleiro. Rasgadas, também. Na mesa em que fiquei, a toalha guardava resíduos de feijão. Quatro moscas brigavam para pousar em um grão inchado quando soube que Vargas e Ji-Paraná estavam escalados na meia-cancha. Vibrei por ter vencido a falência total do organismo e ali estar, na frente da TV de 24 polegadas. As moscas compreenderam meu sinal e fizeram manobras no ar. Depois, pousaram no recipiente do azeite. Finalmente, eu veria Fabián Vargas começar uma partida com a camisa do Inter.

E o volante colombiano foi o grande destaque do jogo. Estava em todos os lugares do campo quase ao mesmo tempo, nem parecia que recém retornara delesão. Marca, desarma e passa com qaulidade. Merecia ter sido expulso, mas não foi. A cada sucesso seu, mais me parecia descabido o fato de Abel ignorá-lo durante meses. Quando Tinga saiu, ele deveria ser o substituo. Além de Vargas e do bonito gol de Fernandão, o único do jogo, saudei o fato de o Inter ter voltado a marcar como não fazia desde 2006. Tanto que o Juventude teve chances apenas em bolas paradas.

No final do jogo, quase com vergonha, paguei dois reais. O público do estabelecimento começava a mudar, anunciando que já era noite. E noite em Cachoeirinha. Chegou no bar um cara igual ao Oséas, com trinta quilos a menos e quarenta anos a mais. Caráter suspeito, assim como muitos que bebiam seu veneno por ali.

Cidade dos infernos, essa.

No domingo, a estratégia do Caxias para combater o Grêmio foi acertada. O time treinado por Edson Gaúcho - que não aceita jogadores cabeludos ou com brinco - saiu de forma desesperada, aprontando uma correria para cima dos gremistas. Mas o gol não veio, apenas duas bolas na trave.

Quando o ânimo do jogo acalmou, o Grêmio aproveitou as falhas do Caxias para comprovar sua superioridade, mesmo atuando com vários reservas. Éverton marcou ainda no primeiro tempo. No segundo, bem cedo Pereira fez o segundo, praticamente matando a partida. O terceiro veio de pênalti, com a equipe serrana totalmente desnorteada. Zé Roberto ainda descontou, também de pênalti, os caxienses tentaram mais alguma coisa, mas não tiveram forças. Agora a classificação do Caxias está ameaçada pela ascensão meteórica do São José.

Saudações,
Douglas Ceconello

Publicado em março 19, 2007 1:35 AM

Comentários

"Pedir refrigerante já me parece uma ofensa quase irreparável"

Pedir refri light, então, pior ainda.

Vargas joga muita bola. Tudo aquilo que se falou quando ele foi contratado - que poderia ser o novo Tinga, enfim - foi confirmado. E poderia ter sido antes, não fosse o Abel um demente completo.

Publicado por: Francisco em março 19, 2007 8:24 AM

Algumas ponderações:
- a descrição da "aventura" do Douglas é genial. Não importa o jogo de futebol.
- algo de preconceito no comentário sobre o Oséas
- ascensão meteórica do São José = Danrlei

Publicado por: Gustavo em março 19, 2007 9:21 AM

Foste MORTO PELO CHOPP REPUBLICANO, também?

Acordei sábado com uma betoneira na cabeça.

Nem cogitei ir ao Beira por causa disso.

Publicado por: EGS em março 19, 2007 9:28 AM

E um comentário sobre Formula 1, o outro esporte possível:

Lewis Hamilton é bom, mas está perdido para sempre na carreira. Galvão disse que "os brasileiros chamam ele de Robinho".

Desgraçou completamente o guri.

Publicado por: Francisco em março 19, 2007 9:39 AM

não conheço o tal edson gaúcho, mas só por não aceitar jogadores cabeludos ou com brinco já ganha meu apoio. recomendo também o veto a chuteiras coloridas.

Publicado por: m em março 19, 2007 9:47 AM

"Depois, pousaram no recipiente do azeite. Finalmente, eu veria Fabian Vargas começar uma partida com a camisa do Inter."

OLÉ!

Publicado por: Hermano em março 19, 2007 10:13 AM

Francisco, todos os refiregerantes são melhores e MAIS SABOROSOS na sua versão light. Não é pelo fator dieta.

Gustavo, não há qualquer preconceito. Sou um OBSERVADOR SOCIAL. Correntes douradas não mencionadas no texto comprovam meu depoimento. A não ser que tu esteja falando de preconceito sobre centroavantes ruins. hrsghrs

E Egs, realmente, acordei com JESUS NO COLO. Graças a Deus que a patroa precisava voltar mais cedo, senão estava na rua ATÉ AGORA.

No mais, valeu a todos.

Publicado por: Douglas Ceconello em março 19, 2007 12:09 PM

Pareçe que as TVs de 25 polegadas tomaram as pírulas encolhedoras do Chapolin e viram 24...

Publicado por: Léo em março 19, 2007 1:09 PM

É, as correntes douradas fazem toda a diferença... hgsghaslg

Publicado por: Gustavo em março 19, 2007 1:09 PM

Pareçe que as TVs de 25 polegadas tomaram as pírulas encolhedoras do Chapolin e viram 24...

Publicado por: Léo em março 19, 2007 1:10 PM

menção honrosa para a excelente atuação do Ji-Paraná, que é o volante pela esquerda que o Alex gostaria de ser. Poderia ser um meia-esquerda, mas não tem vocação para armador. Cruza bem, sabe tabelar e tem um chute forte.

E Christian é um enganador. Só o Iarley sabe aproveitar o potencial de tabela e conclusão do Fernandão.

Publicado por: Luís Felipe em março 19, 2007 1:17 PM

*viram=viraram

Publicado por: Léo em março 19, 2007 1:25 PM

"...todos os refiregerantes são melhores e MAIS SABOROSOS na sua versão light."

Só pode estar louco, Douglas. Isso é o mesmo que dizer que mulher é melhor que uma carnuda.

Publicado por: Bueno em março 19, 2007 1:34 PM

É sério. Quase vomito se tomo uma Fanta ou Coca normal.

E ainda sinto saudades da antiga Coca Cola light. Com um cigarrinho, então, era uma dádiva.

Publicado por: Douglas Ceconello em março 19, 2007 2:08 PM

bá, fiz bem em não aceitar aquele convite, então.

se bem que acordei no sábado com ESCORBUTO, de qualquer jeito.

é a sina.

Publicado por: dante em março 19, 2007 2:25 PM

"Pedir refrigerante já me parece uma ofensa quase irreparável"

Pedir refri light, então, pior ainda".

Só faltava pedir uma caipirinha de morango e meia porção de batata-frita.

Publicado por: BERNARDO FONSECA NUNES em março 19, 2007 6:00 PM

Não tive tempo hábil para comparecer nem no convescote da sexta nem na estréia do Vargas no sábado.

Mas deu pra ver que era pura implicância do Abel não colocá-lo quando estava com condições de jogar.

E no lance do gol que definiu a partida, falha lamentável da defesa esmeraldina.
Pato tenta carregar e bola mas não consegue. Os TRÊS zagueiros acompanham o movimento do guri e esquecem da bola, que se aproxima om perigo dos pés de Fernandão.
Quando ele chuta, já é tarde para esboçar reação alguma, resta esperar que o goleiro faça um milagre que não acontece, Inter 1-0 e PAPO FINAL, com outro trocadilho infame.

Publicado por: Vitor VEC em março 19, 2007 10:51 PM

golaço do Fernandão, hein?

Christian tava bem mesmo era no Juventude ano passado, aquela saudável mistura de aspirantes do Grêmio e veteranos do Inter

Publicado por: Caue em março 20, 2007 12:36 AM

Vítor, a superexposição na imprensa tem suas vantagens as vezes. O time do Ju passou o jogo todo de olho só no Pato. O lance do gol, como tu falou, ilustra isso.

Publicado por: Bueno em março 20, 2007 9:12 AM

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