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Propaganda de alimentos gordurosos aumenta obesidade infantil, diz estudo

março 28, 2007

Procurado pela reportagem, o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), preferiu não se manifestar sobre o estudo, mas segundo a assessoria de imprensa, o órgão tem regras próprias para o assunto. (Folha Online)

Propaganda de alimentos gordurosos aumenta obesidade infantil, diz estudo

RENATO SANTIAGO
da Folha Online

A televisão contribui para o aumento da obesidade entre crianças e adolescentes. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela psicóloga Paula Carolina Barboni Dantas, da USP de Ribeirão Preto (314 km a norte de São Paulo). A pesquisa relacionou a obesidade das crianças à quantidade de propaganda de alimentos ricos em gordura, açúcar, sal e óleo exibidas na televisão.

O estudo traçou o perfil consumidor de 816 famílias que têm filhos entre 8 e 14 anos matriculados em escolas municipais e estaduais da cidade. São pais que ganham um salário mínimo, não têm o primeiro grau completo e não planejam as compras. "Compram porque viram na televisão", explica a pesquisadora.

Ao mesmo tempo em que traçou os hábitos de compras da família, o estudo também determinou a quantidade de propaganda de alimentos gordurosos veiculada nas três emissoras de mais audiência e os hábitos alimentares das crianças. Foram gravadas 740 horas de programação, entre 1998 e 2002, e todos os comerciais exibidos classificados em 15 categorias, de acordo com o tipo de produto.

Cerca de 27% da propaganda exibida era de alimentos. Desse total, 57% vendia produtos como refrigerantes, achocolatados, bolachas recheadas e salgadinhos. Não havia propagandas de frutas ou verduras.

Em relação à dieta, a pesquisa concluiu, depois de avaliar questionários respondidos pelos pais, que as crianças comiam arroz, feijão e salada, mas também muitos alimentos gordurosos ou cheios de açúcar.

"A televisão pode, sim, ser considerada um fator ambiental que contribui para o aumento da obesidade. Ela tem recursos que podem estar promovendo hábitos alimentares inadequados e que isso vem desde muito pequeno", conclui Dantas.

Segundo a pesquisa, 24% dos estudantes avaliados têm sobrepeso ou obesidade. "É um índice alto. Nos Estados Unidos, são 30%", avalia.

Regulamentação

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estuda regulamentar a exibição de propaganda de alimentos calóricos na televisão. Desde novembro de 2006 está aberta a consulta pública 71, no site da agência.

Qualquer pessoa pode ler e opinar sobre o texto, que restringe a propaganda na televisão dos alimentos gordurosos entre as 21h e as 6h, além de vetar a promoção dos alimentos nas escolas. Depois da consulta, que termina em 1º de abril, o texto pode virar uma resolução.

Procurado pela reportagem, o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária), preferiu não se manifestar sobre o estudo, mas segundo a assessoria de imprensa, o órgão tem regras próprias para o assunto.

As "Novas Normas Normas (SIC) Éticas Para a Publicidade de Alimentos e Refrigerantes" dizem que "A publicidade de produtos alimentícios dirigidos a crianças não deve utilizar-se de estímulos imperativos, especialmente se apresentados por pais e professores, salvo em campanhas educativas. A publicidade de produtos alimentícios destinados a crianças receberá a interpretação mais restritiva." (Folha Online)

Walter Valdevino Comportamento , Dieta , Estudo Comentários (0) Comentários (0)