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A comida dos Magyars

canga.jpgO velho senhor solta uma risada quando perguntamos se é Karoly. Diz que gosta quando o chamam pelo nome errado. "Me faz parecer outra pessoa," revela um sorridente Károly - assim, com a tônica na primeira sílaba como na maioria dos nomes húngaros.

Três anos atrás o mesmo senhor passava por um grupo de jovens que bebiam e comemoravam algum aniversário no bar da Wilma, aquele estrategicamente localizado nos arredores da faculdade de comunicação da UFRGS. "Argh, vocês precisam conhecer o restaurante A Canga," revelou com um forte sotaque aos presentes, perplexos por aquela aparição de repente.

Tão logo chegou, voltou para a rua escura, deixando as pessoas na mesa imaginando o que poderiam comer no tal restaurante. Após uma e outra suposição, surgiu novamente detrás de um muro e disse que lá encontraríamos o melhor pimentão recheado do mundo. Estava criada a lenda.

Hoje Károly confirma que, mesmo após diversas viagens a Budapeste para experimentar a comida de lá, o seu pimentão recheado continua sendo o melhor. A rivalidade culinária é característica entre os Magyars. "Mas não adianta só ser bom, as pessoas tem que aceitar a comida também," garante o dono do restaurante aberto desde 1967 em São Sebastião do Caí, a 60 km de Porto Alegre.

canga_comida.jpgComo muitos dos imigrantes húngaros espalhados pelo mundo, Károly Cvitkó veio para o Brasil fugindo da invasão russa em 56. Morava na região de Szeged, ao sul do país, cujas bucólicas paisagens ilustram murais nas paredes do restaurante. Hoje administrado pelo filho, A Canga serve um cardápio fixo - um pequeno retrato de suas origens no leste-europeu.

A refeição inclui uma entrada de AprólékLeves (sopa preparada com carinho, na tradução literal), Töltött Paprika (o tão famoso pimentão recheado) e Rántott Csirke (galinha empanada) servido com batatas. Para a sobremesa, um pouco de Fagylaltos (sorvete) em cima de um pedaço de bolo. Uma comida farta, bem acompanhada por vinho ou até uma dose de grappa.

A sopa, feita com miúdos de galinha e uma massa caseira ralada, tem gosto semelhante ao do capeletti italiano. O pimentão, recheado com carne e arroz, é servido em um molho agridoce a base de paprika. A galinha empanada... bem, é uma galinha empanada, com um leve toque defumado.

Por falta de comparação é difícil dizer se realmente é o melhor Töltött Paprika do mundo, mas que merece uma visita com certeza merece. A refeição custa R$ 17 por pessoa e o restaurante está aberto para o almoço nos finais de semana e feriados. É bom reservar lugar pois o movimento geralmente é intenso.

Restaurante Húngaro A Canga
RS 122, KM 09
São Sebastião do Caí, RS
fone: (51) 3536 1461

por gabriel pillar | 06/06/2006 11:10 | Comentários (8)