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FIM DE UM ESTILO

O adeus de Romário: ‘Parei’

Renato Mauricio Prado
FLORIANÓPOLIS

Bermuda vermelha, camiseta amarela sem manga, chinelão de dedo, Romário recebeu a pergunta com a categoria e a frieza do melhor jogador da Copa do Mundo de 1994. Matou no peito, dominou com a coxa e fuzilou sem perdão:

— Parei. Não dá mais. Não tenho mais vontade.

Sem Romário, o futebol está entregue aos bunda-moles.

Matéria impagável sobre a trajetória tão brilhante quanto diverida do baixinho no "Leia Mais".

Um gênio indomável temente a Deus e aos cães

Pedro Motta Gueiros

Em 20 anos de carreira, Romário foi muito vigiado em suas escapadas noturnas. Pouca gente sabe, no entanto, que o craque costumava deixar a concentração horas antes do jogo para ir à Igreja. Indomável, enfrentou companheiros, adversários e entidades do futebol nacional, como Pelé, Zico e Zagallo. Mas se curvou à fé e ao medo infantil de cachorros. Dentre todas as polêmicas criadas por ele, só se arrependeu publicamente de ter se comparado a Deus, após levar o Flamengo à conquista da Taça Guanabara.

Ainda bebê, com as bolinhas que tinha penduradas em seu berço, Romário já mostrava sua vocação. Para chutar e fazer barulho. Em 85, aos 19 anos, começou nos profissionais do Vasco, então liderados por Roberto Dinamite. Mas o talento explosivo de Romário rejeitava o papel de coadjuvante. Barrado em 86, rebelou-se para a surpresa do técnico Cláudio Garcia:

— Quem ele pensa que é?

Portas arrombadas na marra para se firmar na seleção

Era Romário em estado puro. Um ano antes, por indisciplina, já havia sido cortado pelo técnico Gílson Nunes da seleção brasileira que conquistaria o Mundial de Juniores. As portas da seleção tiveram que ser arrombadas. Depois de reclamar de ter ficado na reserva num amistoso contra a Alemanha, foi afastado por Parreira e Zagallo durante as eliminatórias para a Copa de 94. A pressão popular e o jogo decisivo contra o Uruguai o trouxeram de volta no último jogo.

Durante a Copa dos Estados Unidos, tratou Zico e sua geração como perdedores. Depois de se tornar o herói daquela conquista, chegou ao Flamengo reafirmando suas diferenças com o maior ídolo rubro-negro. E desprezou também uma convocação para um amistoso da seleção, que lhe rendeu nova geladeira. Zagallo preferiu deixá-lo de fora das Olimpíadas de 96, em Atlanta. Dois anos depois, uma lesão na panturrilha o tirou da Copa da França, mas Romário encarou o corte como algo pessoal. Zico, na época coordenador da seleção, e Zagallo, o treinador, viraram caricaturas nas portas do banheiro de um bar de Romário. Um sentado no vaso e o outro com um rolo de papel higiênico na mão.

Em 99, quatro anos depois de vencer a queda de braço com Vanderlei Luxemburgo no Flamengo, voltou à seleção então comandada pelo desafeto.

— Quem é ruim se destrói sozinho — disse, ao criticar a opção do técnico de não levá-lo às Olimpíadas de Sydney.

Vanderlei foi demitido após o fracasso olímpico de seu time, derrotado por Camarões. Em 2002, foi Romário quem sofreu sozinho. Luís Felipe Scolari enfrentou pressões pela convocação do craque que viu pela TV o Brasil conquistar o penta. Entre brigas e lesões, Romário disputou apenas uma Copa e uma Olimpíada em plenas condições.

— Falam que eu poderia ter jogado mais duas Copas e duas Olimpíadas se tivesse outro comportamento. Mas aí o Romário não seria feliz. Foi pisando e dando porrada nas portas que elas se abriram para mim. Não me arrependo.

Do alto de seu 1,69m se equiparou a gigantes. No Brasil, diz que apenas Pelé está acima dele. Só sentiu-se diminuído diante da fragilidade humana. Já falou algumas vezes do pavor que sente da morte. Quando começou a jogar, fazia planos para se aposentar aos 28 anos. Permaneceu em atividade por mais dez anos como quem persegue a imortalidade. Hoje, aceita melhor o fim:

— Tenho medo de espinha de peixe, de cachorro e avião. Antes pensava que a morte era o fim, apenas a escuridão, mas já não me assusta. Aprendi que podemos ter uma vida eterna bem mais feliz do que a daqui — disse em 2003, quando já ensaiava a despedida. — Tenho orgulho do que fiz, passou. Agora é a vez de outro.

Vai ser difícil surgir um substituto. Depois dele, jogador abusado deixou de ser uma definição para aqueles que desmontam defesas e esquemas rivais. No início da carreira, Romário saiu no tapa com Renato Gaúcho, então adversário. No fim, bateu até num companheiro, Andrei, durante jogo do Fluminense. E, num treino, partiu para a briga com um torcedor tricolor que atirara galinhas em campo. Se fossem cães, tinha corrido. Atacado por um na infância no Jacarezinho, Romário tem medo até do cachorro de porcelana da casa dos pais.

28/12/2004 14:12    | Comentários (3) | TrackBack (0)

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