A diversão deste fim de semana foi ver retrô TV gravada em fitas VHS empoeiradas. Mariana é a feliz proprietária de um acervo de filmes dublados RIQUÍSSIMO e com um plus: as propagandas não foram puladas, estão registradas direitinho no intervalo dos filmes.

Coisas de chorar. Propagandas da Brahma em época anterior à Ambev (lembram do dedinho?), reclames de supermercados anunciando produtos a centavos míseros de real e aquele clássico da Pepsi em que um macaco foge de um laboratório porque teve a felicidade de não ser o que tomava Coca-Cola. Mas nada supera a gravação de LUA DE FEL numa Sessão das Dez, que acabou ficando com um TOPA TUDO POR DINHEIRO inteirinho registrado antes do filme propriamente dito. Era no tempo em que Silvio Santos comandava a atração "Em RITMUUUUUUUU É RI-TI-MU DE FESTAAAAAAAAAAAA" e dava R$ 100 aos participantes como se fosse uma fortuna. E era: estávamos em 21 de Janeiro de 1996, tempo em que se comprava uma Coca LITRÃO por 50 centavos no súper.

Mas é sobre o Ferris que eu queria falar. Tem entre as gravações o vintage CURTINDO A VIDA ADOIDADO "versão brasileira TE-LE-CI-NE". Eu sempre tive muita inveja do Ferris. Mesmo quando vi pela primeira vez, dois ou três anos após o lançamento, na Tela Quente, e era um guri de colégio que ainda não havia aprendido o mistério das equações e nem o de sentir prazer com as mãos. Queria dirigir como Ferris, queria ter domínio sobre meu melhor amigo como Ferris tinha domínio sobre Cameron e queria ter uma namorada gostosa. Mas, principalmente, queria que meus pais fossem legais como os pais de Ferris. Mesmo em 1988, já não tinha mais o privilégio de ficar na cama e ouvir apenas palavras de carinho e apoio, além de não ser obrigado a sacudir a febre e ir para o Farroupilha numa Porto Alegre de 8° a 10° pela manhã.

De todas as minhas invejas do Ferris, a maior de todas elas não é o carro que Ferris consegue dirigir, nem do amigo que a ele se submete. É pelos pais camaradas que ele tem.