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DAS BUROCRACIAS

Agora há pouco respirei fundo antes de entrar no prédio da UniverCidade, na Lagoa, para fazer a famigerada inscrição no curso de Direito. Pensei muito, relutei, mas não adianta: tão cedo nada acontecerá na minha vida profissional e eu preciso continuar fazendo alguma coisa que me tire de casa um pouco para não enlouquecer. O local do prédio é massa e tem estacionamento coberto a R$ 2. Não vai doer muito, até porque tenho uma enorme bolsa na qualidade de diplomado.

Mas a tarde se mostrou bastante kafkiana, a começar por um episódio que deixarei para o final.

Na entrada do prédio, a surpresa: eu não poderia entrar de bermuda de modo algum. Mas o segurança acenou com a possibilidade de emprestar uma calça dos funcionários. Quase gargalhando, vesti por cima da bermuda a calça azul marinho, deixando aberta na frente.

- E as havaianas?

- Ah, as havaianas tá tranqüilo.

Ah, tá.

Subi para o terceiro andar e fui preenchendo formulários e vias.

- O reshtaontchi duj documeantoash você pode ishtar intregando no próximo mêich.

Os dois parágrafos acima resumiram uma hora que passei lidando com folhas, cópias e contratos. Com uma moça de pele marcada pelos hormônios e a falta de higiene falando em secretariês carioca.

Pouco ou nada poderei aproveitar do semestre do curso de Direito feito na PUCRS. Aqui a coisa vai mais pros finalmentes de uma vez.

Mas o início da tarde é melhor. Estava em Ipanema, tentando localizar uma rua de acesso à Lagoa logo após deixar meu pai na Visconde de Pirajá quando toca meu telefone. Eu atendo, lógico, tava parado no sinal. Um minuto após pára ao meu lado um policial de moto, que fica me olhando como quem diz "oi, gatinho". Como o guarda insistia em olhar para dentro do carro, pedi para me ligar cinco minutos depois e desliguei o telefone. O policial veio atrás, ainda me olhando como uma bicha oferecida. Abri o vidro e perguntei pois não. Ele pediu por favor para encostar.

Entrei na calçada de um edifício e perguntei qual era o problema. O puliça perguntou se eu sabia quantos pontos se perde por falar no celular ao volante. Cândido, questionei:

- Mas mesmo parado?

Ainda fazendo a linha dura, o policial:

- Isso você pode colocar no recurso.

Não banquei o ofendido. Dei razão, disse que estava distraído, que achei que não tinha problema porque tava parado. Ele já começava a ficar mais mole e dobrava em dois o documento do carro, que mal havia olhado. Falou que não gostava de ser autoritário. Mais uma vez eu disse que ele tinha toda razão.

- Eaí, vai me aliviar essa?

- Pois então, vou te dar essa chance. Mas quero ver o que você vai falar pelo guarda que tá aqui, trabalhando, ainda nem almocei...

Destaco aqui o verbo que o guarda usou. "FALAR." Muito sugestivo, hein?

Já ia abrindo a carteira quando ele disse "aqui não, entra no carro e me passa por um envelope". Embrulhei uma nota de dez reais numa propaganda de sinal e entreguei ao puliça pelo vidro, dizendo que não era grande coisa mais já era um almoço. Ele pareceu muito satisfeito ao abrir o embrulho e me estendeu a mão, ainda elogioso, dizendo que eu falava bem e que era gente boa.

A isso se chama desburocratização. Por isso tenho certeza que nunca terei grandes problemas com a lei por aqui.

E reparem, um episódio muito menor rendeu uma narrativa muito maior e mais interessante. Viva o Rio.

16/02/2005 18:09    | Comentários (19) | TrackBack (0)

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