A Vida Mata a Pau

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Enriquecendo um vocabulário de merda*

Em recente encontro amigável foi sugerido o seguinte joguete: as pessoas se reúnem em um circulo com os punhos cerrados, um dos membros da turma é o chefe. Todos, como se jogassem escoteirinho pronunciam cadenciadamente a frase “mundo dos...” e o chefe completa com alguma área do conhecimento humano. Digamos: mundo dos carros, mundo das aves de rapina ou mundo dos times de futebol europeus – vale qualquer coisa. No momento em que o chefe faz a escolha todos devem apontar algum numero com os dedos, obviamente de 1 a 10, salvo manetas. O chefe então deve contar os dedos seguindo o alfabeto, cantando o abecedário. Quando todos os dedos forem computados, os participantes devem rapidamente procurar uma palavra, objeto ou pessoa com a letra final que se encaixe no universo previamente delimitado pelo Chefe.

Quem falar primeiro algo que se encaixe ganha um ponto, que geralmente não é computado.

Foram bons momentos com esta diversão barata e infantil, principalmente depois que descobrimos o mundo das gírias para coco. Meu deus, toda letra é letra, toda palavra é palavra. Desde L de Lamartine Barros até M de Mandela. Fiquei pensando muito sobre a possível ligação racista entre coco e Nelson Mandela. Quando alguém anunciava que ia libertar o Mandela, durante a minha infância, só consegui pensar no pobre homem encadeado, louco para ver a luz do dia. Nunca tinha parado pra pensar na cor do ativista sul-africano – essa maldade só veio anos depois e esse fim-de-semana foi embora. Constatei com o jogo que qualquer nome ou palavra pode designar um troçulho, num fenômeno semelhante ao que acontece com as palavras que representam o dinheiro.

Bom, s o N é de Noel Rosa, também é de Nigel Mansell. Pense na situação: seu primo saindo do banheiro e sua mãe com passos curtos e ágeis vindo pelo corredor, então, o afilhado solta “tia, vai no outro que eu acabei de mandar o Nigel Mansell pro DEMAE cuidar”. É tudo contexto, é a mesma amarelada e fedorenta bosta, e sua mãe perceberá, mesmo não conhecendo o leão britânico e sem imaginar a cor da pele do piloto. O fenômeno continuará presente enquanto tivermos a bendita mania de anunciar que fomos aos pés, o que em muitas vezes representa o melhor que produzimos no dia. Só não esqueça, seja como for, puxe a descarga – deixar o capitão à deriva é cagada!

* Texto publicado originalmente em Novembro de 2004 - Especial de republicação que vai ao ar durante minhas férias.

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus