A Vida Mata a Pau

home. arquivos: Agosto07. Julio07. Junio07. Mayo07. Abril07. Marzo07. Febrero07. Enero07. Diciembre06. Noviembre06. Octubre06. Septiembre06. Agosto06. Julio06. Junio06. Mayo06. Abril06. Marzo06. Febrero06. Enero06. Diciembre05. Noviembre05. Octubre05. Septiembre05. Agosto05. Julio05. Junio05. Mayo05. Abril05. Marzo05. Febrero05. Enero05. Diciembre04. Noviembre04. Octubre04. Septiembre04.
Supermercado - parte 2

O desfalque com pequenos furtos e consumo interno que o cidadão de classe média dá no supermercado é colado a seu orçamento. Ele consome pequenas cotas do que ele vai comprar de graça, pelos cantos do estabelecimento. Equilíbrio na razão consumo x pagamento.

Entretanto, essa equação muda subindo ou descendo a pirâmide econômica. Os abastados jamais chegam no mercado e faturam coisas caras. Mantêm no nível classe média o consumo offroad de produtos expostos, sem extravasar o poder aquisitivo. Não faz uso de um suposto direito matemático por saber que seria censurado.

Outros injustiçados são os pobres. Que não podem comer o que a classe média furta, que é o mesmo que os ricos furtam, na verdade. Por vezes são até impedidos de entrar na loja, e quando entram tem sempre alguém em cima. Todo mundo sabe que por aqui, pobre desfalcando é sem vergonha.

Quem realmente se dá bem é o vigia noturno. Só dizem para eles “não suja nada que ta beleza” e deixam prateleiras e prateleiras como um buffet noturno. O guardinha então promove um suruba gastronômica sem constrangimento algum. E ainda é pago para isso.



flauta.jpg
2005

Supermercado - parte 1

Segundo minha amiga Julia, e um monte de outras pessoas, o prejuízo que os donos de mercados têm com pequenos furtos e consumo de produtos dentro dos estabelecimentos é comportado dentro de um lastro já calculado de desfalques.

Logo, tudo fica um pouco mais caro como resultado da impossibilidade de vigiar as comilanças internas de um supermercado. E não estamos falando no gerente encoxando a menina do caixa 14. Por fim, eu pago para os outros comerem.

Coisa pouca um ou duas vezes. Mas em um quarto de século de assiduidade, a coisa começa a pesar no orçamento. Seria justo se eu calculasse o valor de um Bliss avulso multiplicado por uma aproximação de vezes que passei pelo caixa local e exigisse uma retratação gastronômica.

Assim, senhor gerente, não se espante se eu entrar aí um dia e me atracar numa peça de pernil canadense defumado, à 50 reais a mordida. Ou improvisar uma mesa de bar no meio da sessão de salgados e ficar baixando cerveja para um grupo de amigos. É meu direito.



"Erre con erre guitarra / Erre con erre barril
Que rápido ruedan las ruedas
redondas Del ferrocarril".

por vezes, varia para:

"Erre com erre guitarra / Erre com erre Carril
Rapido Ruedón los carros
Rapido el ferrocarril".


Regredindo

Falta pouco menos de 100 horas para o fim do ano. E 2005 ficou um pouco pior com a saída de um amigão aqui da agência, mas as conseqüências serão sentidas mesmo no ano que vem. Menos e piores piadas, um ambiente atucadoramente mais silencioso.

Já que existe a data para celebrar, o negócio é fazer uma lista do que podemos melhorar em 2005. Dando ênfase às coisas que só dá pra fazer esse ano. Tipo, algo absurdo que você fez todos os anos menos este. Como perder uma grana preta numa jogatina. Ou algo simplório como ligar para seus avós. Vai dizer que ainda não fez isso esse ano?

Capaz.

Enfim, são mais de quatro dias. Parece pouco, mas é só uma questão de perspectiva. Quando são 4 dias que começam numa sexta e deságuam numa quarta-feira de cinzas você bem que acha tempo suficiente pra fazer bobagem. E muita.

Uma lista curta para o que se fazer em 100 horas.

1. Se entusiasmar por uma banda que é a salvação do Rock.
2. Enjoar da tal banda.
3. Entrar no blog do Menezes umas 40 vezes e comentar em todos os posts que gostou e deixou passar.
4. Comprar um champagne razoável, com tempo para pesquisar preços.
5. Invadir a Bélgica.
6. Mudar o apelido de alguém.
7. Arrancar todos os calendários de 2005 e imãs repetidos da geladeira.
8. Processar alguém.
9. Engraxar os sapatos para o último dia de trabalho do ano.
10. Aprender algumas palavras em alemão para dar uma língua nova como “iniciada em 2005”.

Já aprendi o meu esloveno para iniciantes, mas ajudo vocês metendo aqui um curto vocabulário num samba do cartola que facilita muito a assimilação.

Morgendämerung (Alvorada)

Morgendämerung lá no morro que schönheit
Ninguém chora não há traurigkeit
Ninguém sente neiderlage
E o sonne scheint é tão schön é tão schön...

E por aí vai. Obrigado a todos.


São Silvestre II

Falando nisso, vale lembrar que a corrida de fim de ano se chama São Silvestre por acontecer no dia 31 de Dezembro, dia de São Silvestre. Os outros santos do dia são meninas: entre elas Santa Catarina de Labouré e Santa Donata. Porém o machismo vem em hora boa. Seria terrível ouvir próximo à linha de chegada o narrador falando: “lá vem Simon Shimoio, vai faturar a santa catarina pela segunda vez”.

Paralelo a isso, Silvestre é muito importante para a história da igreja. Foi durante o seu pontificado que as perseguições aos cristãos cessaram no império romano do ocidente. Depois de Diocleciano e de Maximiliano terem descido o sarrafo na cristianada, Constantino se mostrou aberto à tolerância religiosa, e aceitou o culto – até então secreto.

Um episódio especial marca a virada. Conta a história que Constantino, sofrendo de lepra, foi aconselhado por um médico a banhar-se no sangue de uma criança para obter a cura. Quando ele estava pronto a mandar sacrificar os pequenos para a ducha, uma visão de São Pedro apareceu frente ao imperador. Pedro ordenou que evitasse o sangue e que se Constantino fosse batizado por Silvestre, toda sua moléstia passaria.

E assim foi feito. Constantino virou católico, foi batizado por Silvestre e se curou de lepra. Como agradecimento liberou o cristianismo e fez doações à igreja católica de grande impacto: como a Sicília toda a muitas áreas ao redor de Roma. São Silvestre, além de virar santo, ganhou dois dias no calendário só pra ele. O dia da corrida, 31 de dezembro – que marca sua morte em 335 - e 20 de novembro, que marca o dia do milagre.

Tudo isso nos deixa outra proposta. Além da corrida voltar a ser de noite, podemos pedir que o vencedor, ao invés de ganhar a coroa e um cheque gigante do Bradesco, seja brindado com um banho de sangue.


São Silvestre

A corrida de são Silvestre, antes de ser um evento de importância esportiva discutível, é a última oportunidade de todo brasileiro de aparecer na televisão. Por isso não é difícil ver uma série de retirantes e desocupados com seus cartazetes com logotipos da globo desenhados à facão e convocando o Cleber Machado a filmar nós.

Tirando uma série de homens vestidos de palhaço, de noiva ou com a camisa do São Paulo, a corrida se resume a uma ferrenha disputa entre atletas que um dia foram bóias-fria contra quenianos que um dia foram guerrilheiros.

Os quenianos sempre levam a melhor, com suas pernas velozes de gazela e uma resistência em provas de fundo invejável. Aos brasileiros, no geral, resta uma camiseta promocional da Fisk e o direito a um depoimento emocionado aos órgãos de imprensa sobre o descaso com o esporte no Brasil.

Essa lógica se repete todo fim de ano. E é o pouco que sobrou do charme da prova, que perdeu bastante da graça quando deixou de ser disputada perto da meia-noite. Segundo relatos, os atletas rasgavam o centro histórico paulistano com os foguetes de ano novo estourando no céu cinza da Faria Lima. Rebouças, consolação, e um monte de nomes que a gente só conhece mesmo por causa do banco imobiliário.

Não sei o porque da mudança. Talvez o perigo que é andar no centro de São Paulo depois das oito ou para o povo pedalar pelo corredor de ônibus sem risco de atropelamento. Para os quenianos ficarem mais visíveis ou talvez para a globo poder transmitir o Reveillon do Faustão na hora certa. Vantagens que não pagam a pena.

Poderíamos fazer um trato. A TV repassa o evento para a hora da virada e fazemos uma concessão patriótica. Assim, o brasileiro mais bem colocado subiria ao pódio e, no lugar do hino nacional, tocaria: “hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa é de quem quiser”. Por mim, sem problemas.


Não precisamos mais de verão.

Deus pode revogar essa estação do ano sem nenhuma conseqüência real. O desequilíbrio no clima é tamanho que manter o equilíbrio das datas é mera formalidade geográfica. É fato que quando chega o solstício você já está suando a uns bons meses, e a entrada do verão significa só mais tempo de sol para você ver da janela do escritório.

Três meses de tortura psicológica sobre um calor que pode ser encontrado em julho ou agosto. A única diferença dos 38 graus no meio do inverno é justamente não poder olhar para um desconhecido e dizer “esse verão ta pegado”, sem conseguir quebrar ou derreter o gelo. Muito menos em tempos que o veraneio dura uma semana, e a pegação carnavalesca virou cotidiano.

Não precisamos do verão. Assim como não precisamos de blog.

E com duas negações fazemos uma afirmação. E essa afirmação é o Choque Térmico. Um blog de verão. Apenas isso. Roupa e linha editorial diminuta, chuveiro elétrico e vista pro mar.

De 22 de dezembro até o fim da estação, um time de convocados para esse condomínio onde o que menos se faz é ver o sol, estará produzindo conteúdo sem restrição alguma dentro da idéia de que é verão e não precisamos mais nos preocupar com nada.

De sunga: Arnaldo Brando, Bituca, Cardoso, Egs, Menezes; e de biquíni: Chiquinha esperam a sua visita para perder essa cor saudável de uma vez.

insanus.org/verao


Natal um

Aliás, por que os que detestam Natal não se juntam e acabam com isso tudo?

Ta certo que o aniversariante da data é importante, mas tu anda por aí e vê um monte de gente emburrada e querendo que a data passe logo. Tanta gente de má vontade junta pode fazer muito estrago. Olha a Alemanha da década de 30! Um exemplo de conseguir arruinar tudo munidos de ódio.

Só que dessa vez, ao invés de atacar um monte de judeu, vão atacar só um. O de Nazaré. Se incomoda tanto o niver do Cristo, que façam algum coisa mais divertida.

Não precisa botar fogo em nada, eventos simples já bastam. Por exemplo: um amistoso da seleção, por exemplo. Jogadores que tem traumas com o fim-de-ano jogariam em um estádio lotado. Contra uma seleção qualquer, desde que não tenha uniforme vermelho pra não lembrar o Papai Noel.

Tudo para não precisar ficar em casa e ver o gordo barbudo chegar com o seu ho-ho-ho.

Eles lá e eu aqui. Muito melhor do que criticar arroz à grega ou peru com abacaxi. Me deixem mastigar em paz no canto da sala pensando como eu gosto dos que me cercam e achando as luzes da árvore bregas mas bonitinhas. Alimentar essa comunhão sem engasgar com o veneno de um parente distante insatisfeito por culpa de um trauma de infância. Bebendo uma coca-cola feliz por eles terem dado cores novas ao São Nicolau.


Ogima

O amigo secreto dá errado por que acontece no Natal. E no fim de ano a cafonice parece uma lei irrevogável. Então, cumprindo a legislação, você pensa que um vaso de vidro ou um flamingo com adornos chineses é um bom presente. Se fosse em julho nada disso aconteceria. Mas o dezembro e suas árvores cheias de neve artificial, barbas brancas e cintas largas acaba com tudo.

Vamos propor um adiamento da entrega. Tudo acontece no Natal normal: estrela guia, messias, especial do Roberto Carlos. Só muda de data a entrega dos presentes. Pra Julho, o mais longe possível do calor.

Aí as reuniões da empresa seriam apenas para revelar quem você tirou. Depois todos teriam seis meses para especular o presente certo, sem brigar a tapa nas casas Bahia por um souvenir. Por último, se a idéia é interação, que ela se resuma à descrição do sorteado. Que já contém todo constrangimento que merecemos.


15:35

Já se passou uma hora do verão e ninguém pegou ninguém.

Uma amostra do novo projeto do Insanus que vai agitar o veraneio.


M'lhei a meia

Entre o pouco que se conhece por aqui do folclore açoriano não está a canção “À Ribeirinha”. Uma lástima, visto que Porto Alegre foi fundada por casais do arquipélago e a música é divertida demais.

Por algum motivo, a canção que fala do dia-dia com tanta peculiaridade não atravessou a metade do atlântico para desembarcar da caravela Nossa Senhora D’Alminha aqui no continente de São Pedro. E isso que “ao passar à ribeirinha pus o pé e molhei a meia” abre a canção. Referência à travessia, e se viajar um pouco, sobre os acidentes que ocorrem durante. Tanto para mudar de município, cortado por um rio, ou mudar de continente, se viajar um pouco mais.

A narrativa de canelas encharcadas trata rapidamente de uma menina que casou em outra cidade, mesmo tento namorado em sua terra, sem que sua mãe a repreendesse. A filha explica que mamãe lembra de quando namorava papai, tendo fresco na memória o drama carnal que se passa toda mulher.

O Apelo aparece em uma estrofe já no meio da narrativa. A filha implora pela liberação das partes matrimoniais, no que a mãe rebate com um conselho atípico:

Minha mãe casai-me cedo / Que me dói a passarinha!
Ó filha coç'à c'o dedo / Que eu também cocei a minha!

Maravilhoso. Na seqüência, a questão católica aparece novamente. Primeiro com um padre do vilarejo jurando pela vida de seus filhos que nunca pecou, seguido de uma série de ironias usando figuras de santos.

São Gonçalo de Amarante / que estais virado pr'á vila
Virai-vos pró outro lado / que vos dá o sol na pila!

Pila é pinto de criança (alguém corrija se estiver errado). Deve ser desconfortável mesmo ficar com a pila exposta ao sol o tempo todo, fazendo sombra em um vilarejo português. Ainda mais nessas dependências no meio do oceano. A partir desse desapego católico, que faz até o santo ser liberado de sua pose clerical, a voz do povo entoa um ótimo e diálogo entre o homem e a mulher. Sempre ressaltando a virilidade:

Santo António de Lisboa / Que pr'a mim foste um cabrão
Das três pernas que me deste / Só duas chegam ao chão

Seguido do apelo final:

Santo Cristo dos Milagres / casai-me que bem podeis
Que eu já tenh' as unhas gastas / de coçar onde sabeis!

Nós sabemos onde. Namoraram por lá e vieram casar aqui, em terra alheira, para esquecer de tudo. Inclusive essas canções onde os conselhos das mãe são seguidos. Em um porto que ficou um pouco mais divertido depois da descoberta à ribeirinha.


Tecla

Erros de digitação repetidos são difíceis de corrigir por não ter certeza de onde eles vêm. Não sei se é um problema de formação da palavra, coordenação nos dedos ou no transporte da informação. Assim, escrevo muitas vezes “vermelho” com um R extra no final, troco o miolo de “quando” sem perceber e vai vira via.

Tento educar meus dedos, identificar algum analfabetismo repetindo o vocábulo. Repetidas vezes que sequer para melhorar a caligrafia servem. Chego na hora e engastgo.


O caminho das idéias.

15h 21min - Diretor de Arte atende ligação do atendimento. O lado da conversa que eu escutei:

- Eu sei que saiu o painel. Mas essa cor não existe. Esse logo não existe.
- (...)
- Mas vocês querem concordar com a suruba.
- (...)
- Não é o laranja.
- (...)
- Tá, então vamos fazer o manual. Mas uma coisa é certa, laranja não vai ter, nem verde, nem azul.
- (...)
- Como sair do preto e branco? Mas é um logotipo cara, simples.
- (...)
- Azul?
- (...)
- Azul jeans?
- (...)
- Ah meu, quando vocês vão entender...
- (...)
- Ta, mas o que eu vou te dizer?
- (...)
- Esse pedido já voltou umas 50 vezes.
- (...)
- Como acertar? A gente faz só o que ela manda.
- (...)
- Ta meu, ta.
- (...)
- Falou.

15h 23 min - Desliga.

- São muito mongolão, não dá pra ser assim.


Liverpool zero

Parece que a maior comemoração da vitória do São Paulo sobre o Liverpool aconteceu em Londres. Segundo relatos, alguns flautistas ingleses entoaram “São Paulo, São Paulo” em estações do metrô.

Tirando isso, o que se viu foram imagens em bares de Moema onde os ridículos torcedores abanavam para a câmera, com uma carinha de quem recém havia evacuado. Talvez Paul McCartney – torcedor do Everton – tenha reagido com mais energia ao gol paulista. O time dos caras estava se sagrando tri-campeão do mundo, e eles queriam “ouvir os comentário”, pediam para quem tava na frente da TV sentar.

Por incrível que pareça, a torcida do São Paulo fica com a prata no concurso de ridicularidade. O ouro, como sempre, é da invicta equipe de transmissão da Globo. O trio magno formado por Casagrande, Falcão e Bueno, não deixou pedra sobre pedra, e tornou o domingo de manhã um pouco mais desagradável.

Galvão Bueno fez o jogo dele. Se emocionou, torceu desesperadamente, o que não chega a ser problema. A coisa fica chata quando ele passa a distorcer os fatos. Primeiro adotando um queridinho no jogo – no caso, o mineiro – depois rebaixando um jogador a varzeano completo – o Fabão. Era o mineiro tocar na bola que o narrador quase engolia o microfone em elogios: era a habilidade do brasileiro presente em cada cobrança de lateral.

No embalo, Casagrande vinha com o recalque sulamericano. Ok, também não consigo torcer pro Liverpool, ainda mais com uma legião estrangeira no time, mas dizer que eles não jogam nada é um absurdo sem tamanho. O mais lamentável é quando essa bobagem cai sobre o futebol força. Chamando os vermelhos de grandalhões desajeitados.

Falar de recalque é tocar no nome de Falcão. No jogo de ontem, nessa onda de tirar com a cara dos ingleses, o comentarista lembrou que o time estava há 11 jogos sem tomar gol. Ao invés de ressaltar os méritos dos brasileiros, Falcão lembrou de um episódio de sua carreira. Contou que o Inter fez 40 e tantos gols em um campeonato regional e só tomou um. Esse gol sofrido foi o da final, dando o título para o adversário, que eu calculei ser o Grêmio.

Resta Paulo Autuori tímido no palco, papel picado, uma bandeira do Uruguai e o mundial de clubes da Fifa no fim. O primeiro, já com um time se dizendo tri-campeão.



hindusav.jpg

nota

Muitos são os relatos de problemas para acessar o blog. Como quem não consegue entrar aqui não vai ler essa nota, fica o meu recado para o futuro. Quando você ler isso e se identificar, depois de superados os entraves.


Minsk Calling

O jovem* Alexandre Rodrigues, meu vizinho de insanus e vascaíno, é o primeiro escritor brasilero a ser traduzido para o bielorusso. O reconhecimento em cirílico ao talento do moço veio através da Faculdade de Relações Exteriores da Universidade Estatal de Belarus e sua revista de literatura. Depois dos dois contos traduzidos ano passado, o cara do Gabinente Dentário vai ter um espaço mensal na revista por todo 2006.

Depois de congratular publicamente pela publicação, aviso que ele encabeçará a campanha que pretende oficializar em português o nome Rússia Branca. Que como todos devem concordar, é a nomenclatura ideal para substituir o enfadonho Belarus.

Lista de contos (providencialmente em português).

Mais sobre a Rússia Branca nas próximas semanas.

*apud Roger Lerina.


Mostre e conte: mil palavras sobre a deseducação do primeiro grau.

Do primeiro grau e não em primeiro grau. Se a má educação fosse quantificada, certamente chegaria longe na escala, lá pelo quarto ou quinto grau. Coisa que não saberíamos converter para Kelvin, ou Célcuis, já que não passou de pura decoréba.

Tive toda a decoreba que era possível, junto com todo tédio disponível. Entretanto, nunca tivemos que contar palavras, nem um daqueles “mostre e conte”. O que remete ao início do texto, pulando toda a ladainha até então. Ladainha sim, assisti bastante.

Principalmente depois de que descobri que ladainha era parte do sermão do padre. As missas eram sempre de surpresa. Acho que para não rolar nenhum boicote coletivo. Mas isso era bobagem deles, jamais iríamos ser contra algo que nos tirava da aula de química. Assim até mais de mil palavras de qualquer ladainha se torna interessante. Ainda mais para os não comungados, que aproveitavam as turmas todas juntas para dividir os bancos da igreja com as meninas de outras turmas. algo sagrado.

Com o mesmo esquema de efeito surpresa havia também o hastear da bandeira. Mais uma vez sem aviso prévio, nos levavam para o pátio para cantar o hino nacional. Um hino para três bandeiras. Achava meio injusto com os o pavilhão do estado e do colégio. Um desperdício: ficar perfilado para entoar só um coro marcial. Tudo para não voltar para a aula. Cantaríamos feliz o hino da província, da cidade e até do colégio, se esse último existisse.

Se o professor de religião levasse o violão, poderia até rolar um woodstock colegial do bem. Com louvado seja meu senhor, glórias aleluia e todas as louvações possíveis a um caridoso messias que nos dava o pátio no meio de uma manha tediosa. Era tudo uma questão de aproveitamento de espaço.

Talvez um mostre e cante, no lugar de um mostre e conte. Não melhor do que um morte à Kant e suas questões esquecidas eclesiasticamente, mas válido. Dos clichê que nos forjam idiotas cheios de espinhas ainda tivemos o professor com cotoveleiras costuradas no casado. Sempre sujo de giz, como deve mandar o sistema internacional de medidas educacionais, que fica na suíça. Capaz disso ser até uma desculpa de algum extrator de giz europeu no congo belga.

Que não existe mais, mas fez da partilha da África mais divertida de tudo. Na época não me dava conta, mas a primeira guerra era bem mais bacana de estudar. Faltavam bons slogans para ela: Partilha da áfica, onde as tribos se encontram – primeira guerra: pioneirismo na carnificina – Grande guerra: mais mortos com facada – Primeira guerra: quase tantos mortos quanto na segunda, só que sem apelar para a bomba.

A segunda tem mais fotos, mais mortos e mais ação. E é bem mais mundial também. Mas a Primeira tinha mais romantismo: era muito parecido com a nossa situação ali. Professores entrincheirados de um lado, alunos de outro. Uns atirando angustias nos outros. A liga das nações impotente e o tempo parecia não passar. A paz no SOE muito distante, e a correspondência não trazia alento qualquer. Eram basicamente medidas punitivas terceirizadas a meus pais, uma aliança feito a tríplice, que fazia de qualquer tiro motivo para bombardeio.

Sujam uma Guerra que há dez anos foi uma guerra limpa. É na quinta série que matam o Francisco Ferdinando e te enterram junto. Batalhamos numa guerra química, biológica, física e literal literalmente com outras sete matérias diferentes. Cada uma com um general diferente, que tem cotoveleiras de couro – já colocaras aqui – e motivos próprios e especiais para te achar um péssimo aluno.

Enquanto antes a tia da terceira passava o dia todo contigo, vendo que ao menos tentava ser um bom rapaz, agora estava um batalhão fazendo tudo para convencer que o ensino não vale a pena. E você, pequeno e louco para jogar bola com uma pinha no recreio, é vestido com um uniforme integralista e acaba proibido de criar. Decreto.

Pense só: você passa quatro anos fazendo colagens sobre os Incas com uma tesoura sem ponta. Aí, quando aprende a manusear e a ter noção de espaço, a não deixar o tubo de tenaz estourar na lancheira, a saber que canetinha hidrocor causa intoxicação, é imediatamente afastado de todas as suas habilidades. Um prédio maior, com azulejos mais escorregadios e cinco chamadas pro dia. Não é surpresa que o próximo contato com uma tesoura seja para enfiar no pescoço de um coleguinha.

Claro, só se você tivesse aprendido a fazer alguma traquinagem violenta nas férias. A educação física é que não o prepararia para a guerra. Ela apenas ia separar os gelatinosos dos líquidos, sem poupar esforço nessa osmose burocrática. Jogos como Nilcon, punhobol e voltas cheias de suor e vazias de sentido ao redor de uma quadra de vôlei para ralar os joelhos. Nada de esportes que fazem realmente a diferença: como abriu 18, três dentro três fora ou aquele joguinho de bater nos dedos uns dos outros.

Isso era coisa para férias, que só voltavam quando você tinha que escrever sobre elas. Descrever o vermelhão à beira mar, as fichas que a máquina de pinball engoliu ou o bicho de pé é impossível naquela idade. E talvez seja ainda hoje. O tamanho do seu não preocupar com a ausência de professores faz a beira do mar um paraíso. Não pela brisa ou pela cor da água, mas pela falta de certezas. Pela poucas letras e pala imprecisão de um relógio de sol montado com um palito de picolé – o mais perto de compromisso que você vai chegar durante fevereiro.

Obrigações se resumem em lavar os pés todas as setenta vezes que entrar em casa no dia. Encher e varrer o quarto de areia quando a sua mãe perde a paciência, passar de bicicleta na frente da casa da garota que você sempre vê de biquíni na praia. Nada para virar assunto raso de uma folha timbrada do colégio. Tanto que pouco cabe aqui nestas mil palavras.


Caspa mental

Quem responde que não saber mentir é seu pior defeito acha que ta dando uma de esperto, mas ta se tornando mais miserável do que qualquer mentiroso de coração. Achar que é defeito ser honesto é muito pior do que sair pro aí inventando histórias compulsivamente. Significa que a honestidade é tão forçada que chega a doer, isso se ela chegar a existir. Desconfio que a maior mentira é dizer que não se sabe mentir. Ainda mais em um questionário qualquer, onde todo mundo quer passar a melhor impressão.

Honesto mesmo seria dizer que pratica pequenos furtoz, que maltrata mulheres pro prazer, que tem atração por quadrúpedes ou que odeia toda a família. Por isso já decidi: meu maior (e melhor) defeito é saber mentir.


Trabalho exige silêncio.

Menos do afinador de piano.



zalogsnow2.jpg

zalogsnow1.jpg

Primeiras seis horas de neve do outono eslovêno. Fotos Matej de Cecco.


Cosmonautas do Amor

Resposta ao russo que escreveu perguntando do Basta de Estopa.

Dear Vadim Makarov

"Basta de Estopa" was a project held by a group of 32 brave young men (better known as The Cosmonauts of Love) during a hot december afternoon in the city of Porto Alegre, Brazil. The goal was to record an a capella version of the soviet anthem entirely in Portuguese. The lyrics are mostly nonsense based in the phonetic similarities between russian and portuguese. There are no expletives nor russian words in the lyrics, except one occurence of the word "vodka").

At first, the project was nothing but a way to enjoy the company of friends in an absurd way. Inspired by the brave, valiant and thoughtless spirit of Eduardo Menezes - who alone gathered a flock of 31 young men that who had nothing better to do in a sunny saturday afternoon - an assorted variety of young south brazilian adults united in a small record studio to sing the anthem under an atrocious 50°C heat. They were strictly and stalinisticly forbidden to wear any shirt color but red, and their reward at the end of almost of 2 hours of vocal preparation and singing was a watermelon and a bottle of vodka. Much to their surprise, the project achieved success in the small community of Porto Alegre, gaining various Google references and even overseas recognition for the hilarity and pointlessness of it.

There isn't a translation of this anthem version in english yet, but we're looking forward for it. We'll send you as soon as it is finished.

Thank you for your interest!
Regards,

Escrito por Hilton Lima e assinado por mim.


19 horas

Hoje, no Birra e Pasta do Shopping Total, rola o lançamento do livro de contos da oficina do Assis Brasil. Nessa barca os amigos Xinho, Júlia e Emily.

É pra gastar a Bic.



Saulo resume a infância em discussão sobre orientação sexual.


Sem título

Se a postura Indie em relação à cultura pop tomasse conta de todas as discussões, seria muito divertido. O blefe sobre falar do mais desconhecido possível vazaria como os discos do Flaming Lips – saindo direto dos fóruns internéticos para as paradas do mundo real.

No shopping:

- Gostou da blusa?
- Não sei, prefiro mais algo, tipo, promocional. Entende?
- Que tal essa com o nosso mascote? Era do vendedor que saiu em maio.
- Não tem nenhuma sobra da convenção de vendas de 98? To me matando pra conseguir uma camiseta amarela. Tenho só a verdinha.
- Vou procurar.

Na aula de história:

- Cai primavera de praga na prova?
- Não. Cai o outono de Piracicaba.
- Não to ligado, o que é?
- Quando três funcionários da Martau Ventiladores cruzaram os braços pro duas horas pra jogar baralho.
- Isso que é idealismo.


Paneleiro

Depois da definição dos cabeças-de-chave e os critérios para a formação dos grupos da copa do mundo de 2006, fico na torcida para que o sorteio indique um grupo lusófono.

Brasil, Portugal e Angola podem cair na mesma chave, mas ainda faltaria a quarta seleção. Uma vaga que eu torço seja do Japão. Claro que eles detestariam isso, mas tudo bem. Além do Zico treinar o time nipônico, sempre tem um ex-jogador do palmeiras – ou do noroeste de Bauru – metido na seleção deles.

Que acabam por representar uma horda de dekaseguis que foram pra lá soldar ships em aparelhos de scanner. Não temos do que reclamar, já que sem-vergonhice por sem-vergonhice, a gente sempre acaba no grupo mais fácil. Dessa vez, além disso, só pegamos a Alemanha na final.

Repetindo minha aposta: Brasil, Portugal, Angola e Japão.

O sorteio é sexta. E caso o meu grupo aconteça, vá se preparando para o mar de reportagens da detestável escola Regis Rösing de repórteres engraçadinho sobre como xingar um angolano com propriedade. Coisa para a qual já estou pronto – vide título do texto.


Resumindo

Projeto Basta de Estopa é destaque em San Petersburgo. Mais detalhes logo abaixo.


Confuso, Planeta sorri para o Basta de Estopa

Comecei a escrever essa nota pelo menos 5 vezes. Tenho noção do quão coplexo isso pode parecer para quem não conhece o projeto Basta de Estopa. Então, começaremos por ele. Paciência aos que já sabem do que se trata. Minha dica é pular o próximo parágrafo.

Basta de Estopa é o hino soviético cantado em português. Não uma tradução, mas sim uma aproximação fonética do que é ouvido em russo. Assim, cada trecho ganhou de mim partes correspondentes em nosso digno português. Repito, com o que parece ser ouvido em português. Convoquei um punhado de amigos para cantar em 6 de dezembro de 2003 - exatos dois anos atrás - e registrar para a história esse happening.

Depois de realizar isso, não adianta colocar na gaveta. Tem que dar a cara barbuda a bater. Assim foi feico com o site oficial do evento. Construido por Caon, e hospedado no insanus - há pouco menos de um ano - teve razoável alcance hype-cibernético. Lá, você pode ver fotos do evento, ler a letra, entender o significado e até baixar a versão em português.

Eis que alguns russos já fizeram isso. Ouviram e informaram Vadim Makarov. Um entusiasta do hino soviético que mantém um site específico sobre a canção nacional deles. Curioso, Vadim escreveu para o Gabriel – patrão do insanus – que repassou para mim.

“…As I understand these are pranks partly sung in Portuguese. Does the lyrics contain explicit language and/or expletives in places, or it is pure nonsense mixed with shreds of the original Russian lyrics? Please help me :) People keep sending me the link to these versions.”

Ao ler isso, sai para dar uma volta correndo no quarteirão de tanta felicidade. Ele identifica partes como sendo russo, ele entende parte da palhaçada e ele é abordado por internautas que tentam decifrar o código secreto da língua portuguesa para desvendar o que se passa. É o projeto ficando mais estranho do que eu poderia supor. Agora resta mandar as informações e receber visitas do mundo todo. Entrar em uma imensa galeria dos que entendem a beleza sem entender uma palavra.

Coisa difícil quando é um texto destes, mas fácil quando é com uma música.

Por favor, me avisem se não estou me fazendo entender. Assim como fico muito feliz que as coisas repercutam, tenho algum medo de perder a noção da realidade. Ainda mais com os projetos antigos remexidos de uma hora pra outra.

O que interessa é que Vadim não poderia ter escrito em hora melhor. Meses antes da fase dois do projeto entrar execução. Barbudos d' alma, alistem-se.


Diversão para o fim-de-semana

Das pequenas obsessões, a que mais me consome tempo é contar palavras. Não apenas quantas leio, mas a doentia mania de separar elas por número de letras. Não se de onde surgiu, mas veio junto da minha alfabetização.

O que me torna um imbatível no jogo da forca e no Roletrando, - agora é roda a roda, exibido no SBT no fim do dia, programa com o Silvio Santos e uma grande roleta, onde pessoas precisam descobrir letra a letra a palavra do painel - me deixa o “celebro” anestesiado por minutos, em cachos, diariamente.

A parte dois da função é quebrar as palavras em grupos de 3 letras. Dividi-las erradamente sempre em bloquinhos de 3. Toda a frase, na seqüência, sem contar os espaços. Assim, no final posso saber se a frase é divisível por três ou não. Alem do mais, acabo descobrindo algumas combinações bizarras no meio de cada termo.

Depois, passo a juntar as primeiras letras de cada bloquinho, e formar novas combinações com elas. E tudo é motivo, basta ler para que essa demência exponencial tome conta. Certa vez no show do milhão, a pergunta final era quantas letras tinha “ordem e progresso”. Eu sou a pessoa mais indicada do mundo para responder isso. Mesmo nos 20 segundos que a pergunta dava ao jogador, eu poderia fazer combinações e apresentar uma série de cálculos-para-lugar-algum.

O carinha errou por achar que fosse “ordem ou progresso”, e o Silvio Santos, que queria dar um milhão pra divulgar o programa foi ao desespero.

A tradição de desespero, assim como de contar coisas, é de longo tempo na minha família. Minha mãe conta os riscos da faixa divisória na estrada e calcula a diferença entre a primeira e a segunda dezena nas placas dos carros. Eu, graças a deus não faço isso. Só uso uma sujeirinha no vidro como referência e uso para ziguezaguear entre a mesma faixa.

É fácil, você mexe de leve a cabeça e deixa a faixa passar. Depois muda de pista e guia através de mais um espaço. Quando mais sincronia, melhor. Esse exercício exige alguma habilidade para curvas e mudanças de faixa, além de te deixar com um olho fechado a viagem toda.

Sem falar que no ônibus tu fica parecendo um completo lunático.

Completando a trilogia, comecei a uma ano – mais ou menos – a desenhar algumas figuras mentalmente, fazendo nela o caminho mais bizarro possível. E não varia, é sempre a mesma figura. Sabe quando você conta com pauzinhos? Aquelas caixinhas que são um quadrado com um traço no meio? Imagine.

Agora coloque seis delas alinhadas. Em duas colunas de três, ou três colunas de dois. Realmente tanto faz. Elas coincidem em várias arestas, o que é a proposta. Agora desenhe esse esquema formado sem passar duas vezes pelo mesmo lugar. Essa mania surgiu do nada. e vez por outra me flagro fazendo. Ah, e eu também mantenho um blog.


PEMATEC

Decidido. Semana que vem começa o processo de seleção do estagiário aqui do blog. E quem decide o contratado é você. Até agora 4 pré-selecionados participarão desse reality show rumo ao nada, todos usando pseudônimos simples. A idéia é gerar conteúdo com a minha ajuda e orientação religiosa adequada. Religiosa e adequada.

Todos eles são jovens, estão começando suas carreiras de blogueiros e toparam o desafio. Uma juventude descolada e com pouca iniciativa, o que faz um blogueiro ser o que é. Os participantes estão proibidos de comentar ou influenciar os votos. A votação é através de comentários ou via e-mail.

A formula é simples: eles mandam um material, dou uma recauchutada e meto no ar com o crédito. O leitor vota e um por semana vai sendo eliminado. A premiação é zero, mas quem ganhar leva de lambuja a senha do A Vida Mata a Pau. Podendo postar o que quiser quando quiser.

O nome do evento todo será PEMATEC – Programa Eduardo Menezes Aqui Tu É Chefe – e a versão traduzida para as massas mundo afora é “As we get older and stop making sense”, frase de uma musica do Talking Heads, recortada e incompleta. Como o conteúdo desse blog.

Estréia segunda, perto do meio dia.


Precisa-se de estagiário.

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus