A Vida Mata a Pau

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Mensagem de ano novo

obrigado leitor. um bom 2005!



CONJUNTO COMERCIAL DE NATAL

é sábado, dia 25, às 15h na rádio Gaucha AM.
terror JESUS



F. EM PORTO ALEGRE

resumo:
É HOJE, dia 20, no Mufulletta ( Rua da República, ao lado do Ossip ) a partir das 19:00 estaremos eu, Arnaldo e Fabio promovendo o lançamento de nossa gloriosa F. em Porto Alegre, terra do inesquecível x-coração com ovo.

release:
O que é o que é: um quadrinhista lançando uma revista em quadrinhos de humor no mercado editorial brasileiro? Nada: quadrinhista não é gente, quadrinho de humor não tem mais e o mercado editorial brasileiro não existe.

Tirando uma ou outra apostila ilustrada sobre as realizações do governo, não se fazem mais revistas em quadrinhos de humor no Brasil. Nas bancas só se encontram gibis de super-herói (dúvida: por que caras com todo aquele poder acabam indo trabalhar com jornalismo?) e mangás (que se lêem de trás para frente, como as cartas de intenção do FMI). Chiclete com Banana, Piratas do Tietê, Geraldão, Níquel Náusea são publicações extintas, mas que estão eternamente gravadas na memória de toda uma geração que não perdoou Laerte pelo assassinato de seu personagem mais importante, a porra-louca Barata Flit.

Pensando no clamor por mais quadrinhos de humor detectado por uma pesquisa informal feita em um universo de leitores intimidados pelo porte físico avantajado do entrevistador, três desenhistas se uniram para fazer uma revista que preenchesse esse vazio do mercado editorial brasileiro. São eles:

Allan Sieber (gaúcho, ganhador de Gramado com o curta de animação "Deus é pai", banido da MTV por causa da minissérie homônima, autor de tiras como "Bifaland", "Vida de Estagiário" - publicada pela Folha de São Paulo e "Preto no Branco" - compilada pela Editora Conrad);

Arnaldo Branco (carioca, autor de tiras como "Os Pretos de Preto - Blackmen in Black", "Futebol Força Futebol Clube", "Capitão Presença" e "Mundinho Animal");

e Leonardo (mineiro, cartunista e quadrinhista do "Pasquim", "Bundas", "A Notícia", atual chargista do jornal "Extra").

A revista que vão lançar, de forma independente, graças a financiadores cheios de cobiça, ambição e sede de vingança (questões paralelas, melhor não perguntar) se chama F. Essa letra singular, que permite várias interpretações e leituras (em São Paulo, por exemplo, lê-se "fê") foi escolhida para batizar a revista por causa da numerologia: se chamasse FF, por exemplo, eles poderiam ser processados em números altíssimos pela Sony ou pela Aiwa.

O número um conta com atrações como a tira "Joe Pimp", o rei dos cafetões (a segunda profissão mais velha do mundo) e "Wandik, o Pan-Sexual", personagem que dá um novo sentido à expressão "seleção natural", além da veia cômica (em bom estado, depois do cateterismo) de Allan Sieber e da colaboração de Fábio Zimbres e Schiavon, que dão graça e motivos para enquadrar o staff da revista no artigo 288, formação de quadrilha - 1 a 3 anos de reclusão. Como bônus, uma entrevista com o polêmico cineasta Cláudio Assis, um esforço de reportagem em prol do quadrinhismo marrom.

Por módicos 4 reais (ou por arrogantes 4 reais, o freguês sempre tem razão), essa maravilha do humor terá distribuição segmentada, para que ninguém fique sem o poder refrescante de F.

F., quadrinhos engraçados - para variar.

mais informações no site da f.humor



"praçarinho"

Quarta-feira a câmara de vereadores de Porto Alegre aprovou o projeto de Clênia Maranhão que estabelece que pelo menos 30% das ruas e parque sejam batizados com nomes femininos. Claro, o projeto fala em no mínimo 30% para cada sexo, mas isso é balela, o que a vereadora realmente queria e conseguiu é dar mais espaço nas plaquinhas azuis para nomes de meninas. Mesmo que não existam numero suficiente de mulheres para receber a homenagem.

Realmente desconfio que isso tudo, incluindo a briga que os vereadores exaltados tiveram durante a sessão, seja tudo previamente ensaiado. com roteirista e tudo, com acessoria do pessoalzinho do teatro-amigo da prefeitura. Sim, eles bolam esse tipo de asneira pra fazer que a TV Câmara tenha mais audiência. “mãe, vem cá que o Aroldo de Souza vai falar” ou ainda “olha só – há há- a Nêga Diaba pediu questão de ordem”.

Esse projeto ignora totalmente a graça e o descompromisso que é batizar uma rua, que deve ser um processo natural, sem interferência, movido pelos próprios moradores. Claro, se abre uma grande avenida e coloca o nome de um medalhão, ou figurôra: Anita Garibaldi. Aí a cidade cresce e os loteamentos contíguos vão sendo ocupados. Cada beco com a sua história, cada ruela com seus heróis locais. Aos poucos, as ruas que no plano diretor eram B3, C3, e D3 viram Alameda do Ipê, rua Dona Benta e Travessa do Cego – e fica bonito. Mas não! Temos que burocratizar.

Se o nome for feminino, maravilha, que bonito. Mas se não for, algum burocrata vai chegar e proibir. E o mendigo chamado carinhosamente de Nego Mariano não terá espaço para homenagem nem depois de sua morte, nem mesmo com o fim de seu sofrimento e da cirrose, nem mesmo sendo notório que seu barraco foi a primeira construção da rua. Os moradores, mesmo indignados, terão que homenagear alguma vereadora comediante.

Espero, ao menos, que no futuro não haja uma Rua Clênia Maranhão em homenagem a essa lambanceira do PPS. Se é ra ser palhaço que elegessem logo o Zé do Bêlo, ao menos o cara tem capacidade de improviso. O meu voto não faltou.


fidel castro e Yoda num romance astral

Cada dia mais perigoso! Depois de atingirmos 91 pontos no nanopops 1, temos agora a mais delirante seqüência do joguinho. Descoberto pela minha amiga – porque não – Carolzinha, o jogo trás mais de 250 personalidades de diferente áreas, de Adão e Eva ao Michael Jordan.

Obviamente não vou começar o novo jogo antes de completar o primeiro, que já virou um exercício coletivo de boa vontade investigativa.

Como bônus dessa loucura, uma RAP do Mc Sargento no estilo “festa de arromba” ou “festa da musica tupiniquim”, enumerando todos os convidados do Excel – aguarde.


ideia de Hilton Lima

Copa Tabacow 2004

O evento magno do futebol brasileiro. Os dois times mais prejudicados nos tribunais do STJD em um enfrentamento único, emocionante e empolgante na cidade de Fortaleza.

Santo André – venceu a copa do Brasil batendo o Flamengo na final. Que isso sirva de alerta para os pequenos, como conseqüência perdeu uma cacetada de pontos e suou para não cair para a série C.

São Caetano - O time venceu o campeonato paulista no primeiro semestre, eliminando Santos e Corinthians. Depois da morte do Jogador Serginho foi punido com a perda de 24 pontos, abandonando a luta pela vaga na libertadores.

dia 20, segunda-feira, 15h – como manda o figurino da cartolagem. Ano passado quem faturou a taça Sandro Hiroshi foi o Paysandu, goleando a Ponte Preta.



Isso que aqui não recusamos morder rapadura ou quebrar o gelo com os dentes

Cento e vinte minutos de futebol (como propôs Zagallo) ou Oitocentos minutos de poesia cansariam todos. Cansariam essas meninas de cabelo escorrido e desfaria a maquiagem disfarçada de não maquiagem. Seria tempo o suficiente para me convencer que o certo é escrever maquilagem, mas essa de incomodar gente de bom coração e atitudes erradas já não é meu negócio.

Ficamos assim: meninas lêem coisas de meninas e meninos assistem os tais concursos de miss. Não vou mais discutir, mesmo que seja na hora da novela, mesmo que seja para ficar regado a essa coisa com gosto de terra e essa sensação estranha de se estar comendo serragem.

Importante foi eles lembrarem que parte da graça do comer está na parte tátil. Não venhas envenenar as frases: estou apenas defendendo algumas consistências que em especial me agradam. se for pra comer serragem, deixe ao menos eu me vestir de castor, de Andrade ou de bicheiro e ficar fingindo ser o dono da avenida até a metade de fevereiro. O que é o bom do arroz à grega é o ruim no salpicão. Cenoura ralada não agrada, nem que seja uma vez no ano. Os dentes esfregam cada fibra do legume e não conseguem encontrar o ponto certo. Sobra só o desagradável arrepio que paralisa a mandíbula por alguns segundos.

Outro dos Andrade vestia a rubro-negra flamenguista, mas essa eu passo, prefiro ficar alinhado com os botões e costuras e não com uma meia-cancha de refinado toque de bola.

Pode ser o espírito natalino, mas até a Bidê ou Balde, que vem ano vai ano continua a mesma merda, me agrada com um verso. É o seguinte, “viva o Amarante / e viva o balalo / e viva o claudiomiro com a camisa vermelha” explico. Antes de lembrar que esses 3 caras jogavam no inter, a frase lembra que esses mancebos merecem um “viva” e que deve ser cultivado o que eles fazem de bom.

Pode ser contra o time do autor, mas é bom ver o jogo bem jogado, com os olhos de quem vê por trás do um a zero no placar a beleza da jogada e as piadas que existem na partida. Então se o grande Claudiomiro vai vir aqui pra eliminar o time de Andrade, que seja com beleza, de uma forma que as crianças enxergam. A camisa do atleta não é lembrada como do Sport Clube Internacional, e sim como uma camisa vermelha, sem conotação clubística – outra coisa vista com olhos de criança.

Possivelmente a banda não pensou nisso antes de escrever, mas eu gostei.



Cultura pop



Esse joguinho é muito bacana! Consiste em uma planilha do Excel (sim, serve pra alguma coisa!) com aproximadamente 100 imagens de bandas/artistas e você tem que escrever o nome correspondente. Ele vem com 99 errados e 1 certo, o objetivo é completar todos com “corecto”. As ilustrações são todas feitas com células do programa, o que faz a suposta “resolução” baixíssima e proporciona o grande barato que é assimilar as pequenas características de cada bonequinho. Você se verá falando “ah, esse é o THE CULT*! Ho-ho ho”.

De acordo com seus acertos o joguinho vai te dando uma nota, estou atualmente com 57% preenchido e sou chamado de “suficiente” pelo sistema. Dica: muito cuidado com a grafia dos nomes, precisa ser totalmente correto para ser computado. Demorei horas pra saber como ele só aceitaria “Guns n’Roses” escrito desse jeito.

Genial. Não vou linkar o arquivo aqui para não tirar do ar o insanus, mas posso perfeitamente enviar por e-mail para quiser. menezes@insanus.org

*pra não estragar tudo falei do The Cult que, se está no jogo, ainda não foi reconhecido.

p.s.: pode ser que eu seja a última pessoa a conhecer o jogo, mas paciência, normalmente não abro arquivos desse tipo. Perdão e chovo no molhado, antecipando a corneta.



Descobrimos recentemente essa anedota sueca:

- Qual a língua que se fala no céu?
- não sei.
- Finlandês, afinal, demora uma eternidade para aprender!
- ho ho ho.

Talvez 1% das pessoas possam achar graça disso fora da Suécia, igual ao índice Casseta e Planeta de aceitação. Quem teve contato com o Ari Toledo do norte foi o colega Ourives, que relatou que o sujeito veio ao Brasil para entrar numa ordem católica que tem lugar no Recife de onde foi mandado de volta pra casa para pensar melhor na sua vocação.

Outro destes malucos me relatou que um certo alguém tentou durante horas contar a piada “do cara que pergunta pro taxista quando é a corrida daqui até o aeroporto” em algum outro pais e não foi entendido. Afinal, porque diabos alguém quereria sacanear um taxista? Se fora do rio de janeiro essa piada já perde parte da graça, imagine fora do Brasil.

Em anexo, a piadinha do taxista

O sujeito entra no táxi e pergunta:
- Quanto é daqui até o aeroporto?
- 20 reias.
- E por mais 20 tu dá a bundinha?
- Sai daqui desgraçado!
Sai do táxi e entra no que está atrás no ponto.
- Quanto é daqui até o aeroporto?
- 20 reias.
- e por mais 20 tu dá a bundinha?
Mais uma vez corrido pra fora, o sujeito entra no terceiro táxi.
- quanto é daqui até o aeroporto?
- 20 reias.
- certo, vamos nessa!
E o táxi sai com o passageiro que abana para os taxistas parados no ponto.

Tirando a segunda piada, todos os fatos relatados aqui são reais.




Para que um estabelecimento daqueles precisava de folha timbrada? Jesus cristo! É uma academia pensada para a classe C, ninguém se dá conta que os letrados ali não estarão interessados em exercitar (trocadilho sagrado) o português. Tampouco os diretores conseguirão pauta suficiente para encher uma mala direta. Cartões de natal? Me manda algumas gotas do teu suor que ta na boa querida, num frasquinho com tuas iniciais para facilitar o catálogo. Quanto à folha, coloque um bloquinho daqueles que repousam ao lado do refrigerador, afinal, tudo que posso querer escrever é um numero de telefone. Apenas um, de no máximo 8 dígitos, sem o código DDD – espero que companheiros de academia devem residir na mesma cidade - evitando um “ai bem, eu nunca me lembro onde fica a operadora e pra que servem aqueles xis xis”.

batizar irmãos com nomes iniciados pela mesma letra in / governistas out

imitando o pai falou com a lagartixa. O bichano sempre se esconde quando alguém se movimenta pelo quarto, daquela vez não teve tempo – foi apenas um acender de luz, e o teto da peça estava queimando com a luz refletida. Não é a toa que a animal se assustou: o abajur era novidade até para o criado mudo que, mesmo incomodado, nada falou. É o seguinte seu jacarezinho de parede: tu acha que eu quero te matar? Pra que eu faria isso? Não é das coisas que não-fazem-sentido e acabamos fazendo, é simplesmente idiota. Aqui deitado no meio da madrugada, ser um idiota não parece legal – se ao menos tu freqüentasses minha faculdade ou meu trabalho, faria sentido tremer até os joelhos que não tem.


Começamos a tomar gosto pela companhia um do outro. Batizei de Apolônio – uma homenagem ao personagem “A velha surda”. Na verdade eu gostava da companhia, Apolônio apenas ficava pela quantidade imensa de insetos. Claro, no quarto de minhas irmãs seria morto sem piedade e ainda teria que agüentar gritos escandalosos. Poderia viver na sala, mas lá os insetos são maiores e mais perigosos. Alem do mais, o animal de hábitos noturnos não teria luz artificial na sala durante a noite, e assim menos concentração de comida. No meu quarto era barbada – um monte de borrachudo em um canto – era só chegar e pegar.


Já dava pra ver Apolônio mesmo no breu. Andando de um lado pro outro do teto, passeando pela parede e fazendo um barulho bastante particular. Incrível no silencio da noite é ouvir lagartixa se espreguiçando (Isso lembra uma guria muito maconheira que disse que no meio da BR 101 uma lontra “deu a patinha” pra ela). Filho da puta! No corredor! E eu indo dormir e tu aí vagabundeando! Meu quarto deve estar cheio de mosquito, será que tu não entende nunca ô imbecil! Peguei uma revista de decoração que estava no corredor e fui arrastando o vicerado pra dentro, ele cai e entra andando pelo chão pela porta entreaberta. Na cama, meu cão deitado. Poxa vida Teca! Assim tu espantas o Apolônio!

nunca mais voltou apolônio. isso deveria virar um especial de fim-de-ano pra tv globo.



tancredo in - baltazar out

O expediente inicia-se às entre 8:30 e 9:00 da manhã, com o início do preparo da refeição e do ambiente interno, e encerra-se entre às 16:30 e 17:00 com a limpeza interna do ambiente e demais procedimentos referentes ao encerramento das atividades de um restaurante.

bacharel pelado in - prisioneiro out

As estratégias de comunicação são poucas. Além da remodelação do ambiente, a fachada foi modificada e foram impressos folhetos. Estes na semana de reabertura foram distribuídos por um dos funcionários, trajando a indumentária de garçom completa, na sinaleira quase defronte o estabelecimento.

muito trabalho in - processamento de dados out

tem gente nova no insanus. é?



Decepados

um

Diogo, futebolista lusitano do clube suíço Servette, perdeu um dedo nesse fim de semana. Depois de marcar um gol, o nosso artilheiro correu até o alambrado para vibrar próximo a torcida, na hora de descer sua aliança acabou presa na grade. O resultado foi esse mesmo que imaginamos.

Segundo consta, o dedo não ficou todo pendurado. E sim houve um guisado patrocinado pelo anel, que rasgou toda a estrutura do anelar, que continuou fazendo parte de corpo do jogador até ser amputado no hospital.

Caso semelhante aconteceu com Pupido, famoso goleiro argentino, que durante um treiro foi buscar uma bola no fundo do gol e prendeu a aliança na rede. O acidente poderia ter sido evitado se o arqueiro estivesse com as luvas ou tivesse defendido o chute, não sofrendo o gol. Mesmo com 9 dedos Pupido prosperou, chegando a defender o gol dos hermanos no primeiro jogo da copa de 90, quando quebrou a perna e deu lugar a Goycochea – que levou Maradona e companhia até a final, pegando um pênalti atrás do outro – com exessão do mais importante, o da final que deu o título para a Alemanha, com um alemão um a zero.

dois

Cheguei na porta como deveria, armado de uma barba que torna qualquer verão insuportável e que ocupa as unhas pelo dia todo com o que de mais prazeroso fazem em publico: coçar. Entrando a esquerda reparei a falta da plaqueta que sinalizava o matadouro. Estranhei. Mais alguns passos e a porta fechada. Achei ter errado o caminho, alguns passos para trás e tudo conferia. Farmácia, casa cheia de gatos, ponto de táxi e o salão fechado. Quem me deu a noticia da morte de Saldanha foi um dos taxistas, que deve ter reparado na minha cara de interrogação, ou melhor, no pouco de expressão que sobrava debaixo daquela lobisomem.

Não perguntei por outra barbearia, seria insensível demais, mesmo para os níveis de dialogo que se mantém com taxistas. Nada de especial tinha o homem, era um bom barbeiro, cobrava um preço justo e vestia o uniforme informal dos profissionais do ramo: camisa de flanela dobrada até o meio do antebraço, o que deve cobrar três ou quatro dobradas do pulso, ainda uma calça de linho cinza escuro, tudo quase escondido por um avental/guarda-pó ou guarda-pêlo azul – com o clássico bolso para o pente e uma tesoura pequena. Não tinha uma grande gama de assuntos e tampouco parecia gostar de minha presença. Repetia o ritual: perguntava se era o cabelo, eu dizia que era só a barba. Um dia arrisquei um “Saldanha, o de sempre” e ele perguntou se era o cabelo e eu disse que não, só a barba.

Ele poderia não me conhecer, eu não ligava, o importante era que eu o conhecia. Sabia que poderia confiar no trabalho, isso não é uma manifestação de possível metrossexualismo e sim a revelação de que eu não gosto de ter um desconhecido deslizando uma navalha pelo meu pescoço. Cheguei a cogitar um luto simbólico, deixando a barba crescer por um ano, porem o calor ta demais.

três

bom mesmo é passar a tesoura na unidade e escrever um texto em formato "blog" sem se preocupar com o que o francisco irá pensar.



Errata

Na não vamos generalizar numero um, impressa quinta passada e ainda não oficialmente lançada, o texto da página 77 é de Saulo Szinkaruk. Por pura distração o nome do autor acabou correndo no final da caixa de texto na hora da correção e não saiu na impressão. Para os mais atentos não há maiores problemas, já que está creditado corretamente nas páginas finais do almanaque, mas seria bom que ficasse igual aos outros “suplementos literários” onde existe assinatura do texto.

Foi mal Saulo!

Acompanhe a vida e obra de nosso colaborador em real time no endereço www.mujique.blogspot.com



Árabe Luther publicações apresenta

NÃO VAMOS GENERALIZAR – N°1
Dez 2004 – Dinossauros que comem gente e outras porcarias

Resumindo: Estou lançando o numero um de um almanaque de bolso, com 100 páginas, chamado Não Vamos Generalizar. Os exemplarem podem ser comprados a módicos 2 pila comigo mesmo ou com um dos colaboradores. Se você não tem a fortuna de me encontrar na rua, é só mandar um e-mail pra menezes@insanus.org que a gente dá um jeito.

Só na Não Vamos generalizar você encontra tópicos como estes:

-Panguineísmo: como o monobloco africano bem tirando o sono do mundo.
-Bicicletas para 5 ou mais pessoas.
-Campeonato Catarina.
-70 slogans razoáveis para uma vida mais ou menos.
-Judeus na churrascaria.
-Árvores que falam.
-Pés e bocas.
-Quadrinhos impublicáveis: o feto da máfia.
-Careca feio resenhas musicais.
-Recorte o seu senador.
-Os caminhos da fama.
-Serviço Indígena Obrigatório.
-Poemitz.
-Péricles vc Dr Rauph.
-Carnaval fora de época.

Sem falar do suplemento literário, com contos de Saulo Szinkaruk, Gustavo Faraon, Eduardo Guimarães e Douglas Ceconello. Participações de Jousi Quevedo, Bituca, Antenor Savoldi e Dudu Oltramari.

Tudo isso porque é bom acreditar nas coisas de vez em quando. Como é difícil falar de algo que se está bastante envolvido deixo de amostra o editorial:

Com a gente, pelo menos, acontece seguido e nem por isso vamos deixar de valorizar o bom desaforo. Um homem que se bronzeou sob o sol de Constanza (Bulgária) nos contou que na Romênia – pertinho dali – os dois grandes xingamentos são “eu vou enfiar um pau no teu coração” e “vou cagar na tua mão e te masturbaras sem perceber”. Contra a segunda expressão não temos o que discutir, apenas aplaudir os homens da Dacia por sua sensibilidade e criatividade escatológica, porém apontamos um possível erro de tradução na primeira frase. O dito cujo “pau” pode ser um mero erro de dicionário e a suposta penetração coronária não passar de medo de vampiro. E deus, que não deu praia, presenteou os romenos com a Transilvânia – o que valida a tese da confusão lingüística. Por outro lado: homens que pariram uma escola de futebol ofensiva e um exército conhecido pela falta de respeito hierárquica podem perfeitamente querer enfiar o pau no coração de qualquer um, mesmo que este não seja um sanguessuga literal, e sim um mero filho duma égua. Com a gente, pelo menos, acontece seguido.

Imagine-se no lugar de um romeno, um de bom coração, jamais penetrado por estacas em pensamento, jamais envolvido em brigas de bar ou confusões com o fisco. Um homem que acorda todo o dia sua esposa com um beijo, que vai de bicicleta pela trilha de barro até a “cidade” para cuidar de seu armazém. Você, que mal aprendeu o idioma local e seria comparável a um alemão de férias no Recife falando “moulata” entra no estabelecimento para pedir comida de alguma forma embalada para levar no ônibus no qual viaja e vê o nosso Hagi correndo atrás de um rato. Antes de perder o apetite ou fazer cara de nojo você olharia para os lados e pensaria “vampiros! então é verdade”. Sua vontade turística de ser imortal, ou de que os imortais existam – no caso – pode acarretar uma mononucleose, antes mesmo de você ter visitado o castelo do conde. Agora não só eles estarão pagando pela boa literatura, você também. Sem falar das inúmeras produções de Hollywood que cobram para contar mal a mesma história, onde os produtores, diferente de nosso mercador, não se preocupam em trabalhar com ratos por todas as partes.

Em qualquer um dos casos, a preocupação sanitária gerou um descontentamento, mesmo com ninguém defecando na mão alheia. Salvo pelo pouco conhecimento do idioma local de seu cliente, o caçador de ratos acabaria faturar algum dinheiro com a visita do turista, sem saber que poderia cobrar pelos direitos de imagem ou autorais da história que ficará marcada na memória e será pauta para muito dos relatos de viagem, que o agora o convencido viajante terá para encher o peito e falar da contribuição que cada cidadão local dá para manter acesa a chama turística local – uma lenda tão improvável quanto o cão alado ou os motivos da primeira guerra.

Entre fazer a coisa certa e dizer a coisa errada muita gente chamuscou, e não pára por aí. Dizem os donos da verdade, que na maior chamuscada coletiva da história batizar o avião de Enola Gay era um lobby do setor imobiliário de São Francisco. Homens de negócio e visão chegaram a patentear a expressão “guerra nuclear”, patente essa que não será respeitada nessa publicação, assim como não seria respeitada no caso de uma emergência militar. A questão: já tivemos uma guerra nuclear? A segunda guerra teve bomba atômica, mas só de um lado, seria esse o motivo do nome ser mantido como 2GM? Ou apenas é chamada de segunda porque “nuclear war” já estava registrado? Dois sujeitos brigam na saída do estádio, um deles puxa um canivete e o outro usa uma almofada (que só quem freqüenta a social sabe o que é) para se defender. É uma briga de faca, um briga de velhos, um rastapé ou uma propaganda ruim de cerveja? Classificaria como briga de faca apenas se dois dos participantes, em lados opostos, estivessem portando e usando adagas ou assemelhados.

Pensando assim a possibilidade de uma guerra nuclear é muito pequena. Explicamos: são 8 as potencias nucleares declaradas, mais Paquistão e Índia, que mesmo tendo testado suas bombas são consideradas potencias-não-declaradas. Vamos incluir as duas republicas cor-de-azeitona para simplificar o calculo. Então, 10 dos mais de 230 paises do mundo tem a bomba, e a possibilidade de promover um genocídio instantâneo e congestionar a conexão com deus por alguns dias. Entre esses 10, temos apenas 2 pares de vizinhos: França com Alemanha e Índia e Paquistão. E todo mundo sabe, que é mais fácil entrar em guerra com um pais quanto se faz fronteira, mesmo que o motivo seja algo como “vocês tem praia e nós vampiros”. Permutando temos 45 conflitos potencialmente nucleares para um universo de quase 20 mil guerras possíveis entre nacos hoje. Vale a pena registrar o nome? O lógico seria não – mas do jeito que indianos e paquistaneses tem se bicado, sempre há a possibilidade. Pagaremos pelo péssimo nome de um avião? Talvez, afinal, se as potencias nuclares-não-declaradas se destruírem mutuamente, seria uma guerra nuclear, ou uma guerra nuclear não declarada?

Por essas e outras que nós não vamos generalizar.

Agora que ta impresso, só queimando.


por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus