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Voleio


O Escorpião de Jade, Dirigindo no Escuro, Igual a Tudo na Vida. Se não me falha a memória, estes são, na ordem, os três filmes que Woody Allen lançou antes de Match Point. Todos, incluindo o último citado, que está ainda em cartaz, assisti no mesmo cinema.
Os três primeiros, porém, vi na companhia de poucas pessoas, quase todas simpáticas velhinhas do Moinhos, com cheiro de talco e roupas floridas. Já Match Point dividi com uma sala lotada. E não apenas o filme em si, mas as impressões sobre ele também. "Espetacular", "maravilhoso", "muito bom", diziam meus companheiros casuais de cinema. As mesmas palavras que me ocorriam em pensamento.
Como todo filme de Allen, Match Point parte de um pressuposto simples, um estalo transformado em roteiro - a boa fórmula "E se (alguma coisa)". O próprio diretor sempre foi o primeiro a admitir que os filmes nunca acabavam ficando no nível do argumento. Mas esse não é o caso de Match Point.
Conduzido por um elenco extremamente afiado e azeitado, com especial destaque para Emily Mortimer, soberba na sua interpretação de uma mulher insossa e sem graça, porém não estúpida, Match Point traz como estalo uma questão perturbadora: e se nossas conquistas e realizações não forem fruto do talento e esforço, mas sim da sorte?
É estarrecedor imaginar que, no final das contas, o acaso ou uma soma de pequenos fatores insignificantes é que vão determinar o rumo de uma vida. Curioso é que essa sensação de impotência fique registrada na platéia apesar de o filme mostrar um protagonista bastante sortudo. Acostumados ao final de filme com julgamento moral, nos quais os bons se dão bem e os maus pagam por seus atos, os espectadores saíram da sala visivelmente desconfortáveis com o desfecho da história - e talvez exatamente por isso totalmente maravilhados.
O roteiro é mesmo fabuloso. É quase total a ausência do humor neurótico típico de Woody Allen, ainda que sua acidez costumeira esteja lá o tempo todo, assim como seu jeito de filmar - nunca Londres pareceu tanto com Nova York, o que talvez seja indício de que o diretor não tem um olhar peculiar sobre a Big Apple, mas sim sobre espaços urbanos em geral.
Para completar, claro, está lá Scarlett Johansson, linda, divina, sexy até no respirar, no jeito agudo de olhar e em todo o resto que não preciso mencionar.
Woody Allen, célebre por suas comédias, fez um excelente drama, certamente seu melhor filme em muitos anos. O que não deixa de ser um belo argumento para seu próximo trabalho.

O Acre existe


"O artista brasileiro Sebastião Estiva, o nosso Sufjan Stevens*, lançou o sucessor de "Cum on! Feel the Tocantinoise", o primeiro álbum da série que vai contar via rock a história de cada estado brasileiro. O site TramaVirtual já recebeu "MassACRE", o segundo disco (duplo) de Estiva, desta vez sobre o... Acre. Destaques: a folk "Acre Is Not a Lie (it's Well and Alive)" e a experimental "Réquiem para Chico Mendes (Ele Queria a Paz)"."

ACRE IS NOT A LIE.

RÉQUIEM PARA CHICO MENDES.

Gênio.

*lembrando que Sufjan Stevens é o cara que pretende fazer um álbum para cada Estado norte-americano.

**trecho entre aspas roubado da Folha.

Bono faz


Por pouco não liguei pro Menezes ontem para propor uma cobertura especial do show do U2. A idéia era, basicamente, que cada um assistisse o show contabilizando o número de momentos constrangedores durante o espetáculo, com o cuidado de tomar nota de todos eles. Depois postaríamos nossas análises, cada um em seu blog, para comparação pública.
Minha tese é: os resultados seriam bastante equânimes. Certamente o Menezes, dotado de poder de observação e análise muito superiores aos meus, encontraria uma quantia maior, mas acho que o esqueleto da cousa seria muito parecido. E não porque nós temos uma visão de mundo ou do que é constrangedor muito parecida. Temos é bom senso mesmo.
No fim, desisti da idéia. Primeiro porque quando ela surgiu o show já tinha começado há algum tempo. Depois porque só pude assistir um trecho, enquanto comia a sagrada pizza das noites de trabalho. E terceiro e mais importante, porque o Menezes certamente tinha algo melhor a fazer.

Lula veio


Caminhava rumo ao trabalho, distraído com a grande movimentação de seguranças e motos com luzinhas em frente ao Sheraton, quando um sábio brasileiro que vinha em sentido contrário, pele tostada e grande bigode grisalho, vira pra mim e diz:

- Ó o nosso dinheiro aí.

Roda na prensa


Todos os verões, ano após ano, me divirto muito com o desfile de gostosas de biquini nas páginas dos jornais. E não só pelo deleite sensorial de ver belos corpos bronzeados sobre papel jornal, mas por imaginar que existe alguém cujo trabalho é ficar na beira da praia procurando e entrevistando beldades para a edição do dia seguinte.
Imagino, e isso já foi parcialmente comprovado por amigos jornalistas, que entrevistar jovens estudantes de psicologia e veterinária trajando biquinis de crochê não seja a única atribuição do jornalista que é deslocado pra cobrir o veraneio, o que torna tudo ainda mais divertido, no final das contas. Mesmo com acontecimentos de mais relevância acontecendo, o repórter tem que reservar um espaço no seu dia para achar um pitelzinho e lhe fazer perguntas sobre o mar, a areia e o preço do picolé.
Se bem que é difícil imaginar um acontecimento relevante no litoral gaúcho. Para quem passa o dia cobrindo casos de intoxicação alimentar por crepe suíço ou roubos de chinelos de dedo, bater um papo com uma moçoila deve ser o ápice do dia. Sem falar que abordar uma garota dizendo se tratar de uma entrevista pro jornal e que a foto dela vai sair na capa do dia seguinte tem alto poder de sedução.
Certamente, devem existir jornalistas especializados nessa busca. Particularmente, considero como reis da atividade aqueles que encontram jovens senhoras com tudo em cima. Psicopedagogas e advogadas com trinta e poucos anos, que em geral estão na praia com a filha ou filho pequeno - e que possuem também o hábito de se chamar Cláudia ou Márcia.
No fim, o cara até deve acabar fazendo muitos contatos. O que é ótimo para qualquer jornalista - e qualquer homem, numa análise mais abrangente.

Breve relato de um dia molenga


Sentindo o rosto e o corpo mais quentes do que o normal, faço um esforço enorme e levanto da cama para ir falar com minha tia, mãe de dois filhos e, portanto, especialista em questões febris. Percorro os passos que me separam dela com o máximo de cuidado possível, evitando que meu estômago balance, se irrite e resolva mandar de volta o almoço. Já são sete da noite passado, e desde o início da tarde a sensação de ter uma melancia na barriga, somada a um torpor e sono gigantes, me acompanha.
Por causa desses sintomas, aliás, saí um pouco mais cedo do trabalho e não quis enfrentar o caminho de volta pra casa a pé, como habitualmente faço (não que andar de ônibus enjoado seja menos desagradável. Além do balançar, sempre tem alguém conversando sobre um assunto nojento, que invariavelmente inclui palavras como catarro, hepatite e ferida).

- É, parece estar mais quente sim - afirma minha tia ao tocar minha testa e bochechas com as costas da mão - Vamos ver com o termômetro.

37.8 de febre. Comento dos meus sintomas com ela e descubro que sou o sexto habitante da casa a apresentá-los (incluindo hóspedes, não moro num albergue). No trabalho, algumas outras vítimas. Parece ser mesmo a mais nova onda do verão de Porto Alegre.
Tomo um paracetamol e volto pra cama, único lugar onde o sofrimento parece ser suportável.
Aos poucos o enjôo vai passando, a febre também. Na madrugada, para compensar, surge a maior azia de todos os tempos, com lambidas de fogo percorrendo todo meu esôfago como relâmpagos.
Para aplacar a dor, uma garrafa do uísque dos enjoados: soro sabor laranja.
O dia amanhece e pareço melhor. O vírus deve ter ido procurar outra vítima.

Veludosas vozes


A abstração poética presente nos nomes das fragrâncias de odorizadores de ambientes está superando todos os limites. Depois dos já tradicionais "flores do campo" e "lavanda", agora temos "brisa do mar" e - o mais sensacional de todos - TOQUE DE MACIEZ, iconograficamente representado por uma pilha de toalhas de banho.
Nada como entrar em um banheiro e sentir um cheirinho macio.

Tio Lódio


- Vai espantar a chuva, Saulo.

Eis o que meu tio me diz todas, rigorosamente todas, as vezes que saio de casa portando meu guarda-chuva. Ele é grande (o guarda-chuva, não meu tio, que apesar de bombeiro é um homem de porte médio), fato, mas nem por isso merece ser menos respeitado ou precisa ouvir a mesma piada sempre que seus serviços são requisitados.
A verdade é que, em se tratando de senso de humor, meu tio opta pela regularidade. É um homem tradicional, não gosta de arriscar, vai sempre nas confirmadas. É me ver em casa num sábado ou domingo que ele rapidamente saca um "o Saulo em casa", pronunciado com espanto (herança dos já longínquos tempos em que eu passava todos os finais de semana nos meus primos. O hábito se foi, a piada ficou).
Também tem a frase para o momento em que um jogador de futebol perde um gol feito: "barbaridade, só fazem isso da vida e ainda erram". Raciocínio interessante. Experimenta o engenheiro errar o cálculo e desabar a ponte pra ver no que dá. Isso até deve acontecer, na verdade. Ocorre que não existem engenheiros de fim de semana no mesmo número em que há peladeiros por aí para palpitar.
Outra: estou eu lá, comendo e lendo o jornal ao mesmo tempo, hábito antigo que cultivo, chega o tiozão e manda um "cuidado pra não comer o jornal e folhear a comida".
E ri. Sempre ri, depois de todas essas piadas. Eu rio junto. O segredo da vida é saber extrair diversão das coisas.

Kodak


Está chegando uma época muito divertida do ano, quando estréiam nos cinemas os filmes indicados ao Oscar. Não que seja o período de mais filmes bons em cartaz, nada disso. Mas é massa assistir as películas já estabelecendo comparações com os outros indicados e, quiçá, já fazendo um BOLÃO MENTAL com os prováveis vencedores.

Bolão de verdade não faço. Sou azarado, não adianta lutar contra isso.