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Existe uma opinião, um tanto


Existe uma opinião, um tanto velada e secreta, de que pessoas que possuem blog se acham. Se acham o quê? Donas da verdade, melhores, superiores, e por aí vai. Naturalmente, é uma opinião compartilhada entre aqueles que não têm blog, pois quem tem, em geral, sabe que um blog é apenas um meio de expressão de idéias, pontos de vista ou de qualquer outra bobagem inútil.
E claro que nem todos que não possuem blog acham isso. Mas muitos acham, muitos já me disseram, inclusive.
Na verdade, eu vejo o Mujique como um mero meio de expressar minhas humildes e mutáveis opiniões. Pra mim, escrever aqui é igual a chegar numa roda de amigos e dizer o que eu penso sobre determinada coisa (com as vantagens de que aqui é possível completar todo o raciocínio sem ser interrompido e preparar um pouco mais - não muito - o que se vai dizer). Até porque o Mujique só é lido por amigos e conhecidos.


Tem também o prazer de discordar, que só quem escreve sabe com o quanto é bom. Chegar e dizer o oposto (desde que se tenha alguma convicção disso, claro). Quem me conhece sabe que adoro fazer isso.
Enfim, tudo isso pra dizer que hoje quase matei o Mujique. Ando não apenas sem tempo de postar, mas sem tempo de ler, ver ou pesquisar coisas pra colocar aqui. Mas mudei de idéia. Porque tem muitas coisas por aí que eu ainda não discordei.

Oriente


Uma das poucas coisas que aprendi na aula de sociologia do Hugo Dantas é que não devemos julgar as culturas valorativamente, ou seja, não existe cultura melhor, nem cultura pior, apenas diferentes.
É engraçado pensar nisso quando a gente olha pra essa moda de endeusar tudo, absolutamente tudo, que é oriental. As tatuagens, os adesivos nos carros, as camisetas, tudo hoje são ideogramas. As comidas, as filosofias, os passatempos, as soluções para nossa sociedade consumista e vazia, até os desenhos animados, tudo vem de lá.
Nada contra, mas estamos invertendo os pólos sem alterar a raiz idiota da questão. Antes (eu digo bem antes mesmo, no tempo em que se passa O Último Samurai, por exemplo), era comum a idéia de que a cultura ocidental era melhor e mais desenvolvida e blá blá blá. Aí a coisa inverteu, hoje eles é que são sábios e evoluídos, enquanto nós somos atrasados e pouco espiritualizados. Quer dizer, continuamos julgando que uma cultura é melhor do que a outra, só mudamos a perspectiva.
É claro que temos muito a aprender com os sábios orientais. Mas e quem disse que eles não têm o que aprender conosco? Fato é que todos os problemas do lado de cá, chamamos de "ah, essa sociedade consumista ocidental aí", enquanto que todos as maluquices de lá ganham a desculpa de "ah, é que é uma cultura diferente, outros padrões". E aí eu trabalhar dezoito horas por dia porque quero comprar o carro tal é burrice, mas cometer suicídio porque tenho notas ruins na escola e vou envergonhar minha família não é, é apenas diferença cultural. Ah, me poupem.

parênteses: sei muito bem que estou sendo generalista ao botar tudo que é oriental no mesmo saco. Para quem discordar dessa atitude, recomendo ler o blog do Alexandre Soares Silva, especialmente um post que já recomendei aqui antes.

E esses cursos orientais que eu vejo por aí. Nada mais ocidental. Muitos são máquinas de fazer dinheiro, inclusive. Aliás, acho que é um investimento bem seguro hoje em dia:
- escolher um nome com três palavras monossilábicas, sendo uma delas, obrigatoriamente iniciada com "ch". ex: hon chin pon, kein lon chan.
- escolher um país oriental como origem. dica: Tailândia está na moda.
- colocar os termos "oriental" e "milenar" em algum lugar.

Pra encerrar: o Budismo. É uma religião bem interessante mesmo (até o Nietzsche foi condescendente com ele), mas, como disse o
Hilton, certa feita: "Saulo, me diga por que as pessoas que se dizem budistas são as menos budistas e te dou um pirulito". É isso, não dá pra explicar. Assim como não dá pra explicar como tanta gente inteligente faz reverência aos textos sobre budismo, que em geral me lembram o Lair Ribeiro palestrando.

Na marra


Esses dias passei meia hora discutindo com a minha afilhada de sete anos. Ela insistia que é um toco de giz aquilo que o Paul Mcartney segura entre os dedos na capa do Abbey Road. Isso durou até o momento em que tive que lançar mão do bom e velho argumento adulto e racional "se estou dizendo que é um cigarro, é porque é". "Mas não tem fogo ali, nem fumaça...". "Tá bom, tá bom, vai dormir, vai".

Lousa


Diálogo entre o novo professor da ESPM e a coordenadora do curso:

- Mas não posso ir dar aula hoje. Nem tenho um programa das aulas!
- Ah, vai lá, olha pra eles e se apresenta...

E eu achava que só a Fabico era uma bagunça.

Por nota


Essa é boa.

Se assim fosse, o Yngwie Malmsteen seria multimilionário.

Verso


O prêmio Melhor Trecho de Letra de hoje vai pra essa aqui:

you kiss like a rock
but you know I need you anyway

De alguma coisa do Pavement que tá no Terror Twilight, já comentado por aqui.

Em Ritmo de Aventura


Estou parecendo o Roberto Carlos naquele filme cujo nome está no título deste post: uma correria só. Falta apenas o helicóptero pra completar a coisa toda. Os posts estão cada vez mais raros, e continuarão assim por um bom tempo.

Camisa xadrez


Estava vendo hoje um programa na MTV, daqueles produzidos pela MTV americana. Pelo que entendi, é mais uma das atrações televisivas em que um cara cool e descolado tenta ensinar um pobre nerd a ser tão cool como ele e a pegar muitas mulheres.
O engraçado é que esse nerd era mesmo o ícone máximo da sua classe. Estereótipo mesmo. Óculos, cabelo lambido, roupas estranhas, vocabulário de velho e, principalmente, um jeito abobalhado.

...

O grande momento foi quando o cara cool esculachou as roupas do pobre jovem. Aí, na cena, seguinte, o nerd dá um depoimento pra câmera:

É fiquei um pouco chateado pelo que ele disse das minhas roupas. Afinal, representam um monte de dinheiro gasto por minha QUERIDA MAMÃE.

Baila


Espetacular comentário do Iuri, meu irmão, ao saber que estão montando uma nova formação dos Menudos:

- O pior é que daqui a vinte anos vai ter outro Rick Martin...

Blargh


Eu não assisto Big Brother. Mas não é por eu ser contra a Globo. Muito menos por achar que não é um programa construtivo, e que a grade da TV deveria estar recheada apenas com programas que discutem a dualidade na obra de Proust. É que, além de achar um saco, prefiro evitar isso:

Em seguida, o auxiliar administrativo colocou um ovo de codorna na boca e pediu para Cida pegar a metade. Ela pegou e deu um selinho no amigo.

Pelo amor de Deus, é o beijo MENOS ROMÂNTICO desde o tempo dos rituais de acasalamento do Paleolítico, com certeza. E uma das coisas mais nojentas da história, sem dúvida.

E...valendo!


Agora o ano começou de vez. Trabalhando o dia todo, aulas na Fabico e/ou ESPM nas noites, inglês sábado de manhã. E fim de semana fazendo trabalhos. Isso logicamente reduzirá o número de posts aqui. Mas sempre que der uma brechinha, coloco um pensamento torto, uma opinião dispensável ou uma idiotice de qualquer quilate.

Inflexível


Música eletrônica só serve para ser trilha de filme de ação. E tenho dito.

TFC


Ah, finalmente!

Tá saindo no Brasil a coletânea do Teenage Fanclub. E eles vem pra cá, mas não pra POA.

Pa ra ra


Ontem, durante a viagem de volta de PF, um pensamento não me saía da cabeça. Mas antes de dizer qual, vou contextualizar uma coisa importante: eu sempre vejo o lado positivo das coisas, mesmo das mais murrinhas (acho, sem falsa modéstia, que isso é uma grande qualidade). Mesmo quando se está tentando dormir no ônibus e celulares não param de tocar, acho um jeito de me divertir com isso. Opa, aí voltamos ao pensamento.
Já que eu ia ter que aturar celulares tocando a viagem toda (eu já sabia, é sempre assim - aliás, tenho que lembrar de escrever sobre a minha antipatia a toques divertidos), passei a reparar na feitura dos toques. Se eram bem feitos, se pareciam com a música original - isso quando eu os reconhecia, naturalmente.
Comecei, então, a ficar encantado com aquilo. Percebi que não se trata apenas de uma execução da melodia da música. Não, não, existem várias nuances nos toques. Quando se trata de um reggae, por exemplo, algumas notas soam mais baixas, para dar aquele efeito rítmico que o citado estilo possui.
Finalmente, me veio o pensamento: meu Deus, quem são os caras que fazem isso? Quer dizer, quem são as pessoas que adaptam músicas para o formato de toque de celular? (antes que alguém venha com a resposta do mundo moderno para tudo, "ah, deve ser um programa de computador...", já digo que acho pouco provável. Pode até ter softwares que ajudam, mas um computador simplesmente traduziria a melodia e, para o toque ser real, precisa muito mais do que isso).
Imaginem um músico de uns 30 anos, sentado numa poltrona, fumando e ouvindo exaustivamente o último sucesso da Ivete Sangalo para conseguir capturar mais que sua melodia. Para pegar sua essência, aquilo que uma pauta não transcreve, mas que é indispensável para que reconheçamos uma música. Após horas de trabalho, ele leva o resultado de suas anotações para o engenheiro que vai transformar isso em bits. E diz, com o rosto ainda suado e esbugalhando os olhos de emoção "o segredo tá aqui, presta atenção: essa nota aqui tem que estar num volume mais baixo, entendeu? Se não for assim, vai ficar bagaceira".

Song of the day


E o prêmio vai para a excelente First Breath After Coma, do Explosions in the Sky. Onze minutos de audição muito bem investidos. Toda instrumental. Daqui ó.

Voltaremos


Fim de semana em Passo Fundo - comemorando os 80 anos do Vó Moisés - resultou em ausência de novidades por aqui. Depois do almoço, coisas novas aqui estarão, certamente.

Aos 13 II


Quando a gente tem 12 anos, nossa intenção máxima com as mulheres (pelo menos do ponto de vista do realizável) é dar umas beijocas. É a fase do Verdade ou Conseqüência. Porém, nem sempre os zeladores têm essa percepção. Especialmente os velhos e tarados. A história que segue é verídica, inclusive os nomes (me processem!).


O Pablo era meu colega no colégio e vizinho lá no Edifício Conceição. Assim, passávamos umas 16 horas juntos por dia. Quase todas as delícias e agruras da adolescência experimentamos juntos (sem malícia, amigos). Um dia, enquanto atirávamos com nossas zarabatanas, ele propôs:
- E se a gente trouxesse as gurias praquele apartamento vazio?
- Quais?
- A Clarissa, a Lisiane, a Ligiane, a Aline. A gente pede a chave pro João Pedro.

João Pedro era o zelador. Trabalhava ali no prédio há uns 20 anos, pelo menos. Tinha uma penca de filhos, um Ray Ban e um boné da Agroceres. E era nosso faixa.
Ainda assim, não podíamos chegar para um adulto e dizer "olha, queremos jogar Verdade ou Conseqüência com nossas colegas". Adultos=sexo era a equação, e a gente sabia como resolver. Tínhamos que ficar no mesmo nível, falar de igual pra igual, de homem pra homem:

- A gente vai comer umas colegas nossas! - Pablo disse - É pra isso que queremos a chave.
- Ah, claro, claro. Mas ó, isso fica entre nós - respondeu o solícito zelador.
E tirando o Ray Ban, acrescentou:
- E não sobra uma pra mim?
A gente se olhou e respondeu:
- Ah, quem sabe, né...

Não ia sobrar nem pra gente, óbvio. Mas nossa resposta garantia que ele agilizaria as coisas, evitando que nos ajudasse com a mesma velocidade com que cortava a grama do jardim.
Assim foi. No dia combinado, estávamos nós e as gurias lá. E o João Pedro lá fora, como o cachorro que vigia a refeição do dono porque sabe que, se fizer tudo certo, pode ganhar uma sobra da comida.
Só tinha um problema. Imaginem mulheres adolescentes em momentos de adrenalina (quem vai beijar quem? qual a prenda? de língua?). Qual a coisa mais normal para elas nesse momento? Gritar, claro. E muito. A ponto de o zelador ir lá bater na nossa porta:

- Controlem os gritos aí. Tá dando pra ouvir lá de baixo.
- É que elas são virgens... - respondeu o Pablo, pra não desmontar nossa falácia.
Em que o zelador, prontamente, e com a sabedoria de muitos anos de taradice, respondeu:

- Ahn...mas então passa uma manteguinha...

Ah, saudades.

Chegará a vez


Por telefone:

- Seu nome, por favor?
- É Saulo.
- (...) Paulo?
- Sim, para surdos, pessoas com QI menor que 60 e desconhecedores do Evangelho, é Paulo.

Um dia vou dizer isso, ah, vou.

Aos 13


Devido a total falta de assunto - somada ao meu compromisso de manter Mujique atualizado - publicarei aqui uma série de retratos (no sentido figurado) da minha adolescência. Serão frases, histórias e, se eu tiver coragem, retratos mesmo. Começo com a seção "frases e sentenças de questionário". Espero que sobrevivam.


Tudo que eu sei é que o Rodrigo (que respondeu com o número 3) ficou com a gorda da 62.

Quando você nasceu todos sorriam e somente você chorava. Viva de tal maneira que, quando você morra, todos chorem e somente você sorria.

A Jaqueline é gostosa mas só fica com os piá do segundo grau.

Era uma vez uma formiga que foi passar o trilho do trem. Quando ela passou, o trem arrancou sua bunda. Ela voltou pegar a bunda e o trem passou por sua cabeça. Moral da história: não perca a cabeça por uma bunda.

Um dia ainda vou namorar o Giovane do volei, muito gatoooo. E beijo, Pri, minha amigona, te adoro D+!!!!

O Pedro é viado e dá pro professor de História.

"quando o sol bater na janela do teu quarto/lembra e vê que o caminho é um só"

No próximo capítulo: Verdade ou Conseqüência, o zelador e a manteguinha.

CD


Caiu em minhas mãos o A Rush of Blood to the Head, do Coldplay. A parte boa é que lembra - vagamente, é verdade - algumas coisas do Radiohead. A parte ruim é que lembra U2.

De tudo um pouco


Acho que uns 32% das crônicas de cotidiano se baseiam no binômio moderno x antigo. Em outras palavras: são textos em que o cara 1- lança mão de todo o seu saudosismo para afirmar que "hoje em dia tudo é sem graça com essas paqueras via internet. Bom mesmo era no meu tempo, quando a gente passava Gumex no cabelo e parava na Rua da Praia, olhando as meninas e apertando o olho enquanto tragava o cigarro".

Parênteses: um cronista de respeito tem que ter mais de 50 anos e, portanto, usar termos como "paquera" e "Gumex".

Ou o cara 2- afirma, maravilhado "como é fácil para os jovens de hoje aprender a tocar guitarra, tem tantas revistas e instrumentos disponíveis, muita informação mesmo. No meu tempo nem tinha guitarra no Brasil, só tinha Giannini".

Aliás, mudando de assunto mas não de post, sempre achei engraçada essa afirmação "porque hoje no mundo moderno é tudo fácil, não é precário como há 50 anos". Como assim mundo moderno? É tudo questão de referência. Não somos o mundo moderno se comparados ao ano 3456 (ano que o Inter voltará a ser campeão brasileiro).
Até imagino um cara falando daqui a 80 anos: "é, mas em 2004 era foda mesmo. Ainda tinha internet por telefone, imaginem! E o Werner Schunneman era galã! Hoje sim, tudo é fácil, graças a internet molecular*".

* essa eu tirei dos filmes de ação B. Tudo que é moderno, altamente tecnologico e segredo de estado norte-americano deve ter "molecular" no nome.

Notícia do Ano


Acho que posso me considerar responsável pelo surgimento do sensacional blog do Hilton. Afinal, muito insisti para que ele o fizesse.

La ri la ra


No último fim de semana, fui a um retiro com o grupo de canto. Entre exercícios, dinâmicas e rodas de samba para descontrair, ficou uma certeza: não conheço nada, mas nada mesmo de MPB.
E ontem fui ao meu último ensaio com eles nesse semestre. Segunda que vem começam as aulas, e aí adeus canto até agosto. Aliás, se eu fosse cumprir todas as minhas atividades pendentes nas segundas à noite, teria que fazer 6 créditos na Fabico, cantar por duas horas e meia e ter aula na ESPM por três horas e meia. Optei pela ESPM. E o resto, por enquanto, terá que esperar.

Agora sim um verdadeiro mujique


Minha barba de um mês já começa a causar espanto e reações negativas. Mas prometi pra mim mesmo que só vou tirar depois que começarem as aulas na Fabico. Por que? Porque assim eu determinei.

obs: não pensem que está algo absurdo também, é preciso considerar que minha barba é meio falhada.

É


E março parece que vai ser, mais uma vez, o mês mais quente do verão. Nesses momentos, fico com inveja do Alliatti, que tem um ventilador de repartição pública no quarto.

imagem meramente ilustrativa.

Banner sincero


Banner do selo Matador, no site da Pitchfork, anunciando promoção nos CDs:

CHEAPER CD MEANS MORE MONEY FOR DRUGS.

Mas que bom isso


Bem bom esse Terror Twilight, resenhado com 9.2 aqui na Pitchfork. Baixei inteiro, graças ao Soulseek, a quem finalmente me rendi, por insistência do Hilton.

Oh, poesia


Existe uma idéia bastante enraizada por aí de que poesia boa tem que ter alto nível de abstração. E palavras difíceis também, claro. Não sei se isso é algo tipicamente brasileiro, mas está aí o nosso hino pra dar sustânça à tese.
Se eu chegar para minha avó (sempre imagino minha vó quando quero submeter à prova teses que envolvam "boa parte das pessoas"), por exemplo, e ler um poema que diga "sândalos olentes", "ó, imaculada flor" ou que fale de um florão da américa que fulgura por aí, ela vai dizer "lindo! lindo!", mesmo que não entenda exatamente o que foi dito. Por que? Porque assim se estabeleceu: poesia tem que ter palavras difíceis. Mais do que isso: poesia não foi feita pra ser totalmente entendida.
Isso é uma distorção da idéia de que poesia é metáfora e, portanto, pede interpretação. Em geral as pessoas são condescendentes demais, acabam aceitando qualquer bobagem que o cara escreve com o argumento “ah, poema é pessoal, cada um faz sua própria interpretação”. Balela. Se for assim, então TUDO é boa poesia, porque tudo pode ser justificado, tudo pode ter sentido se assim se quiser. Exemplo disso é a versão do hino soviético, genialmente feita pelo Menezes. Diz ele, explicitamente, que se baseou apenas na fonética para construir os versos. No entanto, escreveu uma defesa para a letra que faz com que ela pareça mesmo dizer o que a justificativa prega que ela diz. Claro, bastou ser bem amplo na interpretação.
E o maior exemplo popular dessa história é o Renato Russo. Tem letras dele que eu gosto, acho boas mesmo. Mas boa parte não faz o menor sentido. Mas ele é poeta, né? Isso sim prova que ele é gênio. Nem entendo o que ele diz!

Parênteses: em geral, as letras do RR alternam bons versos com outros sem sentido que destroem tudo. Ex:


Parece cocaína
Mas é só tristeza

Isso é bom. Mas aí ele diz, no verso seguinte:

Talvez tua cidade

Que não faz o menor sentido, nem com o que acabou de dizer, nem com o que vai dizer depois. Fechando parênteses.

O Marcelo Camelo, do Los Hermanos, disse uma coisa interessante sobre isso. Ele citou a ditadura - e a paranóia dos versos com vários sentidos ocultos que existia na época - como responsável por essa mania de que boa letra tem que ser altamente metafórica.
E é curioso que o melhor letrista do Brasil, o Chico Buarque, tenha sido um dos ícones dessas letras cheias de significados. Logo ele, que tem letras bem compreensíveis e diretas, embora poéticas ao máximo.
Enfim, não gosto de poetas que precisam usar minha ignorância para escrever bons textos.

Antecipando a nostalgia


Já recebi uma dúzia de vezes um e-mail (na verdade, acho que é mais de um, mas todos têm a mesma temática e, no geral, as mesmas lembranças) com coisas dos anos 80. Coisas que lembram nossa infância, como o Pense Bem, o Ploc e o Lango-Lango.
Pois estava eu pensando e listei algumas coisas que devem estar nessas listas daqui há uns dez anos:

- Scoop Script, o mais famoso script de mIRC
- Magic, as cartas de RPG
- tatuagem de henna(?)
- P.O. Box

- e, porque não, blogs

Uá tchá tchá


Esses dias descobri que mulheres não podem fazer sushi porque têm as mãos frias. Ah, os japoneses são mesmo muito sábios. Perceberam há muito tempo a frieza e desfalçatez desses seres de cabelos cheirosos e intenções escondidas com Avon e Natura.

Pra lembrar


Como é bom quando a gente espera um bom tempo para ver um filme e, quando assiste, o filme corresponde às expectativas. Foi o que aconteceu com Pão e Tulipas. Procurei muito esse filme em Passo Fundo e nunca achei (calculem como funcionam as coisas na cidade onde sequer Matrix Revolutions passa no cinema). Depois que vim pra Poa esqueci dele.
E é bom, muito bom. Tudo que posso dizer agora, com a pauta da agência estourada.

Anotações


Como eu não vi O Senhor dos Anéis, fica difícil comentar muita coisa do Oscar. Mas vou fazer uma ressalva:

- Naomi Watts merecia o Oscar de atriz. Não vi Monster, mas duvido que em algum momento do filme a Charlize Theron me arrepie como a Naomi fez naquela cena em que descobre que suas filhas morreram no acidente.

No mais, só constatei que o Rubens Ewald Filho é mesmo um chato - ou um crítico de cinema por excelência, se preferirem - e que a SBT é muito amadora. O número de erros durante a cerimônia foi gritante. Mesmo sendo ao vivo, com tradução instantânea e tudo mais, não dá pra perdoar tanta tosquice. O que era aquela apresentadora, sem o menor timing e rindo constrangida depois de cada comentário dispensável que emitia?

E aquele camarote da Brahma? Primeiro, pelo ridículo merchandising. Tudo bem, entrevistar o cara com o logo da Brahma no fundo, beleza, mas ficar "é, olha que legal esse lugar que a Brahma montou, porque a Brahma incentiva o cinema, afinal, a Brahma..." chega a ser pedante. Outra: entrevistar a Wanessa Camargo é ruim, mas compreensível. Entrevistar a gerente de marketing risonha da Brahma é estultíce pura.

E, finalmente, a Babi, pior do que nunca, anunciando "é a SBT no Oscar 2000".

Está lançada a campanha


Agora que já temos um logo, feito pelo amigo Hilton, podemos lançar oficialmente a campanha NICOLETTI PARA PARANINFO:

Nicoletti foi nosso professor de Introdução à Informatica, cadeira obrigatória realizada no longínquo Campus do Vale. Rei das metáforas, ficou famoso por suas associações absurdas para explicar o conteúdo da citada disciplina. Talvez a mais famosa das citações do mestre seja a comparação que fez para ilustrar sua opinião sobre as pessoas que trabalham com informática mas não raciocínam, apenas executam: "são como macacos, só ficam ali apertando o botão". E gritando: "VOCÊS QUEREM SER MACACOS? QUEREM SÓ COMER BANANA???"

Com certeza seria o melhor discurso da história das formaturas fabicanas. E é isso que nos impulsiona nesse duro objetivo de aprovar Nicoletti como paraninfo.
Adesões bem-vindas.