Que pasó?

Mudar de residência é salutar. Ao colocar as revistas na caixa, encontrei a revista Carta Capital número 222. Data: 8 de janeiro de 2003. A capa mostra um Lula recém-empossado com o punho direito erguido e a manchete: "O Brasil que virá". Alguns momentos reportados por Bob Fernandes durante a posse:

1) "A cada minuto alguém se chega. Fidel Castro ouve, troca algumas palavras, cumprimentos, depois vira-se, para a esquerda, e indaga: 'Daniel, que pasó?'. Daniel faz a tradução. (...) Lá vem alguém abraçá-lo, contar a última e Fidel, depois de murmúrios e cumprimentos, recorre: 'Daniel, que pasó?'. (...) Daniel, o codinome de José Dirceu quando, nos anos 70, exilado, treinou guerrilha na Cuba de Fidel."

2) "Os preparativos para a festa idealizada pelo publicitário Duda Mendonça e coordenada por Sílvio Pereira, do PT, começaram 41 dias antes (...) No início da tarde, a dupla sertaneja (Zezé Di Camargo e Luciano) sob um sol de 32 graus, canta na esplanda um hino da campanha Lula 2002: 'Que é que há com o meu país?'. (...) Lula, ao entregar seus preferidos a Duda Mendonça, pediu: 'Eu gostaria muito dessa música na campanha'."

3) "No Palácio do Planalto, (...), não se vê o PFL. Cláudio Lembo, vice-governador de São Paulo, localizado, confessa: 'Sou um sobrevivente!'."

4) "Na noite do dia 1º de janeiro de 2003, Palácio do Planalto vazio, Palácio da Alvorada abarrotado para cumprimentos a Lula, da Silva, resta um mistério: Cristóvam emprestou sua caneta para Gil assinar a posse e Gil a emprestou para Furlan, que a emprestou para Dilma Roussef. De repente, a caneta desapareceu. Onde estará a Bic?".

The Mensalão Chronicles

Em homenagem ao retorno de Severino Cavalcanti ao congresso, publico aqui uma crônica de gaveta. Escrevi em julho de 2005, após um encontro rápido com o então presidente da Câmara, em Brasília, logo depois de um almoço no restaurante do qual ele cobrou propina. Severino cairia meses depois por causa do tal restaurante. Lembranças do auge da CPI do mensalão. Que dias divertidos aqueles...

O sorriso amarelo do Congresso

- E na CPI, Paiva, nós não vamos passar?

O sotaque nordestino não esconde a origem e a câmera fotográfica denuncia o caráter do passeio. A frase em tom reticente carrega uma decepção diante da qual Paiva não consegue evitar o rubor.

- Não iremos até ela porque a movimentação está muito grande - responde Paiva, com um tom de voz encabulado, como se aquela resposta não tivesse sido prevista no seu treinamento de guia turístico do Congresso Nacional.

Em seguida, imposta a voz e retoma o arranjo de falas prontas sobre os painéis e esculturas que adornam o Senado e a Câmara. O grupo de 10 pessoas aceita a resposta sem retrucar, mas encara o plenário deserto sem maior entusiasmo. Paiva tenta um consolo, com sorriso amarelo:

- O plenário está deserto justamente porque os senadores estão trabalhando na CPI e em comissões.

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Os hunos bufam

1) Professor Luizinho, dia 13 de junho de 2005: "O Roberto Jefferson está construindo uma nova parte de sua peça de teatro, mas precisa de fatos. Qualquer pessoa que acusa precisa de provas, ou então vira um circo".

2) Professor Luizinho, 09 de novembro de 2005: "Nego qualquer vínculo com o saque de R$ 20 mil realizado pelo meu assessor José Nilson dos Santos na agência do Banco Rural da Avenida Paulista, em São Paulo". Em depoimento prestado nesta quarta-feira no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, Luizinho disse que "seu ex-funcionário tinha relativa autonomia partidária porque trabalhava na articulação política do PT".

3) Professor Luizinho, 17 de outubro de 2005: "O dinheiro sacado junto ao Delúbio Soares por meu assessor é coisa deles, e eles confirmam isso. Não há nada que pese sobre a minha pessoa, então não tinha a menor lógica renunciar. Tenho a convicção de que o conselho irá punir quem é culpado, mas garantirá a absolvição de quem é inocente. E eu sou inocente".

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Silvio Pereira, 22 de julho de 2005: "Sem levar em conta as conseqüências de meu ato, aceitei que César Oliveira, meu amigo pessoal, mas proprietário da empresa GDK, me presenteasse com um carro Defender, produzido pela Land Rover. Nada ofereci ou me foi pedido em troca, minha consciência está tranqüila".

Haydée rouba um coração

Torloni não agüenta mais, muito gente que a assistiu também não agüenta mais, a imprensa não agüenta mais estampar as manchetes com detalhes das mamatas dos 40 ladrões, Arnaldo Jabor não agüenta mais dizer que a velha esquerda seqüestrou o Estado, a oposição não agüenta mais se esgoelar contra as já famosas tramóias do valerioduto. Ou seja: a indignação, pura ou com batatas, está saindo mais barata que um cacho de banana prata.

Christiane Torloni conseguirá salvar o Brasil? Uma carta de amor de Guilherme Fiuza.

The Mensalão Chronicles

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Delúbio Soares, 08 de junho de 2005: "O governo tem feito um combate implacável à corrupção no país. Nesses mais de 30 anos de militância política, não acumulei vantagens. Coloco à disposição da Justiça meus sigilos fiscal e bancário. Não me prejulgue por uma versão de chantagem. Estou muito indignado com o que foi dito a respeito da minha pessoa, do nosso partido. O PT não participa de compra de votos nem de apoio de deputados".

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