Solução para a educação no Brasil

Vou dar uma de Mangabeira Unger e vou resolver o problema da educação do Brasil em algumas linhas.

Antes disso, uma contextualização.

O Senado e a Assembléia Nacional da França vão instaurar uma comissão para apurar o mega quebra-pau que ocorreu dia 8 de março numa manifestação pública em Paris.

O motivo da manifestação: o governo francês resolveu ser mão-de-vaca e quer acabar com o baccalauréat, exame realizado no final do ensino secundário, que seria muito caro, e substitui-lo por avaliações periódicas ao longo do curso secundário.

O "bac", como é conhecido, é uma prova nacional, igual para todas as escolas da França e, portanto, é um uniformizador da educação no país. O único jeito é escolas, professores e alunos se adequarem às exigência do bac, porque não é que nem vestibular no Brasil, que se escolhe onde fazer. O bac, não: todos fazem.

Por que então os protestos? Porque, se acabarem com o bac, vai virar o Brasil, ou seja, cada escola, cada professor, faz o que bem entende, vai ter seu tipo de avaliação própria. Evidentemente, mesmo agora na França existem diferenças entre os liceus das áreas mais ricas e os das mais pobres, mas o bac ainda segura as pontas. Se for eliminado, vai virar o caos.

Bom, a história dos quebras-paus nas manifestações é bizarra: estudantes secundaristas da periferia, todos negros, estavam se infiltrando nas manifestações para assaltar e bater em todo mundo. E não queriam mais do que isso. Não sei se sabiam ou não, mas a manifestação era justamente a favor deles.

Enfim, acompanhando isso tudo, fiquei pensando ainda mais no que, pra mim, é a única saída para a educação no Brasil.

Não é adotar uma espécie de bac, mas fazer com que TODAS as provas bimestrais das escolas públicas sejam feitas pelo governo. Desde o índio no inteiror do Acre, até o filho de classe média de escola pública do bairro mais favorecido de São Paulo, todo mundo faz a MESMA prova em matérias como Matemática, Português, Química, Física, História Geral etc. As provas específicas para cada região (História, Geografia, Literatura, etc.) seriam evidentemente diferentes. O que importa é que TUDO venha de cima, do governo.

A implicação disso é 1) respeitar o que NUNCA é respeitado: o princípio da igualdade eqüitativa de oportunidades. Não interessa onde se nasceu, é OBRIGAÇÃO da porcaria do Estado fornecer a mesma educação pra todos os brasileiros; 2) em uns 5 anos tava resolvido TODO o problema da educação do país.

Como fazer isso? Basta estabelecer um período de adequação. Depois disso, paulatinamente, professores que não conseguirem ensinar vão sendo demitidos, alunos que não conseguirem acompanhar vão ter que entrar em programas especiais, sem aquele FIM DE TUDO de educação continuada. Se não tem condições, vai repetir o ano mesmo. Portanto, para os professores que conseguirem bons resultados, MUITO aumento, para os incompetentes, rua.

E os custos disso podem ser mínimos. Basta contratar uma centena de professores para elaborar as prova nacionais e as específicas. Cria-se um sistema de informática (como já temos nas eleições e que o governo gosta de dizer que é "o mais avançado do mundo") para distribuição das provas. Chama o Bill Gates, que tá louco pra fazer caridade e doar computadores, bota um computador em cada escola, ligado em rede com o MEC. Recebe a prova do MEC somente uma hora antes do início de cada prova, imprime, tira cópia e aplica a prova. Fiscais em várias escolas para fiscalizar as falcatruas que irão aparecer certo e era isso.

Tudo resolvido.

Primeiro mundo em 10 anos.

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