Derrota do pensamento

Lembra daquela aula de História no então chamado Segundo Grau? Aquela na qual falaram naqueles franceses de peruca... Diderot, D'Alembert etc, que se juntaram pra unificar todo o conhecimento humano num livro só, a Enciclopédia? Lembra que eles não gostavam muito da tradição religiosa porque estavam interessados nas ciências e no poder da razão humana?

Já ouviu falar de Emmanuel Kant, aquele baixinho que morava numa cidade obscura da Alemanha e que só alterou sua rotina diária duas vezes na vida, quando soube (com meses de atraso) sobre a Revolução Francesa e quando leu Rousseau? Aquele que escreveu a Crítica da Razão Pura (1781), coroação máxima da idéia iluminista de que o homem deve se guiar pela razão, faculdade excepcional que nos diferencia dos outros animais?

Pois bem, para quem ainda acha que isso tem algum valor, tenho uma notícia: acabou definitivamente tudo nos últimos dias. E foi no Brasil. O Brasil entra, portanto, na lista de importantes países que ofereceram contribuições significativas para a filosofia, desta vez, ajudando a descontruir um mito.

Porque o mais desesperador não é ver o tal do Maurício Marinho e/ou os deputados de Rondônia em flagrante maracutaia, em infinitos minutos que mostram como tudo funciona no país.

O pior é o que sempre vem depois: as explicações totalmente sem sentido, sem nexo; as coisas mais absurdas são ditas, sem nenhum pudor, sem nenhum constrangimento. Não é o caso de que isso acontece como se todo mundo fosse imbecil e acreditasse facilmente nessas desculpas. Isso acontece porque todo mundo é imbecil de fato.

O Maurício Marinho se diz "enganado" e "vítima de uma armadilha preparada por "não sei quem":

"Fui enganado na minha boa fé diante da oportunidade de prestar consultoria que me foi oferecida com o objetivo de desenvolver projetos para serem implementados em outras organizações", afirmou. "Tudo o mais que possa eu ter dito não passou de vaidade e uma maneira de me valorizar profissionalmente", disse.

Enquanto isso, o ex-capanga do Collor, o Roberto Jefferson, discursa no Plenário como se fosse o cidadão mais ético do Brasil (mais ainda do que toda a população do país, que é extremamente ética), inventa uma estória de um tal de comandante Molina e diz que foi vítima de uma tentativa de chantagem.

Deu, era isso. Acabou tudo.

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