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Nossa missão

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O jornalismo gastronômico é bunda-mole demais no Brasil. Com raras exceções, os críticos são um bando de puxa-sacos de cozinheiros e restaurantes. Os motivos são os mesmos de sempre: medo de perder as boquinhas luxuosas, ou os anunciantes. A crítica, na verdade, está em baixa em todas as editorias dos diários e revistas nacionais, então é até injustiça malhar apenas os cadernos que falam da dolce vita.

Quando o jornalismo falha, é a vez dos cidadãos assumirem. E hoje os cidadãos podem contar com os weblogs para isso. O objetivo aqui é este. Elogiar quem merece, mas detonar impiedosamente as picaretagens. Em meio a isso, sugerir boas receitas, resenhar novidades da literatura, afundar-se sem preconceito em qualquer tipo de comida — para depois relatar tudo aos leitores — e entrar em egotrips pseudo-filosóficas a respeito da atividade mais animalesca e, ao mesmo tempo, a que mais nos separa dos animais.

Porque embora o homem, como qualquer animal, tenha a necessidade de se alimentar para manter a existência, é o único que elevou este imperativo biológico ao nível de arte. Comida é mais importante que tudo.

Enquanto isso, fiquem com uma tradução livre do nosso hino, composto por Bertolt Brecht para a Ópera dos três vinténs.

Vocês, cavalheiros que pensam ter a missão
De nos expurgar dos sete pecados capitais
Deveriam primeiro resolver a questão da comida
E só então começar a pregação

Vocês, cambada que prega o sacrifício e cuida da cintura
Deveriam aprender de uma vez como gira o mundo
Não importa o quanto distorçam ou as mentiras que contem
Comida vem primeiro, moral depois

A humanidade se mantém viva pelo brilhantismo
Em manter sua humanidade reprimida
E de uma vez por todas, não torçam os fatos
A humanidade se mantém viva por atos bestiais

Marcelo Träsel | 19.09.2005, 19:39 | Comentários (8) | TrackBack (0)