Glühwein

A primeiríssima coisa que provei na Alemanha foi Glühwein, um tipo de quentao. É muito melhor do que o nosso quentao, inclusive, porque é feito com vinho que presta, em vez de Sangue de Boi, e leva bem menos acucar. Esquenta bastante em dias de neve.

A segundíssima coisa foi uma cerveja. Quanta diferenca! É servida à temperatura ambiente e mesmo assim é bem mais gostosa que as brasileiras. Sente-se bastante o gosto de lúpulo. Aliás, a cerveja aqui tem sabor, ponto. Nao é aguada. Nem lembro a marca, já que cada Kneipe serve uma diferente, em geral produzida na regiao.

A terceiríssima foi Weißwurst — lingüica branca — com mostarda vermelha adocicada e Brezel — ou Prätzel. Typische Bayerisch! É o prato regional mais conhecido da Bavária, regiao onde fica Würzburg. Detalhe interessante é que as lingüicas vem em uma caneca, boiando na água quente. Sao bem temperadas. Já a mostarda, acredito que seja vermelha por conta do Krem, a raiz-forte. Mais pesquisa se faz necessaria.

Marcelo Träsel | 28.12.2005, 16:14 | Comentários (9)

Lagosta à Cubana

Lagosta à Cubana

Comer em Cuba é sempre uma aventura. E foi numa dessas, entremeada por um show de travestis e algum conhecimento revolucionário que comi a minha melhor refeição em dois meses: lagosta, porsupuesto.

Pode-se pensar que comer lagosta em Cuba é fácil como no nordeste brasileiro. É uma ilha, não? Esqueça seus paradigmas! É Cuba! Como os mais espertos podem imaginar, só o governo e autorizados por ele podem VENDER o que se pesca. O resto é CLANDESTINO. O que eu comi era uma lagosta ilegal, como quase tudo que eu fiz em Cuba. Lá, até o capitalismo que eles vivem, velado, é ilegal, então tá beleza.

As condições de higiene me assustaram um pouco. Um gatinho roubava a carne de lagosta de um balde sujo de terra. Eu espero que só por fora. Chega o prato: lagosta, banana frita empanada em rodelas salgada, arroz com caldo de feijão, muito, e salada de pepino. Saladas, aliás, são coisas raras em cuba. Como também devem estar pensando aí a lagosta era de um preparo simples, mas saboroso. A carne já tinha sido retirada do seu antigo recipiente calcário e foi preparada com um molho de tomate que levava, além do ingrediente principal, cebola, alho, azeite e sal. O sabor do tomate era forte e a cebola estava completamente desmanchada. Para acompanhar, mojitos com Havana Club, água com gás, gelo picado, açúcar e muita, muita hortelã.

Carol Andreis | 26.12.2005, 22:03 | Comentários (1)

Pato no tucupi

pato_no_tucupi.jpgDesde que comprei Viagem gastronômica através do Brasil, de Caloca Fernandes, sou fascinado por tucupi. Trata-se de um caldo amarelo-ovo retirado durante a prensagem da mandioca-brava, temperado com chicória, alfavaca e sal. É um tipo de fugu brasileiro — aquele baiacu japonês que tem veneno nas vísceras e pode matar o cliente do restaurante se não for preparado por um especialista —, já que a mandioca-brava contém ácido cianídrico. Deve-se confiar que o produtor do tucupi ferveu o caldo pelas horas necessárias para decompor toda a substância venenosa.

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Marcelo Träsel | 25.12.2005, 13:25 | Comentários (10)

Das Boot

Estive por meses discutindo com amigos qual é, afinal, a receita do verdadeiro chucrute. Ouvi de tudo: que leva leite, limão, vinagre, vinho e até farinha.

Fora de controle, resolvi dar uma pesquisada. Encontrei dois vetores, que se dividem basicamente nos que preparam o repolho refogado com diversos condimentos (para consumo imediato) e os que deixam o vegetal fermentar, para adicionar elementos depois. Esta última opção me parece mais pertinente, na medida em que o gosto azedo e as bactérias lácteas decorrentes do processo são o principal atrativo desta iguaria.

Por este caminho, encontrei o que parece ser o apanhado de diretrizes definitivo. O sensacional Luteranos.com.br oferece uma receita de chucrute que leva 8 dias para ficar pronta. Só vai repolho, água e sal. Refogar, só depois do processo de fermentação estar pronto, o que soa muito mais sensato.

Bruno Galera | 24.12.2005, 12:13 | Comentários (5)

Sabores de pizza

DSC06398.jpg
Fast food na Italia significa muito mais pizza do que hamburger. Dois pedaços e uma coca-cola fazem um almoço. A variaçao pizza + salada + refri ou pizza + salada de fruta + refri tambem sai muito. Mas os sabores aqui sao mais tradicionais, tipo margherita, siciliana, napolitana, calabresa e assim por diante. Foi surpresa hoje encontrar essa de batata frita e alecrim. Com certeza o campeao em inventar sabores de pizza é o Brasil. Lembrei dos rodizios com 35, 50 sabores de pizzas, doces, salgadas, com sorvete, com strogonoff, com feijao... onde os meninos sentam e ficam uma hora e meia comendo seus 30 pedaços em competiçao.

| 21.12.2005, 15:30 | Comentários (12)

Conserva de pimenta

Ela olhou pra mim, a bandeja de pimenta, vermelhinha, e não resisti. Está no inconsciente coletivo os milênios que nos separaram desta especiaria, as viagens de desbravamento para melhor dispor delas, o realce dos pratos com seu sabor venenoso incomparável. Comprei as frutinhas, custaram centavos a mais de um real e tinham destino certo: os potes de geléia vazios que estavam dando sopa na prateleira.

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Hermano | 20.12.2005, 19:18 | Comentários (7)

Apelo aos gerentes de TI

Por Deus, o que custa criar sites de fabricantes de produtos alimentícios que funcionem direito em Firefox? E sejam mais leves? Sempre tem algum arquivo em flash para carregar, o que ainda traz a desvantagem de não permitir links diretos para as páginas dos produtos.

Marcelo Träsel | 20.12.2005, 10:49 | Comentários (7)

Wafers de pêssego

wfer.jpg Além de a idéia ser genial, os wafers de pêssego da Isabela levam pedaços desidratados da fruta, diz a lista de ingredientes. Um bom ponto de partida. Amo pêssego, então não deu para resistir. O biscoito é bom, mas diria que tem um pouco de sabor demais da fruta. Fosse um tiquinho mais suave, pareceria mais com o gosto original.

Aliás, merece elogio a recente ampliação dos sabores de wafer por diversas empresas. O sabor chocolate com avelã da Bauducco, por exemplo, também é muito bom. Melhor ainda é o romeu e julieta da Nestlé.

Marcelo Träsel | 19.12.2005, 18:34 | Comentários (4)

Abomynus gourmet

José Antônio Pinheiro Machado, mais conhecido como Anonymus Gourmet, além de mala sem alça, é uma farsa completa.

Não entende nada de gastronomia. Já tive a chance de entrevistá-lo para uma reportagem e percebi que é no máximo um diletante. Mistura ingredientes nada a ver para criar suas receitas, como qualquer amador. Nada contra as criações improvisadas de amadores: o problema é quando o sujeito usa isso para posar de connaisseur. Suas colunas são típicas do pensamento mediano. O que, assim como no caso da Martha Medeiros, provavelmente explica seu sucesso de público. O mais grave é que ele não cozinha seus pratos. São todos preparados por uma equipe de cozinheiros, o Anonymus apenas mistura tudo em frente às câmeras, conforme funcionários do grupo RBS. Uma fonte confiável conta que, num evento de gastronomia no Paradouro ZH, em Atlântida, Pinheiro Machado levou um cozinheiro, deixou o sujeito cozinhar e dedicou-se a beber um litro de uísque.

Marcelo Träsel | 17.12.2005, 14:27 | Comentários (13)

Natal do povão

Um dos grandes desafios culinários é fazer um prato elaborado para alimentar multidões. Tipo ceia.

Enfrentei odisséia semelhante na semana passada, aquela coisa de confraternização de fim de ano da galera. No menu, entradinhas de festa, como pastinha de ricota e gorgonzola, amendoim e biscoito Torcida, só pra acompanhar a cerveja. E no forno desde às 16h, dois Tender ao molho de laranja, um Chester recheado com farofa de bacon, e um lombinho na mostarda com coentro e limão. Acompanhando tudo isso, arroz com nozes, mais da farofa de bacon, e umas batatas-doces cozidas.

Vamos ao passo-a-passo.

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fred | 16.12.2005, 0:39

Infarto no Vale do Taquari

Deixei Lajeado com certo dissabor por um motivo: abria mão da melhor maionese caseira do mundo. Não é exagero: os lugares mais tradicionais literalmente se digladiam por ter a melhor maionese. E a escolha é difícil porque, bem, maionese boa é maionese sem gosto muito ressaltado. Gordurame da morte, puro e simples.

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Hermano | 14.12.2005, 20:38 | Comentários (6)

Garfando espaço na mídia

eu_cozinhando.jpgEste blog é um dos casos citado em uma reportagem da Zero Hora de hoje sobre pessoas que produzem conteúdo na WWW — é preciso se cadastrar gratuitamente para ver. A receita da foto é a do spaghetti alla carbonara.

Sintomaticamente, a notícia sobre um blog culinário é dada no caderno de informática, mas não no caderno de gastronomia do jornal. Onde, aliás, é raro ver uma linha sobre os recursos que a rede mundial de computadores oferece aos cozinheiros.

Marcelo Träsel | 14.12.2005, 10:15 | Comentários (4)

Mesa tailandesa

O Thaitable é um dos melhores sites sobre gastronomia por aí. Peter Kuykendall e Natty Netsuwan — esta a cozinheira em si, criada no oriente — não apenas ensinam receitas, inclusive com fotos passo-a-passo, como dão explicações sobre os ingredientes menos conhecidos, oferecem uma busca de mercados tailandeses nos Estados Unidos e dicas sobre como aprender a cozinhar. De acordo com eles, há quatro princípios filosóficos na culinária tailandesa: cozinhe com sua língua; não medir nada; seguir o gosto pessoal; e o dos quatro sabores da comida: "azedo", "doce", "cremoso" e "salgado", mais o suprasabor a que chamam "calor" — ou seja, apimentado.

Marcelo Träsel | 13.12.2005, 22:06

Spaghetti alla carbonara

carbonara_2.jpgA editora norte-americana Phaidon gentilmente me enviou uma cópia de The silver spoon, seu novo livro de receitas. Diz o release que se trata de uma das obras sobre culinária de maior sucesso na Itália, "finalmente traduzida para o inglês". É um calhamaço com 1200 páginas e duas mil receitas de todo tipo. Dado o seu tamanho, está com um preço bem em conta: R$ 126. Claro que, por este preço, tem poucas fotos e essas poucas são de má qualidade. Ainda assim, a capa é bonita o suficiente para quem compra livros de gastronomia apenas para decorar a mesa de centro da sala ficar satisfeito.

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Marcelo Träsel | 12.12.2005, 10:31 | Comentários (3)

Gokan

Há dez ou quinze anos, Porto Alegre tinha apenas um restaurante japonês, o Sakae's, na Rua Castro Alves, 690. É bem típico, mais voltado para os pratos quentes do que para o sushi, inclusive. Serve até natô. Certa vez pedi um prato, para ver como era, e o garçom fez a cara mais incrédula que já vi na vida. "Mesmo? Em geral, só japoneses pedem natô." Quando chegou o troço, entendi o porquê. Trata-se de soja fermentada — isto é, semipodre. Tem aspecto de cocô e cheiro de cocô. Não satisfeitos, os japoneses quebram um ovo em cima e misturam, para ficar ainda mais gosmento. Obviamente, tem gosto de cocô também. Consegui dar duas garfadas.

Mas tergiverso.

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Marcelo Träsel | 10.12.2005, 10:28 | Comentários (5)

Porcarias detestáveis

Já os salgadinhos Fritex Assado! são uma droga. Podem até não ser fritos em gordura vegetal hidrogenada, mas este é o único sabor que se sente ao mordê-los, junto com o gosto de sal. Provei o de "tortilla sabor cream cheese" e "wavy cebola e salsa". O primeiro lembrava manteiga rançosa e o segundo... bem, margarina salgada.

Marcelo Träsel | 9.12.2005, 19:43 | Comentários (1)

Porcarias preferidas

sensacoes.gifA linha de batatas fritas Sensações, da Elma Chips, não fica devendo nada à Pringles. Os primeiros sabores lançados foram "sal com um toque de azeite de oliva", "tomates secos" e "queijo". Todos muito bons. As de queijo, inclusive, não têm aquele sabor nauseabundo que gruda na língua, caso da maioria dos salgadinhos que usam o ingrediente. Bastante suave. A maior surpresa foi a versão "peito de peru": o gosto é igualzinho ao do acepipe original. Os pesquisadores da empresa fizeram um excelente trabalho. Diria até inacreditável. E repetiram a dose com as batatinhas de frango a passarinho. Seria capaz de jurar estar comendo pedaços de galinha frita num boteco, se não estivesse enxergando os chips. Mas não se pode ganhar todas: o sabor "espetinho de camarão" só tem gosto de limão e sal. Mas sabor artificial de camarão é um problema mesmo, vide o insuportável Miojo com o mesmo ingrediente.

Marcelo Träsel | 5.12.2005, 10:30 | Comentários (10)

Hiperatividade

Dezenas de receitas com café. Mousse, torta e bolo parecem boas idéias, mas tenho algum ceticismo quanto a pratos salgados que levam café no molho. Sem o açúcar, o grão tende a dominar demais o sabor. Só é estranho não ter a clássica receita de irish coffee.

Marcelo Träsel | 4.12.2005, 21:22

Acabou em calzone

Mandando ver um Mini Kalzone de filé com cheddar na praça de alimentação da UFSC, fiquei me distraindo com a história em quadrinhos que veio sobre a bandeja. Explicava a suposta origem do calzone, ou "perna de calça", do italiano, conforme este dicionário. Na verdade, parece que plagiaram a explicação da história do sanduíche. Observem os quadrinhos abaixo:

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Marcelo Träsel | 2.12.2005, 22:26 | Comentários (13)

Florianópolis

peixe_sto_antonio_lisboa.jpg
Algumas considerações gastronômicas sobre minha recente visita a Florianópolis:

— Provei o famoso peixe escalado. Trata-se de peixe salgado e seco em varais, daí o "escalado". Comi no restaurante Chão Batido, em Santo Antônio de Lisboa. Meio decepcionante, na verdade. Diria que faltou tempero no "peixe à Santo Antônio de Lisboa", visto na foto aí ao lado. Estava meio insosso. A receita é uma clássica de bacalhau: cebola, tomate, batata e azeitona, tudo cozido na mesma panela. A moqueca de ostras, mexilhões, polvo e camarões pode ser uma escolha melhor.

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Marcelo Träsel | 1.12.2005, 18:48 | Comentários (3)