Minha primeira experiência com trufas

oleo_trufado.jpgHá algum tempo um amigo da família, sabendo que sou grande fã de gastronomia, deu-me de presente o vidro de azeite trufado aí da foto. É da marca Oliviers & Co. e não sei quanto custou, mas supostamente é bem caro. Não sei se é feito com trufas negras ou brancas. Aposto nas negras, mais baratas. Só espero que não seja produzido com aroma sintético desse tipo de fungo.

Para experimentar o azeite, preparei uma omelete na manteiga e um ovo frito bem mole, ambos com um pouco de pimenta do reino. Se o objetivo é sentir o sabor das trufas, o melhor é usar algo bastante simples como base. Outras possibilidade são pães frescos, risotos com poucos ingredientes ou um humilde espaguete com manteiga.

A verdade é que foi difícil identificar o sabor da trufa no ovo. Quer dizer, evidentemente havia algo diferente sobre a língua, mas demorou até o cérebro conseguir separar os sabores. Depois disso, percebi que a trufa tem um gosto meio terroso como o de outros cogumelos, mas acompanhado de outros elementos complexos. Foi um tanto decepcionante, pois esperava um sabor bem mais marcante. Apesar da quebra de expectativa, porém, devo dizer que definitivamente gosto de trufas.

Marcelo Träsel | 31.05.2008, 21:09 | Comentários (13)

Media Luna Boutique de Doces

media_luna_doces.jpgEste blog foi gentilmente convidado para comparecer ao café da manhã para imprensa da nova loja dos argentinos Abel e Clarita Blumenkrantz em Porto Alegre. Ambos, mãe e filho, já tocam um café de bastante sucesso com o mesmo nome na rua Dr. Timóteo, 890, que serve medias lunas bem recomendadas. Neste novo estabelecimento, a proposta é oferecer mais opções de doces e salgados aos clientes e, principalmente, doces porteños, diferentes dos tradicionais brasileiros.

Se for até lá, não deixe de provar em hipótese nenhuma a torta de amêndoas com doce de leite e a bomba de chocolate. Nem as medias lunas, é claro. Os croissants da Dona Clarita são idênticos aos servidos pelas cafeterias argentinas. Segundo ela, foram necessários dois anos para chegar à receita de uma massa que, embora folhada, não fosse gordurosa demais. Há também empanadas, que não cheguei a provar. E alfajores, claro, feitos com bolachas tipo cracker, doce de leite e cobertura de açúcar confeitado.

Dona Clarita foi começar a trabalhar no ramo da alimentação apenas quando se mudou para Porto Alegre junto com dois de seus filhos. "Mas ela sempre cozinhou para os filhos", lembra Abel. Abel e seu irmão mais velho decidiram vir para Porto Alegre após a crise econômica de 2001, que levou a Argentina à falência. Sem perspectiva de arrumar empregos em Buenos Aires, emigraram e se tornaram empresários. O irmão voltou para o lado de lá do rio da Prata, mas Dona Clarita ficou.

media_luna_fachada.jpgAmbos parecem muito sérios quanto à qualidade. Abel mostra com orgulho a cozinha, cujas praças foram organizadas conforme o sistema de trabalho kanban e é aberta para todos os clientes verem. "Queremos mostrar que somos honestos. Na outra loja, volta e meia os clientes perguntam se as medias lunas são do dia. Isso entristece." Faz questão de abrir as geladeiras, para provar que há apenas matéria-prima, nenhum doce pronto. Dona Clarita adianta que planejam fabricar e vender doce de leite próprio até meados do ano que vem, porque o produto nacional não é bom o suficiente.

O Media Luna Boutique de Doces funcionará de segunda a sábado das 9:30 às 21:00 durante o horário de verão. Os preços são razoáveis. Uma media luna custa entre R$ 3 e R$ 5, a depender do tamanho, mesma faixa de preço dos doces. Um espresso sai por R$ 2,15 -- aliás, o café merece destaque, é de excelente qualidade. Eles também aceitam encomendas de doces e salgados para festas.

MEDIA LUNA BOUTIQUE DE DOCES
Rua Fabrício Pillar, 681 (esquina com a Silva Jardim)
51 3407-3333

Marcelo Träsel | 20.11.2007, 21:41 | Comentários (11)

Café do Porto

Uma reunião ontem me levou até o Café do Porto, na rua Padre Chagas. Para quem não mora em Porto Alegre, cabe informar que é o eixo do jet-set local -- e dos candidatos à categoria, é claro --, coalhado de bares e restaurantes dos mais variados tipos e qualidades. O Café do Porto é um dos pioneiros, está lá há mais de dez anos, o que certamente não ocorre à toa.

Como era de se esperar, tudo é muito caro. O espresso sai por R$ 3, um pedaço ridículo de rolinho de goiabada custa cerca de R$ 7. Até aí, faz parte do jogo. O lugar é muito bonito e agradável, no bairro mais caro da cidade. De fato, tomar uma cerveja artesanal Helles numa tarde de sábado ensolarada (R$ 23 o garrafão de dois litros) vale abrir um pouco mais a carteira.

Não sei se o espresso vale o preço, mas o raviolone de vitelo com molho de funghi secchi (R$ 19) certamente poderia ser feito na hora, em vez de tristemente requentado. O tempero do recheio é até bastante bom, apimentado como raramente se vê em restaurantes porto-alegrenses, mas os cogumelos que um dia povoaram o molho são liquidificados, o que é um acinte. Considero o prato no máximo razoável.

No fim das contas, o Café do Porto em geral oferece um bom serviço e se esforça para servir comida de qualidade. Provavelmente é mesmo um dos melhores lugares da região. Alguém aí tem uma opinião sobre o café em si?

CAFÉ DO PORTO
Rua Padre Chagas, 293
Moinhos de Vento

Marcelo Träsel | 3.11.2007, 18:34 | Comentários (11)

Espumante Angheben na Champanharia

Aproveito a primeira visita à Champanharia Ovelha Negra para falar da vinícola Angheben, a mais interessante do Rio Grande do Sul -- ao menos para quem não entende nada de vinhos, como eu.

Neste inverno tomei pela primeira vez um de seus vinhos, cujos vinhedos ficam em Encruzilhada do Sul, no pé da serra, um pouco fora do eixo vinícola tradicional. A uva era touriga nacional, uma casta insólita no Brasil, que tem um sabor lembrando um pouco frutas mofadas (não, não tomei uma bebida estragada, posso garantir). Bastante diferente de qualquer outro vinho que já tenha experimentado. Virei fã e comprei uma garrafa de barbera, ainda não consumida.

Pois então, hoje cheguei à Champanharia e descobri que a Angheben também tem um espumante brut produzido pelo método champenoise. Estava em promoção por R$ 50 a garrafa, um preço nada absurdo, cerca de R$ 10 a mais do que nas lojas. E o Angheben Brut é excelente, compre se conseguir encontrar. É muito bom ver viticultores investindo em castas diferentes e bebidas de qualidade, para levar adiante a fama que os vinhos e, principalmente, os espumantes gaúchos amealharam nas últimas décadas.

Quanto à Champanharia Ovelha Negra, o comentário mais importante é a justeza dos preços. Sempre tive um certo preconceito com o lugar, porque começou a aparecer no guia da Veja e é freqüentado por clientes oriundos da Padre Chagas, o que em geral significa preços altos por serviço duvidoso. Gosto de beber, e espumante não costuma ser a escolha mais econômica para isso. Portanto, fiquei surpreso ao ver que os preços na Champanharia não são nada abusivos, pelo contrário. Por outro lado, eles bem que poderiam não cobrar 10%, ou ao menos avisar no cardápio que o fazem.

No mais, a música é boa e não atrapalha a conversa. A comida parece bem feita, embora não tenha chegado a provar nada, e o garçom sabe servir direito uma taça de espumante, que chega à mesa na temperatura perfeita. Pode-se ver que os proprietários levam bastante a sério o objetivo da casa, que é oferecer bebidas diferentes e de qualidade. Só chegue cedo, porque a partir das 23:00 ninguém mais entra.

CHAMPANHARIA OVELHA NEGRA
Av. Duque de Caxias, 690
Centro
Telefone: 51 3061-7021

Marcelo Träsel | 29.10.2007, 23:07 | Comentários (13)

Doce natural

melao_seco.jpg

Melão desidratado é uma das coisas de que mais gosto na vida. Sempre fico admirado como uma fruta pode se transformar em uma barrinha de puro açúcar com um sabor azedinho bastante suave sem precisar de nenhum aditivo ou processo industrial complexo. Sim, aqueles cristais brancos são pura frutose tornada sólida.

Comprei esses aí em Buenos Aires. Se alguém souber onde arranjo melão desidratado em Porto Alegre, por favor avise.

Marcelo Träsel | 27.09.2007, 23:33 | Comentários (16)

Nosso agente na Austrália prova carne de canguru

Por Eduardo EGS Silveira

Desde que chegamos na Austrália, vários amigos do Brasil perguntam se a gente já viu algum canguru por aqui. Nossa resposta tem sido basicamente a mesma: "Não vimos, mas já comemos". E é justamente isso, ver (vivo, inteiro) a gente não viu, mas já saboreamos a deliciosa carne de canguru. Mas como se prepara uma carne que nunca se fez na vida? Bem, optamos por não inventar moda e fizemos o famigerado bife acebolado, que não tem erro, seja com carne de gado, de porco ou de marsupial.

canguru_1.jpg

Com relação a carne em si, posso dizer que ela é beeem macia e praticamente não tem gordura (percebam aquele "98% FAT FREE" na embalagem. Heh.). O gosto é similar ao da carne de gado, não tem nada de EXÓTICO. A não ser talvez pela simbologia de comer a carne de um animal que carrega o filhote numa bolsinha (*oun*). Acredito que dá para prepará-la de várias maneiras, não tem muita frescura. Optamos por fazer com cebola porque é uma das Sete Maravilhas da Humanidade e combina com tudo, até com sorvete de flocos.

canguru_pronto.jpg

Para a próxima experiência gastronômica, estamos pensando em comprar carne de crocodilo. Alguém tem alguma sugestão de preparo?

crocodilo_dundee.jpg

Marcelo Träsel | 13.09.2007, 10:39 | Comentários (10)

Plantando, tudo dá

physalis.jpg

Minha avó plantou camapu há alguns meses. Esta semana, fui presenteado com o punhado de frutinhas acima. Consta que isso é praga no Norte e Nordeste. Jamais achei que fosse crescer aqui no Rio Grande do Sul, mas o pé está carregado. Para quem se interessar, basta comprar no supermercado ou Mercado Público e enterrar algumas frutas no jardim.

Marcelo Träsel | 16.08.2007, 23:16 | Comentários (15)

Oficina de gastronomia na Pousada do Engenho

Há um novo e interessante projeto na área da culinária no Rio Grande do Sul, o Ao Pé do Fogão. A proposta é a seguinte: os inscritos passam o fim de semana na Pousada do Engenho, em São Francisco de Paula, e aprendem a preparar diversos pratos com um chef convidado. Também participam de um jantar em conjunto e de degustações de bebidas da Serra Gaúcha. Deve ser coisa boa, a julgar pelo outro projeto da mesma equipe, o Mesa de Cinema.

A programação da primeira edição do Ao Pé..., no próximo fim de semana, prevê que no sábado, a partir das 10:00, os hóspedes aprendem a fazer pratos como mesclun de folhas com camarão confit em ervas da Provence com aioli e pistou, panaché com torta reversée de peras com calda de mel e brandy, ou então um bom assado de porco marinado guarnecido por pequenos legumes recheados. Também haverá uma degustação de espumantes Adolfo Lona, acompanhada de caviar e outras luxúrias. Às 20:00, acontece um jantar para lá de chique. No domingo, café da manhã com o chef, para discutir as receitas.

Tudo isso sai por R$ 695, sendo R$ 120 para a oficina e a degustação, R$ 90 para o jantar com bebida incluída e R$ 485 referentes à hospedagem de um casal. Se não andasse com planos que exigem poupança, iria. Qualquer dúvida, falem com a Rejane Martins no e-mail nexo@nexocomunica.com.

Aproveitando o ensejo, informo que no sábado 25 de agosto acontece mais uma edição do Mesa de Cinema, no Santander Cultural. O filme da vez é o espanhol Tapas, e o chef convidado é Vicente Más González, o Paquito. Inscrições através do e-mail acima.

Marcelo Träsel | 13.08.2007, 10:42 | Comentários (2)

Melhor presente

maple.jpg

Ganhei essa garrafinha de xarope de bordo aí em cima. O maple syrup é muito usado sobre as panquecas no café da manhã norte-americano. Este vídeo mostra como ele é produzido.

Agora vou ter de aprender a fazer panqueca.

Marcelo Träsel | 1.07.2007, 23:12 | Comentários (21)

Porto Alegre, 10 graus

pumpernikel.jpgO melhor a fazer é aproveitar o inverno, porque dura pouco. E a única maneira civilizada de aproveitar o frio é ficar em casa, comendo bons queijos e embutidos e entornando bons vinhos. Nesse caso da foto, aproveitei para abrir um pumpernikel que vinha guardando com muito carinho. Esse pão típico da Vestfália é feito apenas com centeio integral com grãos praticamente inteiros, água e sal, cozido no vapor. Já que estava nesse espírito, inaugurei também um speck, tipo de presunto defumado originário da região do Tirol. Para acompanhar, um queijo sardo uruguaio e para molhar a garganta uma garrafa de malbec Finca La Linda. O arremate foi uma barra de Lindt.

Marcelo Träsel | 22.05.2007, 1:22 | Comentários (33)

Arte e cozinha

mesadecinema1.jpgNo sábado passado, fui à primeira edição do Mesa de Cinema no Santander Cultural. A idéia é simples: as pessoas vão lá, assistem a um filme que tenha a gastronomia integrada na trama principal, depois um chef prepara um almoço baseado nas receitas que aparecem. O filme foi o ótimo Uma receita para a máfia, do diretor Bob Giraldi. Já a cozinha do restaurante Moeda foi comandada pelo chef Jorge Nascimento e uma equipe de alunos do curso de gastronomia da Unisinos.

O foco deste blog é comida, então sobre o filme vou dizer apenas que é bastante instrutivo para quem quer conhecer o funcionamento de um restaurante. Isso porque o diretor usou o próprio restaurante, o Gigino, em Nova York, como locação. Na tela, três pratos têm proeminência: lagostas ao molho de baunilha, filé à fiorentina e uma sobremesa de chocolate. A vida imitou a arte e comemos lagostins ao molho de baunilha e champanha, filé à fiorentina e torta de chocolate como sobremesa.

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Marcelo Träsel | 1.05.2007, 20:27 | Comentários (4)

Engenharia aplicada à gastronomia

A primeira reação ao se ler sobre as idéias de Homaru Cantu, mentor do restaurante Moto, em Chicago, é "putz, mais um investindo na forma porque não sabe cozinhar". Ao se pensar pela segunda vez, porém, a impressão se esvai. Embora pareça uma afetação digna da decadência do Império Romano, criar técnicas culinárias como impressoras com cartuchos de molhos ou uma caixa que lhe permite ver seu peixe cozinhar contribui com a gastronomia.

Afinal, muito do que desfrutamos hoje se deve às pesquisas dos cozinheiros dos monarcas, cujo principal objetivo era ostentar poder com os pratos mais elaborados e difíceis de preparar. Parece ser esse o caminho de Cantu, tanto que ele criou uma empresa de design para levar seus produtos ao mercado. Outro expoente do gênero é o catalão Ferrán Adrià, do El Bulli.

Já idéias como cozinhar salmão na lavadora de louça são picaretagem pura e simples.

Marcelo Träsel | 27.09.2006, 10:45 | Comentários (1)

Montando uma cozinha pra dois

Cada vez mais as pessoas deixam pra ter filhos mais tarde e, mesmo assim, continuam juntando as escovas de dente no meio tempo. Iniciar uma vida a dois costuma ser bacana, montar apartamento, escolher móveis, pendurar quadros e prateleiras, organizar livros e mídias, this kind of crap. Diversões domésticas que fazem a alegria dos pombinhos e dos donos de empórios de móveis.

Resolvidos os problemas de encanamento, acertado onde ficarão os móveis, você se pega olhando para a cozinha e pensando que, ei, vamos passar pouco tempo aqui, mesmo, pra quê diabos a gente deve se preocupar com isso? Afinal a gente sempre come fora, etc., etc. Mas a verdade é que uma das coisas mais legais a se fazer nessa nova vida a dois é receber os amigos, preparar algum rango, tomar vinho e falar bobagem enquanto se cuida a panelada no fugão. E, pra isso, uma cozinha simples, mas funcional, e cheia de truques bacanas faz toda a diferença. E chega a hora de brincar de casinha de verdade com a (o) sua (seu) significant one.

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Rico Ferrari | 9.03.2006, 20:14 | Comentários (4)

Inutilitários

Uma das coisas que sempre fez cozinhar divertido pra mim é a infinita possibilidade de BRINCAR na cozinha. Desde criança, aquela coisa de untar a fôrma de bolo, como todo bom neto guloso faz pra avó eventualmente.

Não é à toa que hoje eu tenho uma máquina de churros. Mas não dá pra se sentir completo sem, por exemplo, uma máquina de algodão-doce. Ou uma fonte de chocolate.

Sério. Fonte de chocolate. Você já sonhou com isso. Eu sei que eu já.

Mais belezuras aqui.

fred | 22.11.2005, 22:04 | Comentários (2)

Azeite mais caro

Pelo que relata o Pedro Doria, o preço do azeite extravirgem deve subir em torno de 30% em 2006, por conta da pior seca desde 1947 na Espanha. Convém fazer um estoque lá por fevereiro ou março, mas não muito grande, porque após seis meses o óleo de oliva estraga.

Marcelo Träsel | 25.09.2005, 15:14 | Comentários (2)